23 FIIs ainda pagam dividendos acima da Selic de 12,75%; confira lista completa

Analistas enxergam oportunidade para FIIs, classe que tem opções com retorno que pode chegar a quase 18% em 12 meses

Mariana Segala

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Não foi surpresa para ninguém: o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cortou a Selic – taxa básica de juros da economia – em 0,50 ponto percentual nesta quarta-feira (20). Foi a segunda queda da taxa, que já havia sido reduzida na mesma magnitude na reunião do colegiado em agosto.

“As medidas mais recentes de inflação subjacente apresentaram queda, mas ainda se situam acima da meta para a inflação”, diz o comunicado, reforçando que, mantido o cenário, o ritmo de corte deverá continuar em 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões.

Com a mudança, chega a 23 o número de fundos imobiliários que seguem oferecendo uma taxa de retorno com dividendos (dividend yield) acima da Selic, agora fixada em 12,75% ao ano. O número considera apenas os FIIs incluídos no Ifix, índice que reúne os fundos mais negociados na B3, e foi compilado pelo InfoMoney a partir de dados da plataforma Economatica.

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A quantidade está em linha com a verificada na última reunião do Copom, quando 24 FIIs tinham dividend yield superior ao então novo patamar da Selic, de 13,25% ao ano. Dessa vez, no entanto, há bem mais opções de FIIs que as 16 observadas no levantamento realizado de junho, e que os 12 fundos na lista do mês de maio.

Com uma taxa de retorno de quase 18% com dividendos, o Cartesia Recebíveis Imobiliários (CACR11) voltou ao topo da lista, seguido pelo RBR Plus Multiestratégia ([ativo=RBRX11]), com dividend yield de 15,77%; pelo Riza Akin (RZAK11), com 15,33%; e pelo Ourinvest JPP, com taxa de 15,32%. Confira a lista completa:

Ativo Fundo Dividend yield nos últimos 12 meses (%) Retorno total nos últimos 12 meses (%)
CACR11 Cartesia Recebíveis Imobiliários 17,69 26,58
[ativo=RBRX11] FII RBR Plus Multiestratégia 15,77 15,39
RZAK11 Riza Akin FII 15,33 11,29
OUJP11 Ourinvest JPP FII 15,32 22,61
VGIR11 Valora CRI CDI FII 15,16 14,89
ARRI11 Átrio Reit Recebíveis FII 15,12 15,65
VCRI11 Vinci Credit Securities FII 14,93 10,31
URPR11 Urca Prime Renda FII 14,49 7,09
HABT11 Habitat II 14,30 14,63
PLCR11 Plural Recebíveis Imobiliários 14,12 23,26
CYCR11 Cyrela Crédito 13,82 23,29
SADI11 Santander Papéis Imobiliários 13,78 10,38
NCHB11 FII NCH Brasil Recebíveis Imobiliários 13,76 2,30
MFII11 Mérito Desenvolvimento Imobiliário FII 13,62 11,85
HGCR11 CSHG Recebíveis Imobiliários 13,61 18,18
HTMX11 Hotel Maxinvest FII 13,58 46,34
KNCR11 Kinea Rendimentos Imobiliários 13,57 13,18
RBRY11 RBR Private Crédito Imobiliário FII 13,39 12,58
MCHF11 Mauá Capital Hedge Fund FII 13,01 13,27
HSAF11 HSI Ativos Financeiros FII 12,99 18,15
TGAR11 FII TG Ativo Real 12,95 10,37
MXRF11 Maxi Renda FII 12,82 23,12
VGHF11 Valora Hedge Fund FII 12,78 12,08

Fonte: Economatica. Dados coletados em 20/09/23.

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O ciclo de redução da Selic iniciado em agosto é visto como um gatilho para “destravar” valor dos fundos imobiliários – e não é pouco. Nas últimas espirais de queda da taxa básica, iniciadas em agosto de 2011, setembro de 2016 e setembro de 2019, o ganho médio do Ifix foi de 24,7%, indica levantamento de Maria Fernanda Violatti, head de fundos listados da XP. Nos três períodos, a Selic foi cortada em 4,75, 7,75 e 3,5 pontos percentuais, respectivamente.

Neste ano, o Ifix acumula valorização de quase 13%, movimento que foi acelerado a partir de abril, quando as discussões sobre o novo arcabouço fiscal do País começaram a amenizar os questionamentos mais pesados sobre as contas públicas brasileiras.

O avanço já ocorrido até aqui, no entanto, não deveria demover os investidores de direcionar novos recursos para os FIIs, avalia André Freitas, sócio-fundador e CEO da gestora Hedge Investments. Na edição do programa Liga de FIIs desta semana, Freitas defendeu que os ganhos com fundos imobiliários num cenário de juros em queda deverão ir além do ajuste entre o valor de mercado e o valor patrimonial das cotas. O desconto entre um e outro permaneceu elevado por meses a fio desde que o Banco Central começou a elevar a Selic, em 2022.

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“Não é só a questão do desconto. As pessoas esqueceram que poderia haver correção no valor patrimonial também”, disse.

Os fundos imobiliários realizam periodicamente – em geral, uma vez por ano – uma reavaliação do preço dos imóveis incluídos em suas carteiras. O valor, naturalmente, é influenciado também pelos aspectos macroeconômicos, como a taxa de juros. “Vamos assistir a uma revisão do valor dos imóveis nos FIIs que será bastante elevada”, defendeu.

“Hoje, já recuperamos o desconto que essa alta de juros cavalar do Banco Central produziu. Falta vermos os imóveis revalorizando, devido à taxa de crescimento do País, puxada principalmente pelo consumo”, afirmou. Para ele, os vários aspectos econômicos positivos derivados da queda da Selic devem “ajudar” os FIIs.

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Produzido pelo InfoMoney, o Liga de FIIs vai ao ar todas as terças-feiras, às 19h, no canal do InfoMoney no Youtube.

Mariana Segala

Editora de Investimentos do InfoMoney