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Trabalho remoto: recebo em dólar; melhor converter para reais ou manter e investir o dinheiro lá fora?

Planejamento financeiro para salário em real também se aplica aos vencimentos recebidos em dólar; veja o que dizem os especialistas

Monique Lima

Notas de real e dólar sendo trocadas (Shutterstock)

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A cultura de trabalho remoto para empresas sediadas em qualquer lugar do mundo ampliou as possibilidades de remuneração em moeda estrangeira para os brasileiros nos últimos anos. A disseminação de contas internacionais oferecidas por fintechs também facilitou esse processo.

Essas contas permitem transações diretamente no exterior. Por meio delas é possível receber pagamentos de outros países e em outras moedas, ter um cartão de débito para compras e saques internacionais, realizar transferências rápidas e fazer investimentos.

Com tantas funcionalidades, é mais vantajoso para quem recebe em dólar transferir o valor para real ou manter o dinheiro no exterior? E os investimentos: vale mais trazê-los para o Brasil ou aplicar em ativos internacionais?

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A assessora de investimentos Luciana Ikedo afirma que tudo depende do fluxo financeiro mensal de cada um. Segundo ela, assim como uma pessoa que recebe o salário em moeda local, o ideal é que haja uma divisão financeira para os diferentes aspectos da vida: contas mensais, gastos da rotina e investimentos.

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Para contas mensais e gastos de rotina, os pagamentos para quem vive no Brasil necessariamente são feitos em reais. A assessora de investimentos indica que seja feito um controle mensal desses valores para a divisão financeira.

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Já os investimentos, Ikedo afirma que devem ter um planejamento prévio.

A divisão 50-30-20 é a sugerida pelos especialistas. Neste planejamento, 50% da renda líquida se destina às despesas fixas mensais, 30% para gastos variáveis de rotina e 20% para a reserva financeira ou investimentos.

É importante ter uma reserva de emergência em reais se a pessoa reside no país. Caso esse montante já exista, é possível pensar em investimentos internacionais, principalmente para quem tem a intenção de viajar ou se mudar no futuro

Luciana Ikedo, assessora de investimentos

Outro planejamento que o economista André Galhardo, da Remessa Online, indica que profissionais que recebem em dólar façam é em relação ao câmbio. O preço do dólar varia diariamente conforme as negociações no mercado financeiro, o que dificulta o cálculo mensal.

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Desde o início deste ano, a moeda norte-americana perdeu valor frente ao real. Em janeiro, o dólar bateu a cotação de R$ 5,48 – na última sexta-feira (9), a moeda americana foi aos R$ 4,856 na mínima do dia, menor nível desde 8 de junho de 2022. Uma mudança dessa magnitude significa que um dólar compra menos reais no momento da conversão.

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Galhardo acredita que a moeda deverá perder mais valor nos próximos meses. Os gatilhos apontados por ele são a aprovação do arcabouço fiscal, a manutenção dos juros altos no Brasil, a crise da dívida nos Estados Unidos e a estabilidade das taxas americanas.

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“Considerando a perspectiva de valorização do real e taxas de juros domésticos mais atrativas, a conversão para a moeda local e o investimento interno permitem maior segurança financeira e rentabilidade”, diz o economista.

Atualmente, os juros dos EUA estão entre 5% e 5,25% ao ano, enquanto a taxa Selic do Brasil está em 13,75% ao ano.

A título de comparação, os títulos do Tesouro Americano com vencimento em três anos pagavam juros na faixa de 5,30% ao ano no fim de maio. Já por aqui, os títulos públicos brasileiros com mesmo vencimento negociavam a cerca de 11% na mesma época.

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Entretanto, o diferencial dos títulos públicos dos Estados Unidos é justamente o rendimento em dólar – uma moeda considerada forte e com mais liquidez no mercado internacional.

Ikedo afirma que é muito difícil definir o momento ideal de conversão do câmbio. “Não sabemos como estará o dólar no mês que vem. Então, para quem recebe valores regulares em moeda estrangeira, o mais importante é ter estratégia e planejamento para não paralisar diante da volatilidade”, diz.

Custo do dólar

Toda conversão de câmbio envolve alguns custos, como taxa de serviço (spread) e IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), além da oscilação do valor do dólar comercial no momento da conversão.

As diferentes contas internacionais cobram diferentes spreads. De modo geral, os valores variam entre 1% e 2%, com algumas empresas oferecendo descontos para clientes assíduos ou para valores altos de conversão. A conta digital Nomad tem um spread de 2%. A conta internacional do banco Inter cobra 1,25% pelo serviço. Já a Wise não trabalha com um spread fixo e, sim, uma tarifa percentual sobre o valor em reais na conta.

O IOF tem duas opções de valores: 0,38% para operações entre contas de titularidades diferentes e de 1,1% para a mesma titularidade.

Os especialistas indicam consultar as diferentes opções de contas internacionais disponíveis para conseguir os melhores valores de conversão, diante das frequências de transferências feitas.

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Em relação aos impostos, o profissional deve recolher imposto mensalmente sobre o salário internacional por meio do carnê-leão, conforme explica a planejadora financeira Luciana Pantaroto, da Planejar.

“O imposto de renda deve ser apurado e pago pelo próprio contribuinte até o último dia útil do mês seguinte ao pagamento, ainda que não tenha ocorrido a conversão dos valores para real. Por exemplo: se o salário foi recebido em maio/2023, o imposto deve ser pago até 30/06/2023”, diz Pantaroto.

O processo é obrigatório. Esse pagamento mensal feito durante o ano funciona como uma antecipação do recolhimento que será compensado na declaração de imposto de renda anual.