Na reta final da disputa, Massa reforça ideia de união nacional e Milei tenta desacreditar “campanha do medo”

Massa explicou ideia econômicas a empresários e Milei tentou afastar boatos de que fará uma privatização geral no país

Roberto de Lira

O candidato presidencial do Union Por La Patria Sergio Massa fala ao lado do candidato presidencial do La Libertad Avanza Javier Milei durante o debate presidencial antes do segundo turno em 12 de novembro de 2023 em Buenos Aires, Argentina. Os argentinos irão às urnas para o segundo turno entre Javier Milei e Sergio Massa em 19 de novembro. (Foto: Getty Images)

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O ministro da Economia, Sergio Massa, e o ultraliberal Javier Milei encerram nesta quinta-feira suas campanhas oficiais para o segundo turno das eleições presidenciais da Argentina, marcadas para o próximo domingo (19). Nas últimas horas, Massa tentou reforçar suas propostas de união nacional, prometendo incluir membros da oposição em sua futura equipe. Enquanto isso, Milei focou em reduzir os efeitos da “campanha do medo” que tem marcado a reta final da disputa.

Massa participou de almoço com integrantes do Conselho Interamericano de Comércio e Produção (Cicyp) e alertou os empresários que o plano de governo do adversário pode ser trágico para a indústria. “Não ter moeda, não ter uma política de crédito, não ter autoridade monetária, é condenar a indústria argentina ao fracasso”, disse.

Na véspera, Milei também discursou para a Cicyp e Massa aproveitou para contrapor algumas das diretrizes que o adversário defendeu. “Uma abertura indiscriminada da economia acaba com gente nas ruas”, alertou.

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No discurso, Massa disse estar ciente dos erros do atual governo “que feriram e irritaram os argentinos”. “Mais uma vez, peço desculpas. No que me toca e no que não me toca. No próximo dia 10 de dezembro, se você decidir me eleger como seu próximo presidente, começa o meu governo, no qual meus únicos chefes serão os argentinos”, disse, novamente reformando a ideia de união nacional.

Liberal usa o “Milei No” a seu favor

As últimas peças de propaganda de Milei foram marcantes. Numa delas, foi usada a expressão “Milei No”, criada pelos adversários peronistas, para reduzir os efeitos da campanha do medo. Foram mostrados, por exemplo, depoimentos de pequenos empresários e comerciantes durante a pandemia, reclamando das restrições de circulação impostas pelo governo de Alberto Fernández, apoiador de Massa.

O próprio Milei apareceu mais tarde em um outro spot para negar várias das propostas atribuídas a ele. “Não vamos privatizar a saúde. Não vamos privatizar a educação. Não vamos privatizar o futebol. Vamos eliminar a inflação para sempre e os privilégios dos políticos. Não se deixe enganar”, disse na peça de propaganda.

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Mas a campanha continuou forte durante o dia, centenas de pessoas, a maioria funcionários, fizeram um abraço simbólico ao prédio do Banco Central da Argentina, órgão que estaria com seus dias contados num possível governo Milei. Estações de trem estamparam hoje cartazes contra a precarização dos serviços de transporte que uma eventual privatização traria em caso de vitória do ultraliberal

Segundo o jornal Clarín, também a Universidade de Buenos Aires se juntou à campanha contra Javier Milei três dias antes da votação e pronunciou-se em termos muito duros sobre a possível tarifação do ensino universitário e a implementação de um sistema de vouchers. “Se estas políticas forem concretizadas, a UBA terá que fechar as portas”, afirmou o Conselho Superior da instituição.

A campanha da coligação “A Liberdade Avança” não ficou só na defensiva. Foram feiras acusações contra a direção da Gendarmeria (a polícia militar da capital) e estudo para uma fraude eleitoral, com mudanças no conteúdo das urnas e em sua documentação. Irritado, o ministro da Segurança, Aníbal Fernández, anunciou que apresentará uma queixa-crime contra a coligação.