6 ações vencedoras com a queda da Selic e pouco expostas à reforma tributária, segundo o Morgan Stanley

Grandes temas macroeconômicos devem impactar resultados das empresas, o que deve ser observado de perto pelos investidores

Lara Rizério

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A nova proposta de arcabouço fiscal apresentada pelo Executivo e recentemente aprovada na Câmara dos Deputados abre as portas para um potencial ciclo de flexibilização monetária no segundo semestre de 2023 (2S23), apontam os estrategistas do Morgan Stanley, destacando a tese muito apontada nas últimas semanas por diversos agentes de mercado.

Guilherme Paiva, Juan Ayala e Julia Nogueira, que assinam o relatório, apontam que, com a aprovação do arcabouço já encaminhada, o foco agora deve mudar para uma reforma tributária muito necessária, que deve contribuir para a arrecadação, aumentando os impostos sobre as empresas por meio de medidas como a) a potencial eliminação do benefício fiscal dos Juros sobre o Capital Próprio (JCP) e b) a introdução de um imposto de 20% sobre dividendos.

Neste cenário de queda de juros podendo beneficiar diversas empresas, mas a reforma tributária gerando um impacto negativo em potencial para os resultados de várias delas, os estrategistas fizeram uma visão cruzada de ações que podem ser beneficiadas em um início de ciclo de queda de juros (com a Selic atualmente a 13,75%), ao mesmo tempo que não sofreriam tanto com a reforma tributária.

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Os estrategistas citam seis ativos: MRV (MRVE3), Magazine Luiza (MGLU3), Eletrobras (ELET6), Energisa (ENGI11), Equatorial (EQTL3) e Raia Drogasil (RADL3).

Eles avaliam que essas são ações que: 1) devem se beneficiar de uma possível queda na taxa básica de juros Selic; 2) devem ser menos impactadas por uma possível reforma tributária no país; 3) têm volume médio diário negociado superior a US$ 20 milhões nos últimos 3 meses e 4) são classificados como overweight (exposição0 acima da média do mercado, ou equivalente à compra) ou equalweight (exposição em linha com a média do mercado, ou equivalente à neutra) pelos analistas fundamentalistas do Morgan Stanley.

Enquanto isso, destacam Cemig (CMIG4), Ambev (ABEV3) e TIM (TIMS3) como ações do lado oposto do seu ranking. Ou seja: 1) devem se beneficiar menos de uma possível queda na taxa básica de juros; 2) devem ser mais impactadas por uma potencial reforma tributária no país; 3) têm volume médio diário negociado superior a US$ 20 milhões nos últimos 3 meses e 4) são classificados como underweight ou marketweight (exposição em linha com a média do mercado) pelos analistas do banco. Um ponto em comum, vale destacar, é o volume negociado.

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Os estrategistas ainda destacaram que as ações mais bem classificadas em sua análise superaram o grupo menos beneficiado em cerca de 13% desde o início de abril, ou logo após a apresentação da proposta de arcabouço fiscal do país pelo Executivo.

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O grupo de ações mais sensível às taxas de juros de curto prazo do banco se recuperou fortemente das mínimas recentes nos últimos 3 meses, à medida que o mercado começou a precificar de forma mais agressiva o início de um novo ciclo de flexibilização monetária, apoiado por expectativas de inflação mais baixas, avaliam.

Os estrategistas apontam ainda que, em recente conversa com clientes sobre ações brasileiras,  os dois principais temas foram: a) o impacto de um possível ciclo de afrouxamento monetário no segundo semestre sobre as ações; e b) os efeitos sobre as empresas de uma possível reforma tributária, incluindo a eliminação do JCP e um imposto sobre dividendos, o que denota o interesse sobre o assunto.

Entre os seguintes pontos de atenção para o mercado brasileiro, o Morgan aponta que o Grupo de Trabalho da Reforma Tributária deve apresentar suas conclusões na próxima semana, o Senado discute e vota o projeto de lei do arcabouço fiscal (entre as semanas de 12 e/ou 19 de junho) e haverá reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional) sobre metas de inflação em 29 de junho.

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Os estrategistas mantêm uma posição neutra em relação ao Brasil em seu portfólio para a América Latina, pois acreditam que pressões fiscais incrementais decorrentes de gastos adicionais do atual governo devem aumentar a probabilidade de uma carga tributária mais alta sobre as empresas e/ou crescimento econômico mais lento.

“Portanto, o posicionamento deve ser em ações que serão menos impactadas negativamente por uma possível reforma tributária, ao mesmo tempo que deveriam se beneficiar das taxas mais baixas do país, parece o certo a se fazer”, avaliam os estrategistas.

Recentemente, em seu portfólio para a América Latina, o banco destacou ter aumentado a sua exposição em ações que podem se beneficiar dessa dinâmica. Eles citam Assaí (ASAI3), Equatorial  (EQTL3) e Iguatemi (IGTI11).

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.