FIIs TORD11 e VSLH11 afundam mais de 20% em janeiro e lideram maiores perdas do mês; o que explica?

Só nesta terça-feira (31), o fundo Versalhes RI (VSLH11) registrou forte queda de 12%, o TORD11 caiu mais de 4%

Wellington Carvalho

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Em um mês marcado pela crise contábil da Americanas (AMER3), fundos imobiliários que mantêm ligação com a companhia registraram perdas em janeiro. Mas nada se compara ao comportamento do Tordesilhas EI (TORD11) e do Versalhes RI (VSLH11), que, mesmo sem apresentar qualquer relação com a varejista, despencaram mais de 20% no período.

De perfil híbrido, investindo em mais de um tipo de ativo, o TORD11 enfrenta atualmente um cenário desafiador, como classifica o próprio relatório gerencial divulgado pela carteira em janeiro.

Atualmente, 41,8% do portfólio do Tordesilhas EI está concentrado em equities – participação do fundo no desenvolvimento de empreendimentos imobiliários para a futura venda de unidades ou cotas.

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No entanto, a redução do volume de vendas e o aumento na quantidade de distratos – devolução dos imóveis – têm prejudicado de forma significativa as operações do fundo, aponta o documento.

Para se ter uma ideia, o Tordesilhas EI pagou aos investidores, em janeiro, R$ 0,04 por cota – metade do dividendo repassado no mês anterior. A decisão reflete a preocupação com a possível falta de recursos em caixa do fundo.

“Tal decisão reflete a necessidade pontual de manutenção da reserva de lucro caixa acumulada, para mitigar o risco de sua não reposição via resultado caixa positivo futuro”, confirma relatório gerencial da carteira.

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A situação do TORD11 refletiu no desempenho das cotas do fundo, que amargam queda de mais de 24% no acumulado do mês, a maior entre os FIIs que compõem o Ifix – índice dos fundos imobiliários mais negociados na B3.

Confira as maiores baixas dos fundos imobiliários em janeiro de 2023:

Ticker Fundo Segmento Variação em janeiro (%)
TORD11 Tordesilhas EI Desenvolvimento -24,63
VSLH11 Versalhes Recebíveis Imobiliários Títulos e Val. Mob. -22,06
RBRL11 RBR Log Logística -13,13
JSRE11 JS Real Estate Híbrido -11,25
VIUR11 Vinci Imóveis Urbanos Renda Urbana -10,42

Fonte: Economatica (31/01/23) – A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos.

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Gerido e administrado pelas mesmas empresas que o TORD11 – R Capital Asset e Vórtx DTVM, respectivamente –, o Versalhes RI (VSLH11) também reduziu dividendos em janeiro para diminuir os riscos de falta de recursos em caixa. Nesta terça-feira (31), o fundo fechou com forte queda de 12%.

Do tipo “papel” – que investe em títulos de renda fixa ligados ao mercado imobiliário –, o fundo tem hoje 83,7% do portfólio composto por CRIs (certificados de recebíveis imobiliários).

Embora reporte que todas as operações do fundo terminaram o mês passado adimplentes, a equipe de gestão sinaliza preocupação com pelo menos dez dos 34 CRIs.

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Os títulos – que recebem um alerta vermelho no relatório gerencial – apresentam problemas do ponto de vista de performance e risco e estão sob um plano de ação para evitar possíveis prejuízos, explica o documento.

Tanto o TORD11 como o VSLH11 atuam principalmente no segmento de multipropriedades – hotelaria, residência, comércio e lazer. Trata-se de setor mais sensível ao aumento da inadimplência ou cancelamento de negócios, como destacou o relatório gerencial do Tordesilhas EI em agosto do ano passado.

Na oportunidade, o FII chegou a cancelar a distribuição de dividendos por receio de inadimplência nos equities e nos CRIs, que hoje representam 17% do portfólio do FII.

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Ifix e o efeito Americanas

O Ifix completou o terceiro mês sem ganhos. Após queda de 4,15% em novembro e estabilidade em dezembro de 2022, o indicador fecha o primeiro mês de 2023 com perdas de 1,6%.

