Embraer (EMBR3) desaba quase 10%, Ultrapar (UGPA3) e Tenda (TEND3) disparam cerca de 11%: veja mais reações aos resultados

Sessão é novamente de extremos para empresas que divulgaram os seus números dos primeiros três meses do ano

Lara Rizério

(Getty Images)

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Mais uma sessão de balanços, mais um dia de fortes extremos para as ações no pregão desta quinta-feira (4) na Bolsa brasileira.

Os ativos da Embraer (EMBR3) fecharam em queda de 9,71%, a R$ 16,92, entre os destaques de baixa após o balanço, enquanto Ultrapar (UGPA3) e Tenda (TEND3) subiram, respectivamente, 11,81% (R$ 16,19) e 10,96% (R$ 6,58) após os resultados, sendo destaques de ganhos.

Entre as baixas, Lojas Quero-Quero (LJQQ3), Eletromidia (ELMD3), CSN Mineração (CMIN3), PRIO (PRIO3) tiveram queda entre 2% e 5%, enquanto Simpar (SIMH3) e CSN (CSNA3) caíram cerca de 6,5%.

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Já entre as altas, além de Ultrapar e Tenda, GPA (PCAR3) e Renner (LREN3) subiram mais de 6%, enquanto Dexco (DXCO3) saltou mais de 7%, ganhando impulso na reta final do pregão.

Confira o que os analistas acharam dos resultados destas e de outras companhias:

temporada de balanços

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Ambev (ABEV3)

A Ambev apresentou lucro líquido consolidado de R$ 3,819 bilhões no primeiro trimestre de 2023, o que representa um crescimento de 8,2% em relação ao mesmo período do ano passado.

O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 6,444 bilhões, alta de 16,7% no conceito “reportado” e de 39,9% no conceito “orgânico”.

A receita líquida foi de R$ 20,531 bilhões entre janeiro e março, alta de 11,3% no conceito reportado e de 26,5% no orgânico, ambos ante igual etapa do ano anterior.

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Para o JPMorgan, a Ambev reportou um sólido Ebitda, ficando 7% acima da sua estimativa e 9% acima do consenso, com uma expansão de margem de 140 pontos-base. Já o lucro por ação superou a sua estimativa em 10% e o consenso em 22%. O destaque positivo do trimestre foi para cerveja Brasil, com uma expansão de margem a 30,7%, muito mais forte do que o esperado, com uma combinação de preços fortes e Custos de Produtos Vendidos (CPV) por hectolitros mais suaves.

“Isso compensa um dos destaques negativos que foi uma expansão do volume de cerveja no Brasil de apenas 0,8%, abaixo da nossa previsão de 3% e da faixa de expectativa da maioria dos investidores que falamos de 3% a 5%, especialmente à frente do 2T-3T, que oferece bases de comparações mais difíceis. O outro destaque negativo foi o desempenho geral do internacional, principalmente em LAS (América Latina Sul, que inclui operações na Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Chile)”, avalia.

Mas, no geral, os analistas acreditam que esses resultados oferecem uma visão de alta para os números de consenso, além de uma visão positiva com recuperação de rentabilidade (algo que o JP tinha em mente apenas para o segundo semestre).

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A XP também ressalta que a Ambev registrou um trimestre sólido, com expansão na margem consolidada impulsionada principalmente por Cerveja Brasil e NAB (não alcoólicos), enquanto vê melhorias em LAS apesar das pressões inflacionárias ainda existentes, o que mais do que compensou a contração nas margens de CAC (América Central e Caribe) e Canadá.

As iniciativas de gestão de receita, mix favorável de marcas, melhora na dinâmica do canal on-trade, mix de embalagens mais rentável e a retomada, há muito esperada, de eventos sociais importantes (Carnaval) são as principais razões para sustentar o aumento de 26,9% na receita líquida/hectolitro consolidada, avalia a casa.

“Esperamos que essas tendências ganhem mais importância do que o volume nos próximos trimestres, o que deve acelerar o ritmo de recuperação da margem, em nossa opinião. Entretanto, a resiliência na pressão de custos é algo a acompanhar, mas esperamos um desempenho positivo para as ações”, avaliam os analistas.

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Embraer (EMBR3)

A Embraer reportou prejuízo líquido ajustado de R$ 466,9 milhões no primeiro trimestre de 2023, ante perdas de R$ 412,3 milhões no mesmo período do ano passado. Assim, houve alta de 13,2% no prejuízo da empresa no período.

De janeiro a março, o prejuízo líquido atribuído a acionistas da Embraer foi de R$ 368,3 milhões, alta ante as perdas de R$ 170,7 milhões do mesmo período de 2022. O prejuízo, assim, expandiu 115%, informou a companhia no balanço financeiro divulgado nesta quinta-feira.

