9 ações baratas a partir de R$ 7 e que pagam bons dividendos

O começo da jornada dos investidores de renda passiva pode ser desanimador: os dividendos de ações rendem apenas centavinhos. Mas, conforme a carteira cresce, o acúmulo de ativos proporciona uma renda maior em proventos. O que, hoje, é suficiente apenas para comprar um doce, pode se transformar em um salário no longo prazo.

Para garantir o crescimento da renda com proventos, contudo, alguns fatores precisam ser observados pelo investidor. Um deles é a escolha de ações de companhias com boa saúde operacional, receita crescente e endividamento baixo.

Fabio Baroni, sócio do Ações Garantem o Futuro, destaca outro fator: a importância de escolher papéis de setores resilientes, como bancos, energia, saneamento, seguros e telecomunicações – que costumam sofrer menos com mudanças macroeconômicas.

Outro ponto de observação importante é avaliar o histórico das companhias e conhecer a regularidade no pagamento de dividendos, mesmo sabendo que o que aconteceu nos resultados anteriores não garante o que pode vir a acontecer nos próximos anos. “O que foi constante no passado é provável no futuro”, destaca.

Também é importante buscar por um ativo que não seja caro – e essa determinação vai muito além do preço nominal. “Uma ação pode custar R$ 100 reais e estar barata, do ponto de vista operacional, assim como um papel pode custar R$ 2 e estar caro porque a empresa só dá prejuízo”, explica Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora.

Segundo Peretti, a métrica para identificar se uma ação está barata é entender quanto o investidor está pagando e o quanto ela realmente vale. Ou seja, o que a companhia pode entregar em crescimento da empresa, dividendos, valorização, retorno ao investidor e se isso é coerente com o custo.

Trazendo este conceito para a realidade prática, uma companhia que ainda é considerada barata pelos analistas é a elétrica Engie (EGIE3), que até o fechamento de 27 de abril, era negociada a R$ 42,79.

Embora o custo unitário das ações não seja precisamente uma pechincha da Bolsa, agentes de mercado acreditam que a companhia deve ficar entre as melhores pagadoras de proventos do ano e projetam um retorno em dividendos (dividend yield) superior a 8%.

Contudo, embora preço não determine se uma ação está barata, o seu custo conta muito na jornada do investidor de ir acumulando ações para receber cada vez mais dividendos.

Por este motivo, o InfoMoney realizou um levantamento com seis analistas e especialistas focados em dividendos, que apontaram algumas ações que consideram baratas, com um preço de corte de até R$ 35 por ativo, e que, em alguns casos, integram as suas carteiras recomendadas.

A partir dessa lista foram estabelecidos dois filtros: 1) um histórico de ser uma boa pagadora de dividendos; e 2) o potencial de pagar bons dividendos em 2022 – com um dividend yield a partir de 5%.

Veja a seguir:

Ações até R$ 10

A ação com o menor preço da lista é a Copel (CPLE6), cotada a R$ 7,69 até o fechamento de 27 de abril.

Segundo Fabio Baroni, sócio-fundador do Ações Garantem o Futuro, a Copel é uma companhia elétrica que atua em todos os segmentos de energia – geração, transmissão e distribuição. No entanto, boa parte da sua receita está concentrada na geração e transmissão. “Isso a torna uma empresa mais previsível”, afirma ele.

A localização da empresa, no Paraná, traz alguns diferenciais interessantes para o longo prazo, como a menor taxa de desemprego do Brasil e um PIB per capita acima da média, características da região, segundo Baroni.

“Acreditamos que a companhia possa ser uma boa opção para investidores que gostam de dividendos especialmente por conta do setor de atuação e em função da perenidade de seus resultados”, afirma Baroni.

Ele destaca que historicamente a Copel paga bons dividendos cerca de duas vezes por ano. Para 2022, a projeção do Ações Garantem o Futuro, é que a Copel entregue um retorno em dividendos de 7,82% ou um dividendo por ação de R$ 0,6015.

