Taxas de juros recuam com IPCA-15 benigno e fechamento da curva de Treasuries

O foco nos indicadores deixou em segundo plano notícias com potencial para modificar o cenário de preços no futuro

Estadão Conteúdo

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Os dados benignos sobre a inflação no Brasil e a queda das taxas dos Treasuries após indicadores mostrarem alta de preços mais contida nos Estados Unidos guiaram o movimento do mercado brasileiro de DI, com os juros futuros recuando ao longo de toda a curva, mas com mais intensidade nos vértices de médio e de longo prazo, onde as taxas chegaram a cair mais de 20 pontos-base. O foco nos indicadores deixou em segundo plano notícias com potencial para modificar o cenário de preços no futuro – como o anúncio de aumento do ICMS sobre combustíveis a partir de fevereiro de 2024.

Dados publicados mais cedo pelo governo dos Estados Unidos apontaram que a economia do país cresceu 4,9% no terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior, em base anualizada, e que mesmo assim o núcleo da inflação medida pelo índice de gastos com consumo (PCE) desacelerou de 3,7% para 2,4% na mesma base de comparação.

O indicador, divulgado a menos de uma semana da próxima decisão do Federal Reserve sobre os juros norte-americanos, provocou queda de 10 a 15 pontos-base ao longo de toda a curva dos Treasuries, com investidores tentando se antecipar aos dados da inflação do PCE referente a setembro, que serão publicados na sexta-feira.

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Além da pressão vinda de fora, também pesou sobre as taxas de DI a divulgação do IPCA-15 de outubro, que apesar de ter subido mais do que o mercado previa, muito em função de uma alta significativa no preço das passagens aéreas, apontou desaceleração tanto dos núcleos quanto da inflação cheia.

“O IPCA-15 mostrou que tem espaço para o Banco Central cortar juros em ritmo mais forte. O problema é que não pode acelerar justamente porque nos Estados Unidos a gente não sabe se o Fed vai precisar aumentar a taxa de juros”, disse Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.

Rodrigo Correa, estrategista da Nomos, ressalta que a influência externa sobre o mercado de juros brasileiro está mais forte nas últimas semanas, principalmente por causa das dúvidas a respeito da trajetória das taxas americanas, e que isso já restringiu as expectativas de até onde a Selic pode cair no ano que vem.

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Embora as preocupações com o exterior prevaleçam, investidores também monitoram notícias domésticas com potencial para modificar o cenário fiscal e de preços que nesta quinta tiveram pouco impacto nos preços, como a decisão do Confaz de elevar o ICMS sobre combustíveis a partir de fevereiro do ano que vem.

Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, considera que embora estas notícias sejam relevantes para o cenário econômico, o foco dos investidores está muito mais voltado para eventos com impacto no curtíssimo prazo.

Elcio Cardozo, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital, aponta que a cautela trazida pelo noticiário doméstico pode ter sido tímido diante do forte movimento de queda registrado nesta quinta entre as taxas de DI. “Se a gente pegar a curva curta, de 2024, está 0,08 negativa. Não está acompanhando essa queda muito grande, está vendo queda maior para juros mais longos. Talvez o mercado entenda que todas estas notícias façam um impacto na curva curta, mas na curva longa, não”, avaliou.

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A taxa para janeiro de 2025 fechou a 10,805%, de 10,923% no ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 recuou a 10,755%, de 10,997% na mesma base de comparação. A taxa para janeiro de 2029 teve queda para 11,170%, de 11,438% no ajuste de quinta-feira.

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