18 ações atingem suas máximas históricas em junho: setor elétrico é destaque

Melhora do cenário macro, busca por ativos descontados e leilão de transmissão são alguns dos pontos apontados como explicações para altas

Vitor Azevedo

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Após um período de pouco entusiasmo, a Bolsa de valores brasileira disparou em junho (com o Ibovespa subindo 9,6% no mês, apesar das duas últimas sessões de queda do índice) e alguns papéis agora operam já acima – ou ao menos próximos – das suas máximas históricas. Destaque, principalmente, para o setor de energia elétrica.

De acordo com um levantamento feito pela TradeMap a pedido do InfoMoney e levando em conta ações do Ibovespa, SMAL11, Índice Brasil 100 e Índice de Dividendos, 18 companhias chegaram ao seu valor máximo no sexto mês do ano, isso considerando uma série ajustadas por proventos.

Entre as companhias de energia elétrica, grande parte da lista, Equatorial (EQTL3), Cemig (CMIG4), Alupar (ALUP11), Energias do Brasil (ENBR3) e Engie (EGIE3) alcançaram suas máximas. Para analistas, contudo, as movimentações dessas empresas estão mais ligadas a particularidades do setor do que, necessariamente, ao cenário macroeconômico.

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Confira a lista completa:

Ações que fazem parte da carteira do IDIV, IBOV, SMLL ou IBRX que atingiram máximos históricos até 20 de junho de 2023
Empresa Classe Código Segmento Máximo histórico R$/ação Data Máximo Histórico Participação no índice %
IBOV IDIV SMALL Caps IBRX 100
Copasa ON CSMG3 Água e saneamento 20,71 20/06/23 1,31 1,20
Cury  ON CURY3 Incorporações 15,22 20/06/23 0,62 0,56
Energias BR ON ENBR3 Energia elétrica 23,50 20/06/23 0,28 1,95 1,77 0,26
Engie Brasil ON EGIE3 Energia elétrica 45,27 20/06/23 0,55 3,21 0,52
Irani ON RANI3 Embalagens 9,33 20/06/23 0,32 0,29
Metal Leve ON LEVE3 Automóveis e motocicletas 45,73 20/06/23 0,54
Petrobras ON PETR3 Exploração refino e distribuição 34,31 20/06/23 4,92 5,14 5,76
Petrobras PN PETR4 Exploração refino e distribuição 30,57 20/06/23 6,70 5,32 6,33
Alliar ON AALR3 Serviços médico-hospitalares análises e diagnósticos 23,45 19/06/23 0,30
Banco do Brasil ON BBAS3 Bancos 50,41 19/06/23 3,44 4,74 3,25
BR Properties ON BRPR3 Exploração de imóveis 74,35 15/06/23 0,03
Equatorial ON EQTL3 Energia elétrica 31,15 15/06/23 1,65 1,56
Cemig PN CMIG4 Energia elétrica 12,78 12/06/23 0,88 4,94 0,83
Direcional ON DIRR3 Incorporações 19,70 12/06/23 0,52 0,48 0,07
Raia Drogasil ON RADL3 Medicamentos e outros produtos 28,87 12/06/23 1,60 1,62
Alupar UNT N2 ALUP11 Energia elétrica 29,96 09/06/23 1,44 1,32
Iguatemi  UNT IGTI11 Exploração de imóveis 22,58 07/06/23 0,23 1,49 0,22
Santos Brasil  ON STBP3 Serviços de apoio e armazenagem 10,27 01/06/23 2,65 0,39
Fonte TradeMap

“Temos uma queda de inflação corrente, um fiscal que vem sendo menos negativo do que o esperado. Tudo isso vem ajudando de certa forma esse movimento mais positivo para a Bolsa nesses últimos tempos”, fala Guilherme Tiglia, sócio e analista de ações da Nord. “Quando a gente olha para o setor elétrico em específico, no geral, ele depende menos do cenário local. É muito diferente de um setor como o varejo, que se beneficia bastante das quedas de juros. Mas isso não quer dizer que ele também não vai se beneficiar desse movimento”.