O investidor que busque garantir um retorno em dividendos de, pelo menos, 6% deve comprar o papel até o preço máximo de R$ 10,02.

Fonte: Levantamento InfoMoney/Economatica-TC                                                  

*Dados até o fechamento de 27/4                                                                    

DY= dividend yield (retorno em dividendos)                                                              

Preço-teto = até que preço comprar para garantir um dividendo bom                                                            

*O preço-teto do Ações Garantem o Futuro estabelece o máximo a se pagar por uma ação para receber como requisito o mínimo de 6% em dividendos ao ano.

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Ações até R$ 20

Pagando um pouco acima de R$ 10 é possível encontrar outros ativos, como o frigorífico Minerva (BEEF3) e o Banco ABC (ABCB4). O custo dos papéis era R$ 13,40 e R$ 16,55, respectivamente até o dia 27 de abril.

A Minerva (BEEF3) não integra a lista das tradicionais pagadoras de dividendos da Bolsa, mas, segundo analistas, tem forte potencial de remunerar bem os seus investidores em 2022 e nos próximos anos.

Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora, explica que a Minerva é um frigorífico mais focado em carne bovina e, diferente dos seus concorrentes Marfrig e JBS, tem boa parte da sua receita concentrada também nas operações brasileiras.

De acordo com Peretti, a demanda do boi gordo deve aumentar no segundo semestre, favorecendo os resultados operacionais da Minerva. As exportações também devem se beneficiar.

Com isso, o estrategista acredita que a ação ainda está barata, se observado o indicador EV/Ebitda (Valor da Firma Total dividido pelo potencial de geração de caixa). A ação BEEF3 negocia por volta de 4,5 vezes EV/Ebitda, um desconto de aproximadamente 15% em relação aos últimos cinco anos.

Com a expectativa de um ciclo pecuário melhor no Brasil, a Minerva também deve pagar dividendos melhores.

O ativo integra duas carteiras recomendadas de dividendos: da Santander Corretora e da Órama. As casas projetam um dividend yield para 2022 de 5% e 9%, respectivamente.

Com cerca de R$ 17, é possível comprar uma ação do Banco ABC, com um retorno em dividendos de 6%.

Segundo Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, o Banco ABC negocia a um múltiplo razoavelmente barato, com lucros consistentes e bom pagamento de dividendos.

O Banco ABC é o antigo banco Roma, que pertencia à família Marinho e foi vendido para investidores árabes que hoje detém o controle. O seu foco é em crédito para grandes organizações, operando de forma estável e previsível, com risco de crédito baixo e um nível de endividamento conservador.

Soares, portanto, recomenda a compra do ativo até o preço máximo de R$ 21.

Fonte: Levantamento InfoMoney/Economatica-TC        

*Dados até o fechamento de 27/4                         

DY= dividend yield (retorno em dividendos)                    

Preço-teto = até que preço comprar para garantir um dividendo bom   

Ações entre R$ 20 e R$ 30

Com pouco mais de R$ 20, é possível investir em algumas companhias conhecidas por serem, tradicionalmente, boas pagadoras de dividendos. É o caso do BB Seguridade (BBSE3) e Isa Cteep (TRPL4).

Também é possível investir em ativos com potencial de pagar dividendos elevados em 2022, como a Petrobras (PETR4). Para quem busca dividendos interessantes no longo prazo, Alupar (ALUP11) surge como alternativa.

No caso de BB Seguridade, um dos pontos fortes é que a companhia utiliza a capilaridade do Banco do Brasil para comercializar seus produtos. Com isso, a empresa tem acesso a 60 mil pontos de atendimento físico do banco além dos meios digitais, informa Fabio Baroni.

Ele afirma ainda que o setor de seguros no Brasil é bem resiliente e subpenetrado. “No caso do BB Seguridade há uma estimativa de resultado operacional crescendo de 12% até 17% em 2022 em relação ao ano anterior”, comenta. A companhia deve ter um payout (parcela do lucro líquido destinado ao pagamento de proventos) de 80% neste ano.

