Bradesco Vida e Previdência quer construir a companhia dos anos 2050

Estratégia tem a tecnologia como aliada para reduzir custos e melhorar experiência digital para corretores e clientes
Por  Denise Bueno -
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Construir a seguradora dos anos 2050. Foi isso que Jorge Nasser pediu a sua equipe quando assumiu o comando do braço de vida e previdência do grupo Bradesco Seguros, em 2016. Sendo a longevidade a premissa da companhia, a missão foi facilmente entendida pelos executivos.

“Saímos da estratégia com foco em produtos para o ‘clientecentrismo’, com o segurado no centro de tudo”, diz o diretor da área de Vida da companhia, Bernardo Castello, acompanhado dos superintendentes Executivos Alessandro Malavazi (produto Vida), Alexandre Zanelato (inovação, processos e qualidade Vida e Previdência) e Ricardo Campos (comercial Vida e Previdência).

Em conversa com a coluna, os executivos trouxeram insights sobre as tendências do segmento de Vida e casos concretos do uso de inovação das respectivas operações. Eles abordaram o uso crescente de ferramentas de IA não só para entender melhor o comportamento e as preferências dos consumidores, como para ganhar eficiência e reduzir perdas. Falaram também de novos modelos de negócios e como atrair novos consumidores para um setor que ainda tem baixo consumo per capita de seguros.

A pandemia de Covid-19 foi um divisor de águas para todo o ecossistema do setor de seguros. Trouxe ganhos como agilidade nos processos operacionais, redução de custos e aumento da capilaridade e ainda despertou as empresas e as pessoas para a importância das proteções financeiras para vidas, bens e família.

De um lado, boa parte dos consumidores afirma que o seguro é caro. Mas Castello afirma que a contratação de um seguro de vida pode ser mais barata do que uma assinatura de streaming, por exemplo. De outro lado, as seguradoras ressaltam que boa parte da população ainda não tem a cultura do seguro. Segundo pesquisa encomendada pela FenaPrevi ao DataFolha, apenas 18% dos brasileiros possuem seguro de vida atualmente. O propósito do setor no Brasil tem sido mudar isso.

Mesmo antes da pandemia, o setor de seguros já vinha aportando recursos para atender aos novos hábitos dos consumidores e as tendências mundiais. Novas tecnologias, como dispositivos vestíveis, telemática e análise de dados, estão transformando a forma como todos avaliam os riscos. Os wearables fornecem dados de saúde contínuos que permitem às seguradoras tomar decisões mais assertivas sobre o financiamento da saúde. Além disso, a tecnologia desempenha um papel crucial na minimização de riscos em indústrias de todos os segmentos da economia, das intempéries do clima para o agronegócio até a responsabilidade de todos com as ações da sigla ESG (ambiente, social e governança).

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Ao integrar tecnologias de sensores e aplicações inteligentes, os riscos potenciais podem ser significativamente reduzidos e, consequentemente, o preço do seguro se torna acessível. Com uma massa seguradora maior, este ciclo traz ganhos a todos. “Muito já foi feito, mas as novas tecnologias nos desafiam diariamente e sabermos o quanto precisamos avançar, pois há um solo fértil para a inovação em pequenos detalhes e em grandes processos”, afirma Castello.

Os executivos contam que o grupo Segurador vem passando por uma profunda transformação nos últimos dez anos, mudança que foi ainda mais acelerada de 2021 para cá. Para construir a seguradora dos próximos 30 anos, tecnologia é fundamental. Somente em 2022 foram disponibilizados R$ 1 bilhão e o grupo tem mantido a cifra neste ano.

Uma delas, talvez a mais importante e mais custosa, é o movimento de sistemas para a nuvem, o que coloca a seguradora “onboard” com o banco. A reestruturação das empresas também contou pontos. O grupo separou as empresas em previdência, vida e saúde, em ramos elementares e auto, e em saúde. Todas têm uma gestão independente das empresas do conglomerado, mas contam com estratégia e alinhamento unificados.