Além da performance do TORD11 e do VSLH11, o índice também sentiu o impacto da crise na Americanas. Pelo menos oito fundos imobiliários – entre os que divulgam os nomes dos inquilinos – mantêm alguma relação com a varejista. O número não considera os FIIs de shopping que, eventualmente, abrigam lojas da empresa.

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Do grupo, os que mais caíram em janeiro foram o RBRL Log (RBRL11), com perdas de 13%, e o Max Retail (MAXR11), que não faz parte do Ifix, com queda de 16,5%.

O RBR Log tinha a Americanas como locatária, mas a empresa comunicou ao fundo, no final do ano passado, a intenção de devolver o imóvel locado em Hortolândia, no interior de São Paulo.

Já o Max Retail tem quatro dos nove imóveis do portfólio alugados para a varejista. Nesta semana, o fundo sinalizou que não recebeu da empresa o aluguel referente a dezembro – com pagamento previsto para este mês. O valor foi incluído na lista de dívidas da companhia, divulgada na semana passada.

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Em janeiro, dos 111 fundos imobiliários que compõem o Ifix, 34 fecharam no campo positivo.

Maiores altas de janeiro

Com ganhos acima de 5%, o Banestes (BCRI11) encabeça a lista de maiores altas do mês. Na sequência, aparecem o Riza Akin (RZAK11)e o Barigui (BARI11).

Confira as maiores altas dos fundos imobiliários em janeiro de 2023:

Ticker  Fundo  Setor  Variação em janeiro (%)
BCRI11 Banestes Títulos e Val. Mob. 5,28
RZAK11 Riza Akin Títulos e Val. Mob. 5,26
BARI11 Barigui Títulos e Val. Mob. 5,18
MFII11 Mérito Desenvolvimento Desenvolvimento 5,01
TEPP11 Tellus Properties Lajes Corporativas 3,74

Fonte: Economatica (31/01/23) – A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos.

FIIs que mais pagaram dividendos em janeiro

O fundo imobiliário do segmento de escritório Autonomy Edifícios Corporativos (AIEC11) fechará janeiro com o maior dividend yield entre os principais FIIs da Bolsa. O percentual ficou em 1,94%.

Os dados são da Economatica, plataforma de informações financeiras, e tomam como base os 111 fundos imobiliários que compõem o Ifix – índice que reúne os FIIs mais líquidos da B3.

Entre os fundos monitorados, 48 tiveram este mês dividend yield acima de 1%. O número é superior aos 38 registrados em dezembro.

No início do mês, o Autonomy Edifícios Corporativos (AIEC11) distribuiu R$ 1,32 por cota, equivalente a um retorno mensal de 1,94%. O percentual é o maior para o mês, de acordo com os dados da Economatica.

Confira a lista dos dez maiores pagadores de janeiro:

Ticker Fundo Setor Retorno com dividendos – janeiro (%)*
AIEC11 Autonomy Edifícios Lajes Corporativas 1,94
HGRU11 CSHG Renda Urbana Renda Urbana 1,66
RZAK11 Riza Akin Títulos e Val. Mob. 1,45
CACR11 Cartesia Recebíveis Imobiliários Títulos e Val. Mob. 1,44
ARRI11 Átrio Reit Recebíveis Títulos e Val. Mob. 1,42
HGLG11 CSHG Logística Logística 1,36
HABT11 Habtat II Títulos e Val. Mob. 1,32
MCCI11 Mauá Capital Títulos e Val. Mob. 1,31
OUJP11 Ourinvest JPP Títulos e Val. Mob. 1,28
CVBI11 VBI CRI Títulos e Val. Mob. 1,27

Fonte: Economatica

O Riza Akin (RZAK11), que o foi o destaque da lista dos maiores pagadores de dezembro, depositou este mês R$ 1,40 por cota, equivalente a um retorno mensal com dividendos de 1,45% – contra 1,54% do mês anterior. O fundo se mantém no topo da lista dos maiores pagadores dos últimos 12 meses, com retorno acima de 19%.

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Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.