Em relação a Petrobras, a visão dos analistas é bastante otimista para 2022, com retornos em dividendos entre 17% e 24% – superiores a taxa básica de juros.

Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, afirma que com o preço do petróleo em alta e o dólar subindo, a Petrobras garante uma forte geração de caixa e lucro. A venda de ativos como parte do seu plano estratégico também acaba otimizando a alocação do capital e gerando mais recursos para proventos.

Com cerca de R$ 26, é possível comprar ações da transmissora de energia Isa Cteep (TRPL4). A empresa tem 99% da sua receita atrelada ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o que deve auxiliar ela a continuar distribuindo dividendos elevados aos acionistas, segundo Pedro Serra, chefe de análise da Ativa Investimentos.

“Suas receitas não sofrem a influência do ciclo de negócios doméstico ou internacional”, destaca Serra. Ele aponta também que a companhia dispõe de novos ativos em transmissão e projetos que devem melhorar a sua receita anual permitida (RAP) e destaca que a Ativa acredita que a Isa Cteep deva manter a prática de distribuir 75% do seu lucro líquido em dividendos.

O analista e sócio-fundador da Monett, Felipe Paletta, destaca também a Alupar, uma empresa do setor elétrico focada no segmento de transmissão, que faz parte das carteiras de dividendos da Monett. “Alupar está mais descontada do que Taesa e Isa Cteep”, avalia.

Embora seu dividend yield seja de apenas 5% em 2022, a Alupar tem potencial de elevar esses proventos nos próximos anos. Para 2023, por exemplo, a estimativa do analista é de um dividend yield de 7%.

Segundo Paletta, Alupar é uma das empresas que mais investe no segmento de transmissão na bolsa, com um portfólio que deve crescer até 2024, e, com isso, elevar o dividendo nos próximos anos. Além do dividendo, Paletta afirma ainda que a ação pode valorizar 40% neste ano.

Fonte: Levantamento InfoMoney/Economatica-TC                                                  

*Dados até fechamento de 27/4                                                                     

DY= dividend yield (retorno em dividendos)                                                              

Preço-teto = até que preço comprar para garantir um dividendo bom                                                            

*O preço-teto do Ações Garantem o Futuro estabelece o máximo a se pagar por uma ação para receber como requisito o mínimo de 6% em dividendos ao ano.

Acima de R$ 30

Com pouco mais de R$ 30 é possível adquirir papéis de outras duas empresas: a blue chip Banco do Brasil (BBAS3) e a small cap BrasilAgro (AGRO3).

O Banco do Brasil é um dos queridinhos do investidor de renda passiva e em 2022 deve destinar 40% do seu lucro líquido para proventos (payout).

Rodrigo Crespi, da Guide, explica que o banco tem apresentado resultados robustos e deve voltar a pagar dividendos elevados. “A carteira de agro, de perfil mais defensivo, tem beneficiado o resultado do banco estatal”, aponta.

Já a BrasilAgro embora seja uma empresa pequena tem surpreendido positivamente os investidores, destaca Paletta.

A companhia desenvolve e melhora propriedades rurais, que depois vende por um valor maior, além de estar exposta a commodities agrícolas.

Paletta destaca que no ano passado as vendas da BrasilAgro superaram as expectativas. Mesmo se tratando de uma empresa de crescimento, a small cap tem um dividend yield projetado de 8% para 2022.

No dia 29 de abril, por exemplo, a BrasilAgro vai pagar um dividendo gordo de R$ 2,016.

Fonte: Levantamento InfoMoney/Economatica-TC                                                  

*Dados até fechamento de 27/4                                                                     

DY= dividend yield (retorno em dividendos)                                                              

Preço-teto = até que preço comprar para garantir um dividendo bom                                                            

*O preço-teto do Ações Garantem o Futuro estabelece o máximo a se pagar por uma ação para receber como requisito o mínimo de 6% em dividendos ao ano.