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Por que só habilidade não basta para investir bem, segundo Michael Mauboussin, do Morgan Stanley

Assim como jogadores demandam treino para aproveitar as chances nos esportes, nos negócios é preciso tempo de adaptação para acertar mudanças de processo

Paulo Alves

Michael J. Mauboussin (Paulo Bareta/Expert XP)

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Vale para o esportista, vale para o investidor: nem o mais habilidoso do mundo consegue obter bons resultados se não tiver acesso às melhores oportunidades.

Este é um dos conceitos que permeiam o pensamento de Michael J. Mauboussin, escritor de livros focados em investimentos, como o mais famoso deles, More Than You Know: Finding Financial Wisdom in Unconventional Places.

Professor na Columbia Business School, chefe de uma das áreas de pesquisa do Morgan Stanley e com passagens pela BlueMountain Capital, Credit Suisse e Legg Mason, Mauboussin defende que esportes, negócios e investimentos têm muito em comum. Uma das semelhanças está no sistema de incentivos: se no basquete os jogadores precisaram de tempo para treinar e aproveitar a nova oportunidade trazida pelas cestas de 3 pontos, nos negócios é preciso também de um período de adaptação para implementar uma mudança de processo.

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Parte do problema tem origem no que ele chama de “tendência à omissão”: quem continua fazendo o que sempre fez pode passar despercebido, mas quem tenta algo novo e falha, costuma ser alvo de críticas. “Você pode ser a pessoa mais habilidosa do mundo, mas se você não tiver um leque de oportunidades adequado, é muito difícil gerar retorno”, disse em palestra durante a Expert XP 2023, na última semana.

Tarefas que requerem alta dose de habilidade dentro do mundo dos investimentos, como comprar um ativo na baixa e vender na alta, alertou, são extremamente difíceis. “Na verdade, a balança da evidência mostra que as pessoas são muito ruins para usar o tempo a seu favor. Elas tendem a comprar na alta e vender na baixa”.

Diante do desafio, defendeu que investidores precisam ter em mente o conceito de regressão para a média. “Ela diz que os resultados que estão longe da média serão seguidos por resultados mais próximos da média. No mundo dos investimentos, isso significa que se um fundo tiver uma performance ruim, é mais provável que ele tenha um desempenho melhor no futuro — e, se estiver bem, pode recuar”.

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A lógica é a mesma dos esportes: se um time está indo mal, é comum que o treinador seja demitido. “Eles precisam de alguém para jogar a culpa. E o que acontece depois de tirar o treinador? Quase que inevitavelmente o desempenho melhora.  Não necessariamente pelo novo treinador, pois é mais provável que a causa seja uma regressão em direção à média [de desempenho]”.

Para mitigar perdas, grandes investidores buscam, por exemplo, dosar os investimentos em uma balança que compensa perdas com o ganho em poucas apostas que podem dar muito certo.

George Soros, um dos grandes investidores no último século e multibilionário, tinha uma média de 30% ou menos de aproveitamento. Significa que, dos investimentos que fez, conseguiu dinheiro em menos três em cada dez. Então, se ele erra 70% do tempo, como consegue ser tão rico? A resposta é: quando ele acerta, ganha muito dinheiro. E, quando erra, perde pouco

Uma das maneiras de replicar a estratégia é diversificar investimentos, algo que ele diz ser a melhor maneira de capturar as oportunidades que existem no mercado. “Mais dispersão, mais oportunidade para capturar alfa. Há uma correlação bastante forte entre essas duas coisas. Toda a habilidade do mundo é inútil se não há oportunidade”.

Paulo Alves

Editor de Criptomoedas