Token “falido” decola 230% e é destaque de mês com terceira alta seguida do Bitcoin

Novembro foi marcado por expectativa com ETF e otimismo com fim do ciclo do aperto monetário

Lucas Gabriel Marins

Token FTT, da FTX, disparou 230% em novembro (TradingView)

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O Bitcoin (BTC) terminou em alta pelo terceiro mês consecutivo, puxado por expectativas com o avanço de um ETF (fundo de índice) com exposição direta à criptomoeda nos Estados Unidos, pela manutenção da taxa básica de juros na economia norte-americana e por dados on-chain (registrados na blockchain) positivos.

Na tarde desta quinta-feira (30), o BTC é negociado a US$ 37.778, com valorização de 9,30% nos últimos 30 dias, segundo a ferramenta CoinMarketCap. Em outubro, a cripto avançou quase 30%; em setembro, subiu 3,60%. No ano, os únicos meses negativos para o ativo digital foram maio, julho e agosto, segundo a plataforma CoinGlass. Ao longo de 2023, o Bitcoin dobrou de preço.

Um dos principais motivos para a recente alta da moeda digital, segundo Rony Szuster, analista do Mercado Bitcoin, foi a forte especulação em torno da possível aprovação de um ETF de Bitcoin à vista nos Estados Unidos.

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“O instrumento é inédito e não existe no país, mas é muito necessário para que o investidor institucional e os grandes fundos de investimentos consigam investir de verdade em criptoativos, sem ser de modo indireto via empresas de mineração, por exemplo”, disse.

O órgão regulador do mercado de capitais dos EUA tem mais de uma dezena de pedidos de ETFs para analisar, entre eles de gigantes do mercado cripto, como a BlackRock. Analistas acreditam que um lote deve ser aprovado em janeiro de 2024, mês em que alguns prazos para a avaliação vencem.

“Há pedidos feitos por 11 gestores, e há várias datas de apreciação. Em janeiro de 2024, por exemplo, tem a etapa final da Ark Invest e a penúltima da BlackRock, além de alguns outros. Acreditamos que SEC deva aprovar em conjunto todos os pedidos de uma vez só, pelo menos os que façam sentido em termos de regulação”, falou Szuster.

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Para o analista, outro fator que ajudou o Bitcoin foi a manutenção dos juros nos Estados Unidos no início de novembro e a expectativa de que a taxa básica atual será mantida na próxima reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve, no dia 13 de dezembro.

De acordo com a ferramenta CME FedWatch Tool, 95,6% dos agentes do mercados apostam que o patamar deve ficar dentro de uma banda entre 5,25% e 5,50% ao ano.

“Isso é positivo para todos os criptoativos e todos os ativos de risco de modo geral porque tornam a renda fixa menos interessante e diminuem a porcentagem de alocação dos portfólios nessa modalidade de invesimento, incentivando a busca pela renda variável”, falou.

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Por fim, segundo Szuster, os dados on-chain do Bitcoin indicam que os investidores estão mais confiantes com o futuro da criptomoeda. Em novembro, a quantidade de BTC guardado por usuários de longo prazo bateu seu recorde, segundo dados da Glassnode.

“Estamos vendo nas últimas semanas o saldo de Bitcoin nas mãos dos investidores de longo prazo não só aumentando, como batendo o all time high (o maior de todos os tempos), em torno de 15 milhões de unidades. Ou seja, nunca antes na história do Bitcoin a gente teve tantos investidores categorizados no longo prazo. Isso deu uma força extra para o Bitcoin se valorizar nesse último mês”. O número total de BTC em circulação no mercado é de 19,5 milhões.

Ethereum sobe 12%

O Ethereum (ETH) seguiu o mesmo ritmo do BTC e também fechou com valorização pelo terceiro mês seguido, segundo dados do CoinGlass e do CoinMarketCap. A criptomoeda, a segunda maior em valor de mercado, subiu 12%, sendo negociada a US$ 2.035 no momento da publicação deste texto.

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“Assim como o BTC, o ETH se aproveitou da especulação em cima de um ETF da criptomoeda à vista nos Estados Unidos, principalmente depois que a BlackRock enviou um pedido à SEC no início de novembro”, disse Beto Fernandes, analista de criptomoedas da Foxbit.

Na parte tecnológica, falou, a blockchain do Ethereum se beneficiou bastante das recentes soluções segunda camada que estão ajudando a rede a ficar mais escalável e barata. Um dos projetos recentes a chamar atenção foi a Blast, um novo ecossistema que permite ao usuário depositar criptos para obter juros com staking.

De acordo com a plataforma DeFi Llama, o Blast já tem US$ 626 milhões em tokens bloqueados.

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Confira o desempenho das principais criptomoedas em novembro:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Bitcoin (BTC) US$ 37.778 +9,30%
Ethereum (ETH) US$ 2.035 +12,00%
BNB Chain (BNB) US$ 227 +0,65%
XRP (XRP) US$ 0,6019 +4,30%
Cardano (ADA) US$ 0,3752 +24,90%

Fonte: CoinMarketcap

Token de FTX decola 230%

Entre as criptomoedas menores, o destaque foi o FTX Token (FTT), nativo da exchange falida FTX, que quebrou no ano passado. O ativo digital deu um salto de 232% no mês, pulando de US$ 1,26 para US$ 4,14 no último dia de novembro.

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Parte da recuperação ocorreu após o presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), Gary Gensler, falar sobre a possível reabertura da exchange por algum dos grupos que estão tentando assumir o controle da FTX, inclusive o ex-presidente da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), Tom Farley.

Gensler disse que se alguém comprar a corretora, que faça isso “dentro da lei’”. Ele também deu dicas para o possível futuro comprador, como “construir a confiança dos investidores” e garantir que “está fazendo as divulgações adequadas” e “não está misturando todas essas funções, negociando contra seus clientes”.

Além disso, o processo de falência da FTX está avançando, e administradores da massa falida receberam aprovação judicial para vender ativos da gestora Grayscale e da Bitwise, avaliados em US$ 873 milhões, para levantar dinheiro para os credores.  “Isso foi visto como positivo pelo mercado”, disse Szuster, do Mercado Bitcoin.


As criptomoedas com as maiores altas em novembro:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
FTX Token (FTT) US$ 4,14 +232,00%
Celestia (TIA) US$ 6,40 +204,90%
Kaspa (KAS) US$ 0,12 +148,00%
THORChain (RUNE) US$ 6,51 +139,77%
Blur (BLUR) US$ 0,48 +94,00%

Fonte: CoinMarketcap

Piores altcoins

Novembro não foi positivo para todas as criptomoedas. O pior desempenho foi registrado pela memecoin Pepe Coin (PEPE), que caiu 10% no mês.

O token, visto por muitos como uma shitcoin (termo que se refere a ativos digitais sem fundamento), ainda não se recuperou totalmente de uma movimentação suspeita de US$ 16 milhões em agosto, que abalou o projeto cripto.

“Todo tipo de memecoin possui valor não no ativo em si, mas em sua comunidade, formada por aqueles que apoiam o projeto e o semeiam. A performance negativa dos últimos meses pode demostrar um enfraquecimento da comunidade da PEPE”, disse Daniel Constantino, COO do Web3Valley.

As criptomoedas com as maiores baixas em novembro:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Pepe (PEPE) US$ 0,0000001 -10,20%
Bitcoin Cash (BCH)  US$ 222,80 -10,00%
Bitcoin SV (BSV) US$ 45,90 -8,50%
Conflux (CFX) US$ 0,149 -7,30%
Quant (QNT) US$ 99,10 -6,70%

Fonte: CoinMarketcap

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney