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O lucrativo setor de concessionárias

No mundo das concessionárias, a grande lição é que menos, na maioria das vezes, é muito mais
Por  Raphael Galante -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros leitores, digníssimas leitoras,

Eis que o grande tititi do momento para o setor automotivo foram as recentes aquisições que o pessoal da Automob (Simpar – SIMH3) fez. Eles já haviam comprado duas revendas Toyota na Grande São Paulo e, nesta semana, foram mais seis concessionárias, sendo metade da VW e a outra metade da GWM.

Segundo fato relevante divulgado pela empresa, chegarão a uma receita bruta de R$ 7,4 bilhões – o que foi um salto fenomenal, se considerarmos que, no início de tudo, o grupo tinha receita de R$ 1,3 bilhão. O resto veio de aquisições. Ou seja, o grupo vem crescendo numa taxa mais ou menos igual à dos “Gremlins”, um excelente trabalho desenvolvido pelo Fernando (presidente do grupo) com as suas bonitas camisas (novo demais para entender a referência, veja aqui)!

Hoje, com os seus R$ 7,4 bilhões de receita líquida, o grupo entrou definitivamente no top 5 de maiores grupos de concessionárias. E eu poderia apostar um picolé de limão que eles (provavelmente) deverão terminar esse ano no nosso top 3.

O grande ponto aqui é que infelizmente não temos abertura de informações sobre os maiores grupos, somente informações públicas.

Mas, dentro do universo dos grupos de concessionárias que disponibilizam informações, o que temos?

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Pois bem, considerando o resultado de 2022, a Automob da Simpar já estava no nosso Top 3 – mas os três principais grupos de concessionárias não divulgam as informações.

Os dados do gráfico acima estão em milhões de reais.

O que a gente percebe no setor automotivo é que grupos gigantescos, como a Automob, não passam de meia dúzia… é lógico que empresas com faturamento de R$ 2 ou 3 bilhões não são de se jogar fora!

Mas, o que a gente sempre fala, é que estar no top 3 ou top 5 de maiores grupos é mais vaidade. O que vale é dinheiro no bolso, que é a realidade.

Quando apuramos a margem Ebitda desses grupos percebemos que aqueles com receita líquida de até R$ 3 bilhões possuem uma lucratividade absurda! Praticamente de três a quatro vezes mais que o resultado obtido pela Automob.

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O ponto central aqui é que, se pegarmos todos os grupos que estão acima da média (em vermelho), eles são os de veículos pesados. Em geral de caminhões de alto valor, máquinas agrícolas e linha amarela.

Lógico que grupos como Bamaq e Rodobens possuem revendas de veículos leves (Porsche, Toyota e afins). Mas o grosso do negócio são as revendas de veículos pesados.

A margem Ebitda é um grande referencial para o mercado financeiro. Mas a gente gosta mesmo é de Lucro Líquido! É aquele dinheiro que entra no bolso no final do ano e dá para comprar o peru de Natal com tranquilidade.

O lucro líquido do setor para o ano de 2022 foi de 5,87%. Uma Automob fechou o ano com 1,45%. Já o pessoal da Maqnelson teve um lucro líquido de 15,89%.

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Qual é a grande conclusão? A Automob teve uma receita 350% maior que a da Maqnelson, mas o pessoal da Maqnelson teve uma lucratividade 320% maior do que a Automob.

Lógico que essa é a radiografia do momento. O futuro da Automob é bem promissor. Ele está se consolidando como um dos maiores grupos, com uma grande tendência de virar “o” maior grupo de concessionárias. E, afinal de contas, um futuro IPO do grupo está logo aí…

O pessoal que está no topo da rentabilidade teve os chamados “pontos fora da curva” nos anos de 2021 e 2022. O segmento de veículos comerciais, principalmente quando falamos da frota de caminhões, vivia um grande descompasso entre oferta e demanda, reflexo do período pandêmico, que trouxe uma queda dos volumes vendidos, mas uma forte escalada dos preços e margens dos veículos, que passaram a ser vendidos praticamente a preços de tabela.

A consequência foi um aumento substancial das margens Ebitda e líquida de todos os grupos concessionários.

Aí, para esclarecer melhor todos os “paranauês” que os concessionários passaram, falamos com Libano Barroso, CEO da Rodobens. Segundo ele:

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“Nesse cenário, a Rodobens também teve impactos positivos em seus resultados. Porém, se protegeu de uma eventual volta à normalidade pré-pandemia investindo em outros fundamentos, como fortalecimento da governança e dos processos de gestão de margens, desenvolvimento acelerado da área de venda de peças e serviços com uso de modelos dinâmicos para otimizar a ocupação e as margens das oficinas e o desenvolvimento do canal digital para venda de peças e pneus, por meio do lançamento de um marketplace digital. Neste ano, essas ações de fortalecimento de outros fundamentos se mostraram essenciais para a manutenção de um patamar ainda forte de geração de negócios, em um cenário de nova expectativa de redução de vendas, com a escalada de preços da nova geração de veículos (motorização Euro 6), as altas taxas de juros e restrição ao crédito.”

Além disso, o legal do grupo é que ele possui produtos para toda a vida útil do seu cliente. Desde o financiamento do produto, pelo consórcio, e toda uma solução para o pós-venda, seja através de parceria com a Michelin para a venda de pneus ou de óleos Mobil.

Finalizando, a análise aqui é de grandes e gigantescos grupos que são, nada mais nada menos, que um copo de água na piscina de plástico. A realidade da maioria das concessionárias não é essa. Existe uma infinidade de pequenas e médias empresas que não possuem toda essa sinergia que o Libano apontou. E elas sofrem “pacas” para rentabilizar seu negócio…

Enfim, a grande lição que deixamos aqui dos grupos analisados é que menos, na grande maioria, é muito mais!

E aí, o que achou? Dúvidas, me manda um e-mail aqui.

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Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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