Mitre (MTRE3): entre queda de 16% das ações após compra e dados operacionais fortes, qual o saldo para a construtora?

Ações desabaram, na semana passada, após compra de terrenos de sócio para construção de projeto da Daslu na Bahia, mas BBI segue com "buy" para ativos

Camille Bocanegra

As áreas comuns têm playground, bicicletário, piscinas, espaço fitness entre outros.

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Os últimos dias foram movimentados para a construtora Mitre (MTRE3), construtora e incorporadora com foco nos segmentos de média e alta renda em São Paulo.

Nesta segunda, a companhia divulgou seus dados operacionais com aumento de vendas brutas e do número de lançamentos no terceiro trimestre de 2023.

A construtora atingiu R$ 332 milhões em vendas brutas, com crescimento de 57,8% em relação ao terceiro do ano passado, totalizando R$ 840 milhões no acumulado anual. A evolução, em relação ao mesmo período do ano passado, foi de 37,5%,

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Nas vendas líquidas, o valor foi de R$ 300 milhões, considerado o terceiro melhor trimestre da empresa e representando aumento de 82,2% no resultado do 3t22. Entre os lançamentos do trimestre, a empresa destacou um total de R$ 524 milhões, somando R$ 944 milhões no acumulado anual, ainda que tenha havido queda nos lançamentos totais em relação ao terceiro trimestre de 22 (-61,8%) e ao segundo trimestre de 23 (-15,3%).

Queda acentuada nas ações na quinta

A empresa passou por forte queda na semana passada e chegou a ter com recuo de mais de 20% na quinta, fechando em queda de 16,29% na ocasião.  A primeira notícia que se tinha era o anúncio, feito no dia anterior, da aquisição de bens pertencentes ao acionista controlador e a informação, por si só, não foi bem recebida por investidores.

Na análise do Bradesco BBI, por se tratar de projeto relativamente pequeno e com potenciais retornos atrativos (33% de taxa de retorno, de acordo com a administração), a aquisição em si não deveria ter causado esse efeito para as ações. O que mais afetou a percepção dos investidores, na interpretação do banco, foi a governança da companhia.

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Os bens eram da propriedade do acionista controlador Fabrício Mitre e são localizados na Bahia. Trata-se de quatro imóveis em Trancoso (BA) que foram adquiridos pela companhia por R$ 13, 5 milhões. A localização da propriedade e a aquisição de imóveis de sócio proprietário causaram a primeira queda nas ações, que se seguiu com segundo comunicado, com mais detalhes sobre a operação.

Trata-de se um rebranding e relançamento da marca Daslu, adquirida recentemente pela empresa. As ações não se recuperaram com a notícia.

Para o BBI, isso indica “que o mercado está dando maior importância ao processo de governança envolvendo partes relacionadas do que à potencial lucratividade do projeto e/ou à estratégia de alto padrão em evolução da Mitre com a marca Daslu”.

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Na interpretação do banco, ainda que a venda tenha sido realizada com desconto de 10% e que a transação tenha sido submetida à aprovação do conselho, com abstenção do conselheiro interessado, a operação seguiu sem ser vista com bons olhos.

“É de conhecimento comum no mercado que transações com partes relacionadas são frequentemente percebidas de forma negativa, e manchas na governança podem ser difíceis de serem removidas, especialmente em uma empresa de pequeno porte com uma história relativamente curta como empresa listada”, disse em relatório.

O banco destacou que uma operação de R$ 13,5 milhões fez com que a empresa perdesse, na sessão de quinta, cerca de R$ 75 milhões em valor de mercado, tamanha a importância dada para a governança no contexto atual, por investidores.

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Em relação ao projeto em si, que tem como objetivo a construção de três casas de sete suítes com 700 metros quadrado cada com preços de R$ 15 milhões, perfazendo R$ 45 milhões, o banco entende que poderá trazer riscos de execução de uma nova frente estratégica fora de São Paulo.

Esses desafios serão acompanhados por questões de comunicação em termos de governança, como se viu com as fortes perdas na última semana.

Já sobre os dados operacionais apresentados nesta segunda, o BBI aponta que os lançamentos e vendas registraram sólidos números no 3T23, após um primeiro semestre mais conservador em termos de lançamentos, enquanto o LTV (Lifetime Valu,  uma estimativa da receita média que um cliente irá gerar ao longo de sua vida como cliente) permaneceu confortável em 40% no trimestre, mantendo o colchão para entregas à frente.

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Além disso, o trimestre reforçou a capacidade da empresa de ser assertiva em seus produtos, com o projeto Essência Brasileira registrando velocidade de vendas de 12% em apenas um final de semana de lançamentos.

O BBI mantém recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para MTRE3, pois a ação combina uma avaliação atraente e um impulso de lucros decente (ROE, ou retorno sobre o patrimônio líquido, de 16% esperado para 2024).

Nesta segunda, os papéis operam estáveis, a R$ 3,73, mas acumulam baixa de cerca de 19% no mês.

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