Bitcoin, FIIs, ações, renda fixa: qual a chance dos melhores investimentos de abril repetirem o resultado?

Noticiário sobre arcabouço fiscal e sinais de desaceleração da inflação pressionaram juros futuros para baixo, para o bem dos ativos de risco

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)

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Não foi sem solavancos, mas abril termina com gosto mais doce do que amargo entre os investidores. Ativos de vários tipos encerram o mês no positivo – ainda que com desempenhos não considerados espetaculares.

Os melhores resultados ficaram, mais uma vez, com as criptomoedas. Até sexta-feira (28), o Bitcoin acumulava um avanço de 4,66% em abril, seu quarto mês seguido de alta neste ano.

O desempenho da moeda foi impulsionado pela percepção no mercado de possível arrefecimento na política de alta dos juros nos Estados Unidos, o que ajuda a gerar uma dose de boa vontade com ativos de risco no geral. Mesmo após as crises do ano passado, dados apontam a volta gradual do otimismo entre investidores de criptos.

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“O Índice de Medo e Ganância do Bitcoin, que mede o sentimento de mercado cripto, atingiu uma máxima de 68 pontos, nível não visto desde novembro 2021, indicando sentimento positivo”, apontou a Binance Research em relatório. “Este é um grande contraste com o último ano, quando o índice permaneceu principalmente na zona do ‘medo’ ao longo de 2022”.

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A expectativa em torno da política monetária americana, aliada a fatores locais, também deram gás aos ativos de risco no Brasil. O Ibovespa, por exemplo, terminou o mês com alta de 2,5%, enquanto o Idiv (Índice de Dividendos) avançou 3,89%.

Confira o ranking dos investimentos em abril de 2023:

Balanço de investimentos em abril de 2023

“O começo do mês foi forte, após a publicação do IPCA , mas depois, por conta do arcabouço fiscal, investidores foram desanimando”, comenta Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama. “Tivemos, de qualquer forma, um desempenho positivo, mas nada espetacular”.

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No dia 11 de abril, a publicação do IPCA de março, com uma desaceleração considerável, impulsionou o Ibovespa em mais de 4%. Posteriormente, contudo, o benchmark perdeu força, com especialistas acompanhando a tramitação do arcabouço fiscal.

“O governo, por enquanto, busca o detalhamento melhor das receitas, para fechar a conta. Esse é o principal desafio que vemos para o mercado local”, diz Antonio Sanches, analista da Rico Investimentos, ressaltando que, de toda forma, a apresentação da proposta formal ajudou a reduzir a percepção de risco de deterioração fiscal, o que ajuda renda fixa, moeda e ações.

Algumas derrotas do governo, como no caso da taxação de importadoras como a Shein, adicionaram preocupações de como a União conseguirá compor a sua receita ao longo do ano para alcançar as metas de resultado primário incluídas no conjunto do arcabouço fiscal. “Alguns investidores esperavam que teríamos mais sinalizações, principalmente na parte macro, mas isso foi postergado. Acredito que a expectativa em relação a abril foi jogada para o próximo mês”, destaca Adriano Yamamoto, head da corretora institucional do C6 Bank.

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Entre as maiores altas do mês, estiveram as das ações de EzTec (EZTC3), BTG Pactual (BPAC11) e Ecorodovias (ECOR3), com avanço de cerca de 19%, enquanto Assaí (ASAI3) se destacou com a maior perda do Ibovespa, em baixa de cerca de 20%.

O noticiário sobre o arcabouço fiscal e sinais de desaceleração da inflação no Brasil e nos Estados Unidos pressionando os juros futuros para baixo também favoreceram os fundos imobiliários. O [Ifix] – índice que reúne os FIIs mais negociados da B3 – subiu 3,52% em abril, com 83 carteiras no campo positivo e outras 28 no negativo.

Com as maiores altas do mês ficaram os fundos de “tijolo”, que investem em imóveis físicos – um reflexo direto da queda dos juros futuros, segundo Ricardo Vieira, head de Real Estate Securities na gestora VBI Real Estate.

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“Quando se observa o vértice de dez anos da NTN-B [papel atrelado à inflação e conhecido como Tesouro IPCA+ no Tesouro Direto], os títulos voltaram a ser negociados com taxas abaixo de 6% ao ano, contribuindo para que o capital especulativo aumente sua exposição a ativos de renda variável, como os fundos imobiliários”, escreveu em relatório.

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Longe de ser um dos FIIs mais populares do mercado, o Vinci Imóveis Urbanos (VIUR11) – com apenas 15 mil cotistas – ostentou uma alta de nada menos do que 22% em abril, liderando os melhores resultados. O fundo tem imóveis em quatro estados locados para faculdades de grupos como Ânima e Cogna. Entre os inquilinos estão também como Dasa, Le Biscuit e Americanas.

Apesar da alta em abril, boa parte dos FIIs de “tijolo” – especialmente aqueles cujos imóveis têm melhores fundamentos, considerando localização, especificações técnicas e taxas de ocupação – continuam descontados. Significa, na visão dos especialistas, que ainda há bastante espaço para continuarem a subir nos próximos meses.

Na renda fixa, a virada da curva de juros futuros para baixo beneficiou quem já tinha papéis na carteira. No Tesouro Direto, o Tesouro Prefixado 2033 valorizou 4,78% em abril e 6,18% no acumulado do ano, enquanto o Tesouro Prefixado 2029 avançou 3,74% no mês e 7,18% no ano. Entre os ativos indexados à inflação, o que subiu mais foi o Tesouro IPCA+ 2045, com 5,42%.

O cenário é bem diferente do balanço do mês passado. Apenas dois títulos públicos tiveram valorização em março, marcado pela queda de braço entre governo federal e Banco Central.

A valorização é uma consequência da marcação a mercado dos títulos públicos. O valor dos papéis é atualizado diariamente na carteira dos investidores segundo as condições atuais de negociação no mercado. Quando a expectativa é de que os juros caiam, como se viu nesse mês, o preço dos papéis tende a subir – o que leva os resultados para o azul.

Um detalhe: só embolsa esses ganhos o investidor que vender os papéis antes do vencimento. Quem preservá-los na carteira até o final receberá a remuneração acertada no momento da compra.

Daqui para frente, o que se pode esperar do desempenho desses ativos? Alguns analistas começam a ficar mais otimistas sobre a possibilidade de que a taxa Selic finalmente comece a ser reduzida pelo Banco Central.

“Temos a reunião do Copom na primeira semana de maio. Esperamos uma manutenção da taxa, mas, com alguns dados de inflação apontando melhora e com a questão fiscal trazendo mais visibilidade, a gente pode começar a esperar uma sinalização de que a Selic pode cair a partir da segunda metade do ano”, diz Sanches, da Rico.

No PagBank, o clima é de cautela. “Para o mês de maio, seguimos com uma postura conservadora, por entendermos que não existem grandes catalisadores para uma melhora do cenário macroeconômico global”, escreve o analista Bruno Marin, em relatório sobre ações.

Ele ressalta que há incertezas no ambiente doméstico em relação ao cenário fiscal, principalmente dado que a proposta para o arcabouço fiscal se foca mais no aumento das receitas do governo – o que entende como um sinônimo de mais impostos – do que nos cortes de despesas. “Além disso, mesmo com as pressões do governo em cima do Banco Central, não enxergamos uma avenida clara para quedas expressivas nas taxas de juros para os próximos meses”.