O Ebitda da Embraer ficou negativo em R$ 52,9 milhões no primeiro trimestre, representando alta ante a perda de R$ 1,1 milhão de janeiro a março do ano passado. Com isso, a margem Ebitda ficou negativa em 1,4% no período, ante resultado estável (0,0%) um ano antes.

Já o Ebitda ajustado da Embraer foi de R$ 53,9 milhões no trimestre, crescendo em relação aos R$ 45,4 milhões no mesmo período de 2022, o que representou alta de 18,72%.

De acordo com o Itaú BBA, a sazonalidade desfavorável em termos de entregas e fluxo de caixa não sugeriam um trimestre forte para a Embraer. No entanto, receita líquida e Ebitda ficaram abaixo das estimativas do consenso de mercado.

“Notamos uma deterioração na rentabilidade das divisões comercial e executiva, tanto anual quanto trimestralmente. A Embraer atribuiu isso principalmente a: i) altos descontos na divisão comercial devido à concorrência dos E2s com a Airbus; ii) desenvolvimento de novas configurações de aeronaves comerciais; e iii) efeitos positivos não recorrentes no 1T22”, destaca o banco.

Apesar da queda no 1T23, a empresa disse que veio bem em linha com suas expectativas e os executivos estão confiantes nas entregas, rentabilidade e geração de caixa para o ano e reiteraram o guidance.

Para o Bradesco BBI, apesar das entregas fracas no 1T23 que impactaram as margens de lucratividade, a empresa ainda está no caminho certo para entregar seu guidance de 2023 de 65-70 aeronaves comerciais e 120-130 jatos executivos, beneficiando-se da melhoria gradual no fornecimento de turbinas.

Os analistas também esperam que o crescimento da Embraer no setor de defesa, com parcerias estratégicas nos Estados Unidos e na Europa, amplie sua lucratividade nos próximos anos. Assim, mantém recomendação equivalente à compra para os ADRs (recibo de ações, ou ativos negociados na Bolsa de Nova York) ERJ da companhia, com preço-alvo para 2023 de US$ 24,00.

CSN (CSNA3)

A CSN (CSNA3) reportou prejuízo líquido de R$ 823 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), revertendo lucro líquido de R$ 1,364 bilhão no mesmo intervalo de 2022.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 3,203 bilhões no 1T23, uma redução de 32% em relação ao 1T22.

Para o Bradesco BBI, os resultados da CSN para o 1T23 foram um tanto quanto mistos – a divisão de minério de ferro e a divisão siderúrgica trouxeram números um pouco mais fracos do que o esperado, enquanto cimento foi mais forte que o previsto (impulsionado por volumes maiores e custos menores). Como resultado, a CSN reportou Ebitda em linha com o esperado. A geração de caixa foi fraca, com a alavancagem subindo novamente.

A Genial também avalia que a CSN ainda sofre com sua alavancagem alta, com a maior parte dos seus negócios enfrentando dificuldades para entregar resultados melhores no curto prazo.

A alavancagem, atingindo uma relação de 2,5 vezes a dívida líquida/Ebitda, e o fluxo de caixa, também chamaram a atenção do lado negativo na visão do BBA.

“Os vencimentos da dívida não são curtos, mas caso haja uma deterioração nos resultados a relação pode incomodar um pouco. (..)  Olhando para frente, acreditamos em uma melhora no resultado de siderurgia e cimento (com ambas as divisões vindo de uma base fraca de comparação), mas preços mais baixos de minério podem afetar a mineração. Na siderurgia, acreditamos que a demanda ainda precisa mostrar sinais mais claros de retomada para que os aumentos de preço pretendidos sejam de fato bem sucedidos”, avaliam.

CSN Mineração (CMIN3)

A CSN Mineração (CMIN3) registrou lucro líquido de R$ 516 milhões no primeiro trimestre de 2023, queda de 30% frente aos R$ 739 milhões registrados na comparação com o mesmo período de 2022.

Já o lucro antes dos juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado chegou a R$ 2,01 bilhões ao final de março. O resultado representa um recuo de 16% ante o primeiro trimestre de 2022, mas também simboliza um avanço de 13% na comparação com os três meses imediatamente anteriores.

“Os resultados do primeiro trimestre ficaram um pouco abaixo de nossas expectativas devido a custos acima do esperado. Por outro lado, os preços praticados e os embarques de minério de ferro vieram um pouco mais fortes do que nossas estimativas”, avalia o BBI.

Olhando para o futuro, esperam que a dinâmica dos lucros permaneça saudável em meio a melhorias de volume e as condições de oferta restritas da commodity, enquanto a empresa deve distribuir dividendos robustos (calculamos um rendimento de dividendos de quase 15% para 2023).

