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SÃO PAULO – Com uma visão positiva sobre a atuação dos governos e dos bancos centrais ao longo da pandemia, no sentido de prover estímulos ainda que com um custo de inflação, o megainvestidor Howard Marks, co-fundador e vice-presidente da Oaktree Capital, afirmou nesta quinta-feira (26) que não enxerga uma virada de mão nos mercados acionários americanos, embora os preços dos ativos estejam em um ritmo atualmente mais forte do que a própria economia do país.
Em painel da Expert XP, Marks lembrou que o ciclo econômico atual é atípico por conta da pandemia, disse que as reações dos governos foram muito bem-sucedidas, com resultados relevantes sobre as atividades, e destacou que vê os mercados como mais saudáveis agora do que em outras crises, ainda que não estejam em sincronia com a evolução das economias. Enquanto as bolsas americanas dispararam, afirmou, a economia ainda está apenas no início de um ciclo de expansão, o que não indica um problema, mas, sim, espaço para crescer.
“Embora o mercado acionário esteja em alta, o risco de recessão ou de uma desaceleração econômica não é substancial”, afirmou, indicando que o índice S&P 500 mais do que dobrou desde 23 de março de 2020.
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Variante delta e inflação
Ainda atento aos desdobramentos da pandemia, o megainvestidor disse enxergar com naturalidade uma queda do consumo nos Estados Unidos na comparação com níveis de maio e junho, em parte por conta de uma normalização da demanda até então reprimida e incentivada pelos benefícios dados pelo governo à população – que resultaram no que chama de “explosão de gastos” – e também em função da variante delta.
E se de um lado a variante tem um efeito mais negativo do ponto de vista dos negócios, de outro, pode ajudar a domar uma das principais preocupações do mercado financeiro no momento. “Ironicamente, o medo da inflação foi o maior problema para os mercados nos últimos seis meses. E uma desaceleração econômica vinculada à delta seria um tipo de cura para a inflação”, afirmou.
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Reticente com relação a projeções macroeconômicas e seguidor de uma filosofia de investimentos de valor, “bottom-up”, mais voltada à análise micro para a tomada de decisões, Marks ressaltou que não tem alterado o comportamento em função de previsões relacionadas por exemplo à inflação ou às taxas de juros.
De toda forma, explicou ter no portfólio boas exposições a segmentos como petróleo e gás, que têm a habilidade de refletir em parte uma aceleração da inflação, assim como ao mercado imobiliário.
Menos ações do Fed e do governo americano
Com relação às medidas adotadas por bancos centrais e governos para conter os efeitos da pandemia sobre as economias, ainda que a inflação seja uma das consequências, Marks vê com bons olhos as iniciativas promovidas.
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“Não é porque alguma coisa pode ter consequência negativa que não deve ser feita. Se o governo dos Estados Unidos e outros bancos centrais não tivessem feito o que fizeram no ano passado, provavelmente estaríamos numa depressão global hoje. Então era a coisa certa a fazer, mas tem riscos atrelados”, enfatizou.
Isso posto, o investidor defendeu que, uma vez que a economia esteja mais fortalecida e os auxílios não sejam mais tão necessários, que o governo e o Federal Reserve, o banco central dos EUA, “façam menos”.