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Testamos: GWM Haval H6

Se a palavra do estagiário vale alguma coisa, acredite em mim quando digo que o futuro do carro eletrificado é chinês!
Por  Raphael Galante
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros leitores, digníssimas leitoras,

Na nossa seção do “Testamos”, vamos abordar hoje como foi a nossa experiência com o Haval H6 da GWM.

Já abordamos aqui diversos modelos de veículos. Mas estávamos curiosos para saber como seria andar num dos SUV mais queridinhos do momento.

E como foi a nossa experiência?

Bom… ela foi boa, mas tão boa, que gerou uma série de reflexões que vamos tratar aqui primeiro, para depois falar do carro.

Mea-culpa: da mesma forma que o “estagiário” é deveras ácido-capcioso-crítico com algumas marcas/setores/segmentos (nas quais o pessoal definitivamente já deve ter colocado o meu nome na boca do sapo), também somos justos. Afinal de contas: pau que bate em Chico também bate em Francisco!

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E este vil estagiário sempre tirava uma onda (ou tinha um pré-conceito) com os produtos “Made in China”, “lá do promo center, vendidos por quem fala ‘flango flito'”!

É, caros leitores, o mundo não gira, ele capota!

A grande conclusão que chegamos é que, se você durante a sua vida, cogitar ter um carro eletrificado, informo-lhe que, com grande assertividade, ele será chinês!

O ponto central de tudo na vida é que existem “n” mudanças ocorrendo no status quo de todos os processos e segmentos que, às vezes, não percebemos quando estão ocorrendo e só damos a devida importância quando definitivamente eles já são uma realidade difícil de reverter!

E o carro eletrificado chinês já é uma realidade! Não importa o tamanho do lobby ($$$) que o pessoal lá da avenida Indianópolis vai movimentar para dificultar a chegada do carro chinês por aqui. Num primeiro momento, eles podem até conseguir, mas não tem mais como parar a roda da história/inovação. Eles estão entrando numa batalha “a la Dom Quixote” contra os moinhos de ventos. E o resultado (com o passar do tempo) será como o do nosso fidalgo cavaleiro: a mais contundente e ridícula derrota.

Olhando hoje, o grande ponto de ruptura deu-se numa aposta ousada da China no final da década de 1990/início da década de 2000, quando a grande maioria da indústria automotiva acreditava que era praticamente impossível fazer boas baterias com custos tão baixos. E eles apostaram contra.

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A consequência é que, segundo estimativas da BloombergNEF, até 2025, a capacidade de produção de baterias da China será três vezes maior do que a do resto do mundo combinado.

Com tudo isso, o mundo mudou rapidamente e a indústria automotiva chinesa aproveitou o embalo, engatando a quinta marcha. Já as demais marcas, como VW, Fiat, GM, entre outras, perderam o bonde da história (momento) e serão engolidas pela fúria vermelha que vem do Oriente.

Quais foram as mudanças que ocorreram no setor que vêm gerando a “tempestade perfeita” para as marcas chinesas?

– aquele cliente “fiel” à marca (como nossos pais) já não existe mais! Antigamente, o pessoal que comprava um VW ou um Chevrolet trocava por outro carro da marca ao longo da sua vida toda. O que esqueceram de avisar é que estamos na época do Tinder. Ninguém é mais (tão fiel) como antigamente;

– a nova geração é mais software do que hardware. Ela é mais adepta a novas tecnologias disruptivas;

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– lógico que rola aquele “paitrocinio” que o governo chinês dá para as marcas desenvolverem novas tecnologias (mobilidade; motores elétricos e afins);

– a indústria automotiva chinesa virou parte central na política econômica do governo local.

O resultado na indústria chinesa é que, hoje, quase 26% dos carros vendidos na China são eletrificados. A China já é o segundo maior exportador de carros no mundo e tem tudo para fechar esse ano na primeira posição, ultrapassando o Japão. A BYD, por exemplo, já vendeu mais veículos que a VW no 1º trimestre de 2023.

Ok… e o que está acontecendo em terras tupiniquins?