A Genial avalia que a empresa trouxe um aumento no Ebitda, mesmo com a sazonalidade penalizando as suas vendas.

Para a XP, a CSN Mineração reportou resultados levemente positivos no 1T23 também apontando que, embora a sazonalidade natural mais fraca do 1T tenha impactado o desempenho dos volumes sequenciais, houve melhores preços realizados, o que impulsionou a melhora sequencial do Ebitda. Além disso, a CSN Mineração reiterou seu guidance de produção de 39-41 milhões de toneladas para 2023, mencionando problemas não materiais relacionados à estação chuvosa durante o 1T23.

Dexco (DXCO3)

A Dexco (DXCO3), ex-Duratex, registrou um lucro líquido de R$ 154,329 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), queda de 31% na comparação com igual período de 2022.

A empresa de louças e produtos para construção civil teve lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado e recorrente de R$ 351,129 milhões, 30,3% menor ante janeiro a março de 2022.

O BBI vê a Dexco superando as suas expectativas para o 1T23. Os resultados de painéis de madeira continuaram sendo um destaque positivo, dando algum suporte aos resultados consolidados, enquanto as demais divisões apresentaram números muito baixos.

“Notamos que os números de painéis de madeira foram em parte impulsionados pela venda oportunista de madeira para terceiros -a empresa não divulgou o impacto exato desse fator nos resultados, o que questiona a sustentabilidade da recuperação registrada nas margens (6 p.p. no trimestre, para 29%). Além disso, a trajetória/ritmo de recuperação da Deca e dos Revestimentos Cerâmicos continua incerta”, avalia.

Assim, diante disso, o banco mantém recomendação nutra para DXCO3. “À luz das persistentes incertezas macroeconômicas no Brasil e da alta exposição da Dexco à atividade de construção de varejo, não achamos que seja hora de nos tornarmos mais construtivos”, aponta.

O Goldman também vê o segmento de painéis de madeira “salvando o dia” da Dexco, com o resultado sendo considerado neutro pelo banco. A recomendação para os ativos segue neutra.

“Acreditamos que a Dexco provavelmente enfrentará uma combinação de um ambiente macro desafiador, juntamente com desempenho operacional abaixo do ideal nas telhas Deca/Cerâmica e capex elevado em tempos de ganhos fracos”, avalia.

PRIO (PRIO3)

A PRIO (PRIO3) registrou lucro líquido de US$ 231,3 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), montante 1% superior ao reportado no mesmo intervalo do ano passado.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) totalizou US$ 352,1 milhões no 1T23, um crescimento de 56% em relação ao 1T22.

Para a XP, a PRIO reportou mais um conjunto de bons resultados, embora ainda afetado por efeitos pontuais que deverão desaparecer com o tempo. O Ebitda ajustado ficou em linha com a expectativa da casa e ligeiramente abaixo do consenso (-4%), quase dobrando em relação ao 4T22 (devido a maiores offtakes, ou vendas, de petróleo) e atingindo um novo recorde histórico.

Apesar do petróleo de Albacora Leste aparecer pela primeira vez nos resultados do PRIO, o lifiting cost (custo de extração) permaneceu em um dígito e a alavancagem, controlada. O fluxo de caixa livre deve aumentar nos próximos trimestres, impulsionado pelo aumento da produção.

Portanto, na ausência de uma nova compra, a empresa deve começar a desembolsar caixa aos acionistas em breve. “Consideramos que a PRIO é um dos melhores veículos para estar exposto aos preços do petróleo e mantemos a nossa recomendação de compra”, avalia.

A Genial apontou que a empresa teve resultados ligeiramente abaixo do consenso. Como principais motivos para tal performance, a queda na produção do campo de Polvo e Tubarão Martelo devido a uma parada técnica ao longo de oito dias e a conclusão da aquisição de Albacora Leste, que naturalmente, “traz consigo um custo relacionado a sua transição e uma operação que ainda deve ser otimizada pela Prio ao longo dos próximos meses”, segundo a casa.

Apesar da alta produção alcançada, o lifting cost teve um ligeiro incremento versus 4T22, ficando em US$ 9,5/barril (ante US$ 8,6 no 4T22) devido a incorporação de Albacora e as paradas técnicas de oito dias no campo TBMT + Polvo.

“De acordo com as nossas estimativas, se não considerarmos nenhuma nova aquisição, a empresa deve fechar o ano de 2023 com endividamento praticamente zero – e por quê não pensar em dividendos na ausência de novas aquisições?”, questiona a Genial.