Entre os pontos do cenário macro que ajudam o setor de energia elétrica apontados pelos analistas está, por exemplo, a possibilidade de queda da inadimplência, que melhora o balanço das empresas que atuam na frente de distribuição. É o caso da Cemig, Equatorial e EDP . O Desenrola, programa de renegociação de dívidas anunciado pelo governo, também atua diretamente nessa parte.

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Outros nomes que compõem a lista e fora do setor elétrico, como Cury (CURY3) e Direcional (DIRR3), também surfam no cenário macroeconômico. Após trazerem resultados positivos no primeiro trimestre, essas construtoras devem se beneficiar da queda dos juros que está no horizonte para impulsionar suas vendas.

“Falando isoladamente, algumas dessas empresas têm expectativas com relação a um evento que está para acontecer e que é bastante relevante para o setor. O leilão de transmissão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)”, comenta Tigila.

Leilão do setor elétrico

No dia 30 de junho, a agência reguladora fará seu primeiro leilão do ano, com investimentos previstos de R$ 15,7 bilhões. “Estamos falando de um leilão de grande porte, um dos maiores vistos recentemente. É é um evento bastante importante para o setor e pode estar gerando algum tipo de perspectiva”, fala o especialista da Nord.

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Fora isso, ele defende também que os nomes que ficaram entre as maiores altas são de bastante qualidade – ou tiveram gatilhos específicos.

A EDP, por exemplo, está passando por uma oferta pública de aquisição (OPA) das suas ações, sendo que os papéis deixam de ser negociados na Bolsa no dia 11 de julho. O prêmio da operação na época do anúncio era de aproximadamente 22,2% e os papéis avançaram bem por isso.

“Tivemos alguns eventos que influenciam os papéis e o setor e temos alguns nomes de bastante qualidade também”, explica. “A Equatorial, por exemplo, se alavancou bastante para crescer e agora se beneficia da queda de juros”.

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Bernardo Viero, analista da Suno Research, destaca que gestores ainda buscam ativos descontados e “mais seguros”.

“Passamos por um momento em que o ‘mundo real’, representado por players que estão mais interessadas no potencial de geração de caixa dos ativos do que na cotação das ações, acabou evidenciado. A cotação das elétricas não estava a par com o valor dos ativos que elas operam. Na nossa visão, isso gera um efeito em cadeia que atinge, inclusive, a precificação das empresas que sequer foram alvo de transações”, explica.

Por último, parte do mercado aponta também que as companhias do setor elétrico sofreram um pouco pelo temor de intervenção política, uma vez que o governo que assumiu o executivo federal, no passado, já controlou as taxas cobradas de forma relevante. A nova administração, no entanto, vem se mostrando menos intrusivo do que o imaginado anteriormente.

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Estatais federais em destaque

A Petrobras (PETR3;PETR4), que também consta na lista, vai no mesmo sentido. Apesar da mudança da política de preços de combustíveis, com a saída da política do preço de paridade internacional (PPI), o mercado vem interpretando que o governo está mantendo as margens em um patamar saudável.

Nas últimas semanas, os papéis da estatal foram alvos de diversas elevações de recomendação por parte de grandes bancos, que veem os três principais pilares da companhia no lugar: política de dividendos, política de preço de combustíveis e investimentos.

Outra estatal que tem se destacado é o Banco do Brasil (BBAS3). O Itaú BBA recentemente elevou estimativas para o BB e o preço-alvo da ação para R$ 56, com recomendação de compra. Nos cálculos dos analistas, o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) da instituição financeira deve se manter em torno de 20% este ano e no próximo.

“Consideramos que os receios sobre o efeito de uma taxa Selic mais baixa em sua receita líquida de juros [NII, na sigla em inglês] e, consequentemente, nos lucros de 2024, são exagerados”, escreveram os analistas. Para o BBA, o Banco do Brasil pode mais do que compensar o impacto negativo da Selic mais baixa nos resultados de tesouraria ao transferir parte de seus R$ 430 bilhões em títulos públicos e outros instrumentos para ativos de crédito.

Recentemente, o Bank of America também destacou visão positiva para o papel BBAS3, destacando sólidos lucros, níveis de valuation deprimidos e processo de transição mais suave do que o esperado do novo governo.

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