Mais 2 FIIs de “papel” ficam sem pagamento de CRI da Gramado Parks após decisão da Justiça

E mais: CNES11 paga dividendos; HGRU11 vende mais uma loja da Pernambucanas; o que fazer com os FII de “papel” diante da inadimplência de CRIs?

Wellington Carvalho

Publicidade

Mais dois fundos imobiliários confirmaram possuir certificados de recebíveis imobiliários (CRI) da Gramado Parks, empresa de turismo que conseguiu na Justiça suspender por 60 dias o pagamento mensal referente aos títulos.

O FII Serra Verde (SRVD11) havia sido o primeiro fundo imobiliário a confirmar exposição aos CRIs ligados à empresa. Agora, foi a vez do Kilima Volkano Recebíveis (KIVO11) e do Banestes Recebíveis (BCRI11) comunicarem ao mercado que compraram títulos da companhia.

“Em razão da exposição do fundo ao CRI, vinculado a debêntures emitidas pela GPK, a administradora e a gestora do BCRI11 estão buscando mais informações sobre o caso em questão e manterão os cotistas e o mercado em geral informados dos seus desdobramentos”, confirma fato relevante divulgado pelo Banestes Recebíveis.

Newsletter

Liga de FIIs

Receba em primeira mão notícias exclusivas sobre fundos imobiliários

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

No caso do BCRI11, os CRIs da Gramado Parks representam cerca de 2% do patrimônio líquido do fundo. A exposição do KIVO11 é um pouco maior, de 2,46%.

Na ação iniciada no Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, a Gramado Parks alega que condições macroeconômicas – como o aumento da inflação e dos juros – elevaram o volume de distratos e, consequentemente, reduziu as receitas da companhia, que já vinha sofrendo com as consequências da pandemia da Covid-19.

O CRI é um instrumento usado por empresas do setor imobiliário para captar recursos no mercado. Na prática, essas companhias “empacotam” receitas futuras que têm para receber – como aluguéis ou parcelas pela venda de apartamentos – em um título e vendem para investidores, como os FIIs.

Continua depois da publicidade

Os papéis embutem um rendimento mensal prefixado e a correção monetária por um indicador, que normalmente é a taxa do CDI (certificado de depósito interbancário) ou o IPCA.

Leia também:

Ifix hoje

Na sessão desta quinta-feira (30), o Ifix – índice dos fundos imobiliários mais negociados na Bolsa – fechou com queda de 0,30%, aos 2.733 pontos. Confira os demais destaques do dia.

Continua depois da publicidade

Maiores altas desta quinta-feira (30):

Ticker Nome Setor Variação (%)
VSLH11 Versalhes Recebíveis Imobiliários Títulos e Val. Mob. 5,42
XPPR11 XP Properties Lajes Corporativas 4,9
VINO11 Vinci Offices Lajes Corporativas 2,46
GALG11 Guardian Logística Logística 1,72
AIEC11 Autonomy Edifícios Lajes Corporativas 1,55

Maiores baixas desta quinta-feira (30):

Ticker Nome Setor Variação (%)
HCTR11 Hectare Títulos e Val. Mob. -5,17
DEVA11 Devant Títulos e Val. Mob. -4,62
BCRI11 Banestes Títulos e Val. Mob. -3,81
URPR11 Urca Prime Renda Títulos e Val. Mob. -3,45
RECR11 REC Recebíveis Títulos e Val. Mob. -2,95

Fonte: B3

Continua depois da publicidade

Leia também:

HGRU11 vende mais uma loja da Pernambucanas; BRLA11 compra de imóvel locado para a Seara e mais assuntos

Confira as últimas informações divulgadas por fundos imobiliários em fatos relevantes:

HGRU11 vende mais uma loja da Pernambucanas

O FII CSHG Urbana finalizou a venda de mais uma loja locada para o grupo Arthur Lundgren Tecidos, mais conhecida como Pernambucanas.

Continua depois da publicidade

Desde 2022, o fundo já vendeu 20 imóveis alugados para a empresa, totalizando uma receita de R$ 183 milhões.

Desta vez, o espaço negociado está localizado em Ivaporã, no interior de Paraná. De acordo com fato relevante, a carteira recebeu pela loja R$ 4,6 milhões pela loja, ou R$ 3.548,67 por metro quadrado.

O imóvel foi adquirido em novembro de 2020 e, até a presente data, o investimento total do HGRU11 no ativo – considerando custos de aquisição, de transação e benfeitorias – foi de R$ 3,6 milhões, equivalente a R$ 2.789,22 por metro quadrado.

Continua depois da publicidade

Com isso, o negócio tende a gerar um lucro de R$ 1 milhão, montante que representa algo em torno de R$ 0,05 por cota, calcula a equipe de gestão do CSHG Renda Urbana.

“O preço de venda do imóvel é 27% superior ao valor investido, 6% superior ao valor de laudo [de avaliação de] 2022 e 18% superior ao valor de laudo de 2021”, detalha comunicado do fundo ao mercado.

Na virada do ano, o HGRU11 distribuiu R$ 2,00 por cota, dividendo bem acima dos R$ 0,82 dos meses anteriores. O acréscimo foi resultado do ganho de capital obtido no último trimestre com a venda dos imóveis locados pela Casas Pernambucanas.

Leia também:

BRLA11 prevê aumento de 13% na receita após compra de imóvel locado para a Seara

O FII BRL Prop II assinou contrato para a compra de imóvel de 20 mil metros quadrados na cidade de Vitória da Conquista, na Bahia, aponta fato relevante divulgado pela carteira.

De acordo com o documento, o valor da transação é de R$ 5,6 milhões e o montante foi pago no momento da assinatura da escritura do espaço.