Isso mudou praticamente todo o processo operacional, com áreas antes dedicadas apenas a uma companhia do grupo passando a atender a todas, como tecnologia, compliance, comunicação. “Mudou o mindset. Todos passaram a pensar ainda mais em como agregar valor ao corretor, ao cliente e aos acionistas, o que inclui uma cadeia produtiva que une diversas áreas em comum, nos tornando um ecossistema voltado a soluções para os consumidores”, diz Castello.

Além de toda a inovação dentro de casa, o grupo aposta nas empresas de tecnologia que surgem em todo o mundo para melhorar os mais diversos processos, desde redução de custos internos como para viabilizar o pagamento da indenização em apenas alguns segundos para o cliente. “Temos muitas startups com boas ideias para alavancar a inovação, ao mesmo tempo que outras mudanças são orquestradas dentro do grupo, que é um dos maiores da América Latina”, afirma Zanelato.

Outra aposta para chegar jovem em 2050 é avançar para “mar aberto”, o que traz uma nova frente de possibilidades de expansão ao atuar de forma mais abrangente com os corretores de seguros numa operação de vida e previdência, até então concentrada em bancassurance (venda no canal bancário) no Brasil.

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A Bradesco Vida e Previdência tem intensificado os “roadshows” e contatos com corretoras para ampliar a base de distribuição e o “cross-sell”, ouvindo o que os clientes querem e produzindo dentro de casa produtos que se encaixam na realidade dos consumidores, tanto em termos de necessidade como também de valores que caibam dentro dos orçamentos financeiros.

Em produtos de vida, a seguradora traz na prateleira produtos personalizáveis para atender os mais variados perfis de clientes, com 20 modelos de coberturas e 19 de assistências, conta Alessandro Malavazi. “Saímos de uma oferta compulsória e conquistamos um avanço da customização. Temos produtos por menos de R$ 10 mensais, com cobertura mínima de funeral a doença grave como ponto de partida para todos”, diz.

Potencial de mercado é o que não falta. A penetração de seguro de vida no Brasil ainda está longe da média de países desenvolvidos, com participação inferior a 1% do PIB brasileiro. As razões passam pela condição econômica da população até questões sociais, como a baixa preocupação com o futuro da família ou ausência de planejamento financeiro.

“Temos diversos estudos que nos mostram o quanto podemos crescer para proteger os brasileiros. E nós temos muito espaço para conquistar novos segurados dentro e fora do banco, usando nossos corretores para conscientizar clientes pessoas física e jurídica, como também atrair clientes dos nossos corretores de mercado de qualquer parte do Brasil que buscam a solidez de uma instituição financeira como o Bradesco, para ter produtos financeiros de longo prazo”, cita Ricardo Campos.

A diversificação e flexibilidade dos produtos tem ajudado nas vendas. “O corretor pode moldar o produto para atender as necessidades de seus clientes nos diversos momentos da vida. O seguro de vida tem coberturas para riscos gerais, como morte, invalidez. A partir disto, ele agrega o que for mais importante para o perfil do consumidor, como doenças graves, funeral, diárias hospitalares. Há uma série de serviços que podem ser escolhidos, principalmente num momento em que cuidar da saúde é o desejo de grande parte da população”, afirma Zanelato.

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O grupo Bradesco acompanha as tendências de seguros no mundo, onde as seguradoras tradicionais vêm reconhecendo o valor da parceria com startups para criar relacionamentos mutuamente benéficos. Ao combinar a vasta experiência e base de clientes, todos se beneficiam das soluções tecnológicas de ponta e das abordagens inovadoras criadas conjuntamente.

De acordo com estudos, à medida que o cenário digital evolui, a indústria de seguros enfrentará, sem dúvida, novos desafios e oportunidades. Por isso, recomendam os especialistas em tendências, é crucial que as partes interessadas adotem uma mentalidade dinâmica e se adaptem de forma consistente ao cenário em rápida mudança da transformação digital.

Castello repete o mantra do CEO do grupo Bradesco, Ivan Gontijo: “Somos uma companhia de pessoas que pensam ininterruptamente no atendimento exemplar a pessoas, clientes e corretores, utilizando o melhor da tecnologia para atingir esse objetivo”.

Denise Bueno Jornalista especializada em seguros, resseguros, previdência e capitalização, é fundadora do blog Sonho Seguro

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