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O futuro do bolsonarismo após o resultado das urnas

Independente do que Bolsonaro venha a fazer após deixar o Palácio do Planalto, em 2023, o bolsonarismo continuará sendo uma força social relevante
Por  Carlos Eduardo Borenstein
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Apesar da derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) para o agora presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o bolsonarismo sai das urnas com um importante capital político. Do primeiro para o segundo turno, Bolsonaro teve 7.134.009 votos a mais. Lula, mesmo tendo vencido a eleição, sendo o presidente eleito mais votado da história do país, agregou menos novos eleitores comparado ao primeiro turno: 3.086.495 votos.

Além de Jair Bolsonaro ter conquistado mais de 58 milhões de votos no segundo turno, mais de 49% do país, 10 governadores alinhados ao bolsonarismo foram vitoriosos. São eles: Gladson Camelli (PP-AL); Ibaneis Rocha (MDB-DF); Ronaldo Caiado (União Brasil-GO); Mauro Mendes (União Brasil-MT); Ratinho Júnior (PSD-PR); Cláudio Castro (PL-RJ); Antonio Denarium (PP-RR); Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP); Jorginho Mello (PL-SC); e Wanderley Barbosa (Republicanos-TO). Romeu Zema (Novo-MG) também pode ser incluído nessa lista, principalmente por seu engajamento no segundo turno em favor de Bolsonaro.

Além disso, no Congresso Nacional, o PL, elegeu a maior bancada da Câmara dos Deputados, com 99 deputados, e maior número de senadores (8) nessas eleições.

Entre os senadores eleitos, merecem destaque os bolsonaristas Damares Alves (Republicanos-DF); Magno Malta (PL-ES); Wilder Morais (PL-GO); Wellington Fagundes (PL-MT); Tereza Cristina (PP-MS); Cleitinho Azevedo (PSC-MG); Romário (PL-RJ); Rogério Marinho (PL-RN); Hamilton Mourão (Republicanos-RS); Jaime Bagattoli (PL-RO); Dr. Hiran (PP-RR); Jorge Seif (PL-SC); Marcos Pontes (PL-SP); e Laércio Oliveira (PP-SE).

Outro aspecto a ser observado é que entre os 10 deputados federais mais votados do país, seis são alinhados a Jair Bolsonaro: Nikolas Ferreira (PL-MG); Carla Zambelli (PL-SP); Eduardo Bolsonaro (PL-SP); Ricardo Salles (PL-SP); Delegado Bruno Salles (PL-SP); e Celso Russomanno (Republicanos-SP). Esses nomes somaram 4.587.647 votos.

A força do bolsonarismo é constatada no último Datafolha. O instituto aponta que a identificação partidária no PL é de 20%, ficando atrás apenas do PT (35%). A elevada menção ao PL tem relação direta com a migração dos bolsonaristas para a legenda.

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O resultado que o bolsonarismo teve nas eleições indica que esse movimento é maior que Jair Bolsonaro. Assim, independente do que Bolsonaro venha a fazer após deixar o Palácio do Planalto, em 2023, o bolsonarismo continuará sendo uma força social relevante.

A adesão de parte dos militares, do agronegócio, das igrejas evangélicas pentecostais, dos simpatizantes da Escola de Chicago etc. indica que o bolsonarismo é um movimento de direita socialmente enraizado com grande capacidade de mobilização. Mais do que isso: é uma força política que rivaliza com o lulismo, conforme mostrou a eleição presidencial deste ano.

O bolsonarismo possui grande capacidade de mobilização digital, conseguindo engajar com facilidade e mobilizar seus seguidores. Assim, o enraizamento social do bolsonarismo será um desafio para Lula, que, diferentemente das oportunidades anteriores em que governou o país, precisará lidar com uma força social antagônica e capacidade de mobilização digital e popular.

Assim, mesmo com a derrota de Jair Bolsonaro, o país continuará tendo uma direita socialmente organizada. Vale registrar que bolsonarismo controlará o maior estado do país – São Paulo (SP) – através de Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O enraizamento do bolsonarismo na sociedade brasileira sugere que o antipetismo, que é o grande pólo unificador dos diferentes setores que simpatizam com o bolsonarismo, seguirá como uma força relevante, o que forçará Lula a caminhar para o centro.

Justamente por isso, o presidente eleito tem dito que “não fará um governo petista”, indicando que buscará o centro dentro do objetivo de realizar um governo nos moldes de uma frente ampla, procurando quebrar as resistências que serão impostas pelo bolsonarismo.

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Carlos Eduardo Borenstein Cientista político formado pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA-RS). É analista político da Arko Advice Pesquisas desde 2006 e consultor político e de marketing eleitoral pela Associação Brasileira dos Consultores Políticos (ABCOP). Possui MBA em Marketing Político, Comunicação e Planejamento Estratégico de Campanhas Eleitorais pela Universidade Cândido Mendes.

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