Ações de construtoras fecham em queda de até 16%: o que derrubou o setor na sessão?

Volatilidade em meio ao noticiário sobre julgamento no STF sobre correção do FGTS, alta dos juros futuros e anúncios específicos abalaram ativos

Equipe InfoMoney

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A sessão foi de perdas para as ações da maior parte das construtoras, por diversos fatores macro e micro que estão no radar do setor.

Após alívio na véspera, o novo dia de alta dos principais contratos de juros futuros pressiona os ativos das empresas, uma vez que juros mais altos (ou com quedas menores) afetam o custo de crédito e a demanda por imóveis.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,242%, ante 12,245% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,98%, ante 10,977% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2026 estava em 11,865%, ante 10,851%. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,125%, ante 11,089%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,43%, ante 11,376%.

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Além disso, como já esperado, o noticiário envolvendo a correção monetária dos valores do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), cujo julgamento será retomado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no próximo dia 18, gera volatilidade no setor.

O efeito negativo é principalmente para as empresas voltadas ao segmento de baixa renda. Uma mudança no cálculo de correção do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço impacta as companhias, uma vez pode acarretar em um grande aumento de custos para a operação de projetos financiados pelo fundo. Um dos mais significativos e que afeta diretamente a saúde das construtoras é o Minha Casa, Minha Vida (MCMV), causando pressão no mercado.

Com isso, Tenda (TEND3, R$ 11,50, -9,02%), Cury (CURY3, R$ 15,35, -2,42%), Plano&Plano (PLPL3, R$ 8,26, -5,38%), MRV (MRVE3, R$ 9,09, -3,61%) e Direcional (DIRR3, R$ 17,45, -4,85%) tiveram um pregão de forte queda na Bolsa, ainda que muitas tenham se afastado das mínimas do dia.

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Nesta quinta-feira, a XP Política destacou em nota que a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) protocolou no Supremo um memorial, com dados de um estudo realizado pela Caixa Econômica, alertando que a mudança na remuneração do FGTS, equiparada à da caderneta de poupança, vai aumentar em 3% a taxa de juros, prejudicando a parcela de beneficiários de menor renda do MCMV.

Segundo os dados da Caixa, mantida a proposta do voto do relator, presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, 75% das famílias seriam excluídas do MCMV. Outro ponto a ser destacado é o prejuízo de R$ 99 bilhões que a mudança causará ao fundo em 10 anos, segundo o banco público.

A XP Política destacou em nota que, publicamente, o presidente do STF não tem dado sinais de que possa modificar o seu voto, em atendimento aos apelos da União. Por outro lado, nos bastidores, se fala que os novos argumentos trazidos pela Caixa estão gerando reflexões em integrantes da Corte que estavam inclinados a acompanhar o relator pelo estabelecimento da poupança como piso remuneratório.

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Notícias mais específicas de empresas também estão no radar dos investidores.

A Tenda anunciou convocação de assembleia extraordinária de acionistas para aprovar proposta de redução de capital social para absorção de prejuízos acumulados. A companhia afirmou que a proposta envolve redução do capital em R$ 419,47 milhões.

A empresa não pretende cancelar ações, nem restituir qualquer valor aos acionistas pela diminuição do capital. Se aprovada a proposta, o capital da Tenda passará a ser de R$ 910,73 milhões, dividido em 123.094.246 ações ordinárias.

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“Com essa mudança, a Tenda deverá ser capaz de reiniciar o pagamento de dividendos mais rapidamente, à medida que os lucros passarem para território positivo nos próximos trimestres. Além disso, uma redução de capital permitiria à empresa recomprar ações que estão atualmente em contratos de swap, a fim de melhorar o seu programa de opções de ações”, disse o Bradesco BBI em breve comentário.

Fora do segmento voltado para baixa renda, Mitre (MTRE3), que atua na média e alta renda na Grande SP, registrou uma queda ainda mais forte de suas ações, de 16,29%, a R$ 3,70. Na mínima do dia, os papéis tiveram baixa de 20,59%, a R$ 3,51.

Na véspera, a companhia informou que seu conselho de administração aprovou a compra de quatro imóveis em Trancoso (BA), que pertenciam ao acionista controlador Fabrício Mitre, por um valor de R$ 13,5 milhões.

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Fatores como a empresa ter feito aquisição fora de sua região principal de atuação e de ter comprado as propriedades do CEO e conselheiro da empresa não agradaram os investidores.

O documento de ontem informava apenas que a compra seria para desenvolver um projeto imobiliário no local dos empreendimentos.

Já em comunicado enviado à CVM às 12h23, a Mitre deu mais detalhes da operação, apontando que ela  está relacionada ao rebranding e relançamento da marca Daslu, que foi adquirida recentemente pela empresa.

A Mitre assinará empreendimentos imobiliários de altíssimo padrão com a marca Daslu Properties e prevê que os empreendimentos serão desenvolvidos em 14 meses e deverão ser lançados em breve.

“Reenfatizamos que a Mitre Realty continua focada no seu negócio principal que é desenvolver empreendimentos imobiliários de médio, alto e altíssimo padrão na cidade de São Paulo, que
inclusive contará com um empreendimento com a assinatura Daslu, no bairro dos Jardins [na capital paulista], no ano que vem”, disse a companhia no comunicado.

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