Quando falávamos em carros eletrificados, sempre tínhamos a Toyota com os seus carros híbridos e depois (bem longe) apareciam outras marcas.

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No mês passado e no começo deste, a Toyota perdeu a posição número 1 para a chinesa BYD.

Isso mesmo, caro leitor: a BYD “tacou o louco” para cima dos japoneses da Toyota.

A GMW e a BYD (as marcas chinesas que chegaram aqui mais recentemente) já correspondem por mais de 40% de todos os carros eletrificados vendidos nos últimos dois meses. A tabela abaixo, com vendas de carros eletrificados no Brasil, mostra melhor esta dinâmica:

Fazendo uma curva de vendas das marcas CAOA-Chery, BYD, GWM e Volvo, neste ano, conseguimos mensurar melhor a ascensão das marcas mais recentes a trabalharem em terras tupiniquins:

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O grande ponto aqui sobre os carros chineses é que estamos falando apenas de duas marcas (BYD e GWM). Mas no mercado automotivo chinês (que é dez vezes maior que o brasileiro) existem mais de 90 marcas operando.

Por exemplo, na semana passada, rolou uma “vídeo conferência” dos executivos da Chery (China) com os principais grupos de concessionários brasileiros, na qual foram apresentadas duas novas marcas (OMODA e JAECOO) – elas têm a intenção de começar a vender carros aqui já em 2024 – além da Exceed, que também anda ciscando por aí.

E, gente, ano que vem já é daqui a 75 dias. E adivinha só? Todas essas marcas estão planejando trazer veículos eletrificados.

O grande ponto é que os carros que estão vindo da China para o mercado brasileiro são bem diferentes daqueles primeiros veículos que vieram há 10-15 anos atrás, tipo a Chana da Changan.

Os carros que estão chegando são de um outro patamar! Tipo padrão “Mundo de Caras”.

E, agora sim, voltamos ao conceito inicial do nosso texto, falando sobre o Haval H6, da GWM.

O Haval é um SUV parrudo! Apenas para comparação, saiba você, caro leitor, que ele é uns 20 cm mais comprido do que o seu Jeep Compass. Outro ponto que chamou a atenção foi a qualidade do acabamento interno.

Já era aquele acabamento em plástico duro, sem requinte! No caso do Haval, a qualidade dos materiais usados é de um nível superior! O painel do carro, por exemplo, possui revestimento emborrachado, mas com um toque agradável. Como ele é mais comprido que o Compass, a questão do espaço interno é sensacional! Ele “realmente” é um carro para uma família de cinco, com conforto!

Na parte tecnológica, a multimidia dele não é como o “tablet da Volvo”, mas é bem generosa com as suas 12,3 polegadas, já com o Apple CarPlay e Android Auto sem fio. Outro ponto que chamou a atenção foi a quantidade de portas USB. Em todo lugar que você olhava no carro, você achava uma porta USB, até para o pessoal do banco de trás, que também possui duas saídas dedicadas ao ar-condicionado.

Na parte da dirigibilidade, “G-zuis amado”! O carro apita mais que juiz de campeonato de várzea! Mas ali o problema era com o estagiário…

Todos os sistemas de auxílio à condução semiautônoma são gerenciados por cinco câmeras e 14 radares distribuídos ao redor do veículo e, logicamente, que se você é daquele que “come-faixa” ou decide brecar muito próximo do outro carro, o bichinho fica apitando. Na real, se o carro tivesse uma IA mais assertiva, ele não iria deixar o estagiário conduzir o veículo…

Outro ponto é a questão do preço. Os carros da GWM partem de R$ 214 mil – o que fica totalmente fora da nossa bolsa auxílio. Mas, dentro do mercado dos carros eletrificados, é um preço mega-acessível. Você paga um pouco mais do que um Compass, e tem um carro “n” vezes melhor/diferente. Ou paga bem menos do que se você fosse comprar um Volvo de qualidade similar.

Por fim, se a palavra do estagiário vale alguma coisa, acredite em mim quando digo que o futuro do carro eletrificado é chinês!

Xièxiè

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Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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