O BRLA11 também informou ao mercado que realizará obras no imóvel, que está 100% locado para a Seara Alimentos.

Após o término das obras – previsto para janeiro de 2024 –, o novo contrato deverá elevar a receita do fundo em aproximadamente 13,24% na comparação com os números verificados no mês passado.

HDEL11 aluga imóvel para farmacêutica em Minas Gerais

O FII Hedge Desenvolvimento Logístico assinou contrato com empresa do setor farmacêutico para a locação dos módulos 5 e 6 do Citlog Sul de Minas, em Varginha (MG).

Os espaços representam uma área bruta locável (ABL) de 11,4 mil metros quadrados e a locação é do tipo built to suit – quando o fundo desenvolve o imóvel de acordo com as necessidades do locatário.

O contrato possui prazo de 120 e a taxa de ocupação do imóvel alcança agora 41,6%, de acordo com comunicado do fundo ao mercado.

Apesar da nova locação, o documento informa que não há expectativa de alteração na distribuição de rendimentos do fundo no curto prazo.

Cotistas do TRNT11 pedem a troca da Matchpoint pela VBI na gestão do fundo

Investidores com mais de cinco por cento das cotas do FII Torre Norte propõem a substituição da atual gestora do fundo, a Matchpoint Gestão, pela VBI Real Estate.

O grupo de cotistas, identificado como Fundação dos Economiários Federais (Funcef), solicitou à gestão do TRNT11 a convocação de uma assembleia geral extraordinária (AGE) para discutir o assunto.

O administrador da carteira, o BTG Pactual, confirmou a legalidade do pedido e a representatividade dos solicitantes e promete convocar a AGE em até 30 dias.

Além da troca de gestão, os investidores solicitantes defendem ainda mudanças na taxa de administração e do regulamento do fundo.

Dividendos hoje

Confira os FIIs que distribuem dividendos nesta segunda-feira (27):

Ticker Rendimento Retorno
CNES11 R$ 0,11 0,39%

Fonte: StatusInvest

Leia também:

Giro Imobiliário: “inflação do aluguel” sobe abaixo do esperado em fevereiro; o que fazer com os FII de “papel” diante da inadimplência em série de CRIs?

Comprar ou vender: o que fazer com os FII de “papel” diante da inadimplência em série de CRIs?

O alerta do setor de crédito parece ter chegado ao mercado de fundos imobiliários, que viu nas últimas semanas uma série de problemas em certificados de recebíveis imobiliários (CRI). As ocorrências derrubaram cotações de FIIs que investem neste tipo de título e elevaram a desconfiança nos chamados fundos de “papel”.

Diante do cenário, o que esperar – e, principalmente, o que fazer com esta classe de ativo?

O tema foi destaque da edição desta terça-feira (28) do Liga de FIIs, que tem apresentação de Maria Fernanda Violatti, analista da XP, Thiago Otuki, economista do Clube FII, e Wellington Carvalho, repórter do InfoMoney. O programa contou ainda com a participação de Felipe Ribeiro, diretor de investimentos alternativos do Clube FII e autor do livro Guia Definitivo para entender FII de CRI.

“Infelizmente não tenho boas notícias”, disse o especialista ao analisar a inadimplência reportada em vários títulos presentes nos portfólios de fundos imobiliários. “Estamos vivendo uma crise financeira global e é natural que este tipo de problema apareça”, explica Ribeiro, que considera a crise mais de confiança do que necessariamente de crédito.

Nesta quarta-feira (28), por exemplo, os FIIs Hectare CE (HCTR11), Tordesilhas EI (TORD11), Versalhes (VSLH11) e Devant (DEVA11) comunicaram ao mercado atraso no pagamento de uma série de CRIs ligados a pelo menos sete projetos.

“Verificou-se que o cumprimento das obrigações pecuniárias dos certificados de recebíveis imobiliários de emissão da Forte Securitizadora S.A, abaixo listados, não foram honradas na data pactuada, dia 20 de março de 2023”, confirma fato relevante divulgado pelos fundos. Segundo o texto, até o presente momento, não há qualquer notícia do adimplemento de tais obrigações.

De acordo com os fundos, os CRIs com pagamento da parcela de março pendente são de projetos ou empresas como Circuito das Compras, GPK, Resort do Lago IV, WAM Holging, Búzios Beach, EDA e Resort do Lago Park.

O comunicado sobre a inadimplência derrubou as cotas do fundo, que chegaram a registrar queda de mais de 12% ao longo do dia.

“Temos, sim, um problema e há o risco de [a inadimplência] ocorrer mais vezes daqui para frente”, afirma Ribeiro. Por outro lado, lembra o especialista neste tipo de operação, os CRIs são operações estruturadas que oferecerem proteção aos investidores.

Leia também:

IGP-M sobe 0,05% em março, abaixo do esperado

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) subiu 0,05% em março, após queda de 0,06% em fevereiro. Com o resultado, o índice acumula alta de 0,20% no ano e de 0,17% em 12 meses. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (30) pelo FGV/Ibre.

O indicador ficou baixo do previsto pelo consenso Refinitiv, que estimava alta de 0,15% no mês.

Em março de 2022, o índice tinha mostrado variação positiva de 1,74% e acumulava alta de 14,77% em 12 meses.

Para André Braz, coordenador dos índices de preços, o IGP-M acumulado em doze meses segue em desaceleração e registra a sua menor taxa desde fevereiro de 2018, quando apresentara queda de 0,42%.

“Os índices componentes do IGP-M também apresentaram desaceleração nas taxas interanuais. No mês de março, enquanto os índices ao produtor e da construção civil desaceleraram, a variação do IPC acelerou devido à volta da cobrança dos tributos federais sobre a gasolina, cujo preço subiu em média 6,52%”, afirmou em nota.

Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.