Justiça suspende pagamentos de CRI da Gramado Parks e ao menos 4 FIIs serão afetados; veja quais

Empresa alega que condições macroeconômicas prejudicam negócios na área de turismo e comprometem capacidade de pagamentos

Wellington Carvalho

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O FII Serra Verde confirmou, na manhã desta terça-feira (28), decisão da Justiça que suspende, por 60 dias, os pagamentos referentes aos certificados de recebíveis imobiliários (CRI) do grupo Gramado Parks, que atua no segmento de turismo.

O CRI é um instrumento usado por empresas do setor imobiliário para captar recursos no mercado. Na prática, essas companhias “empacotam” receitas futuras que têm para receber – como aluguéis ou parcelas pela venda de apartamentos – em um título e vendem para investidores, como os FIIs.

Os papéis embutem um rendimento mensal prefixado e a correção monetária por um indicador, que normalmente é a taxa do CDI (certificado de depósito interbancário) ou o IPCA.

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No caso da Gramado Parks, a empresa está presente em pelo menos seis das 23 operações do SRVD11, de acordo com relatório gerencial do fundo. A companhia atua nos projetos Bella Gramado, Exclusive Gramado, Gramado Termas, Gramado Buona Vitta, Namareh Carneiros e Aquan.

Ainda segundo o texto, o FII Serra Verde assinou contrato de dez anos com a Gramado Parks, empresa fundada em 2013 e que, de acordo com o documento, desenvolveu projetos de referência no segmento de multipropriedades – hotelaria, residência, comércio e lazer, setores considerados mais sensíveis ao aumento da inadimplência ou cancelamento de negócios em períodos de juros elevado e pressão inflacionária.

Na ação iniciada na 2ª Vara Judicial da Comarca de Gramado, do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, a própria empresa alega que condições macroeconômicas – como o aumento da inflação e dos juros – elevou o volume de distratos e, consequentemente, reduziu as receitas da companhia, que já vinha sofrendo com as consequências da pandemia da Covid-19.

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O FII Serra Verde foi o primeiro fundo imobiliário a confirmar exposição aos CRIs ligados ao grupo Gramado Parks, mas a suspensão dos pagamentos referentes aos títulos afeta indiretamente FIIs que possuem cotas do SRVD11.

Segundo dados dos StatusInvest, plataforma de informações financeiras, o Hectare CE (HCTR11) tem hoje 19,74% das cotas do FII Serra Verde. O Tordesilhas EI (TORD11) conta com 12,10% e o Iridium (IRDM11), 2,96%.

Como cotistas do SRVD11, parte da receita desses FIIs tem origem nos dividendos do fundo investido – que deverão ser reduzidos diante da decisão da Justiça.

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Também em fato relevante divulgado na manhã desta terça-feira (28), o Tordesilhas EI (TORD11) confirmou exposição ao FII Serra Negra. De acordo com o último relatório gerencial, as cotas da carteira respondem por 22% do patrimônio líquido do fundo.

“Em razão da exposição do fundo ao FII Serra Verde, a Vórtx Distribuidora, administradora do TORD11, está em contato junto à R Capital Asset, na qualidade de gestora contratada pelo fundo, de modo a acompanhar os desdobramentos dos fatos ora relatados”, destaca o documento.

Também administrado pela Vórtx Distribuidora, o HCTR11 divulgou fato relevante confirmando exposição ao FII Serra Verde. As cotas do SRVD11 representam 6,87% do patrimônio líquido do fundo.

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Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.