Considerando a geração de caixa recorrente no 1T23 (Fluxo Operacional – Investimentos Recorrentes – Impostos – Resultado Financeiro), a geração de caixa livre recorrente teria sido de cerca de R$ 1,1 bilhão (cerca de 15% de rendimento em termos anualizados em relação ao valor de mercado da companhia). Considerando que o case da empresa é de crescimento, os analistas acham esse nível de geração de caixa confortável se pensar na mesma enquanto um “carrego” – ou seja, o custo de oportunidade de se manter as ações é bem razoável tendo em vista todo o crescimento de produção que a mesma deve seguir apresentando.

De acordo com a Levante Ideias de Investimentos, as ações da companhia poderão destravar mais valor. Isso porque a produção deve seguir aumentando e a empresa estima atingir produção de 130 mil barris por dia até o ano de 2026.

Taesa (TAEE11)

A Taesa (TAEE11) registrou lucro líquido de R$ 386,8 milhões no primeiro trimestre de 2023, em queda de 30,9% em relação ao lucro líquido de R$ 559,9 milhões do primeiro trimestre de 2022.

O Conselho de Administração da Taesa elegeu Rinaldo Pecchio como novo diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, informou a elétrica na última quarta-feira. Pecchio tomará posse em 15 de maio, disse a empresa em comunicado.

Os analistas da XP avaliaram terem uma avaliação neutra do resultado da Taesa no 1T23, pois veio em linha com as suas expectativas. O aumento da margem EBITDA (+0,9 ponto percentual frente o 1T22) pode ser explicado pela correção monetária da RAP (Receita anual Permitida) do ciclo 2022-2023 (10,7% no IGP-M e 11,7% no IPCA) e pelo início das operações de Sant’Ana.

“Não vemos nenhum gatilho para crescimento no curto prazo e mantemos nossa recomendação Neutra para TAESA, com preço-alvo de R$ 37 por unit”, apontam.

A Genial também tem recomendação neutra para a ação. “Como é característica da empresa, nesse trimestre a Taesa apresentou novamente um resultado operacional em linha com as expectativas do mercado, reforçando o que já falamos outras vezes sobre a empresa de ter qualidade operacional e entregar o que se espera em termos de geração de valor”, apontam os analistas da casa.

Porém, alguns fatores chamaram a atenção dos analistas, como o rumor que circulou dias atrás, apontando para uma possível capitalização da empresa, que segundo eles seria negativo, uma vez que, visto os altos níveis de dividendos que a empresa pagou nos últimos anos. Assim, uma capitalização nesse momento passa a sensação de uma gestão não tão eficiente na alocação dos recursos da companhia, além de diluir a atual base de acionistas e dos custos da operação, avaliam.

Além disso, a Taesa, nas estimativas da equipe de análise, já se encontra precificada, negociando com um prêmio em relação a seus pares, sem fundamentos superiores ou maior capacidade de execução que justifique esse prêmio fora o pagamento de dividendos acima de seus concorrentes.

A empresa é a mais alavancada dentre os pares (3,9 vezes a relação entre dívida Líquida/Ebitda em doze meses), em um cenário de juros altos e com um leilão de transmissão à vista. Aliado a isso, 60% da receita da companhia está atrelada ao IGP-M, que vem arrefecendo nos últimos meses. Acrescenta-se o fato da empresa ter o menor prazo de concessão médio dentre as empresas do segmento.

Tenda (TEND3)

A Tenda (TEND3) reportou prejuízo líquido de R$ 41,9 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), montante 37,8% inferior ao reportado no mesmo intervalo de 2022.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 49,6 milhões no 1T23, um crescimento de 956,3% em relação ao 1T22.

A XP ressalta que a Tenda divulgou resultados fracos, como esperado, no 1T23, mas mostrando sinais mais claros de recuperação da rentabilidade. A receita líquida aumentou 12% no ano, ajudada pelo impacto positivo de provisões.

Além disso, a margem bruta ajustada acelerou (mas ainda sob pressão), alcançando 22,7% (+9,6 p.p. no trimestre). O ponto baixo, na visão dos analistas, foi o lucro líquido, impactado por maiores despesas financeiras (+20% na base anual).

“Por fim, como a alavancagem financeira atingiu 67% (+100 pontos-base no trimestre), reiteramos a venda da carteira de recebíveis e o Pode Entrar como fatores importantes na redução da alavancagem financeira no curto prazo. Mantemos nossa recomendação neutra com preço-alvo de R$ 11,00/ação”, avaliam.

O Bradesco BBI vê os números operacionais da Tenda como levemente positivos, com o resultado final amplamente esperado, enquanto a geração de caixa de R$ 45 milhões (incluindo a venda de recebíveis) foi adequada.

Além disso, a melhoria da margem bruta no 1T23 aponta para uma perspectiva mais positiva no futuro (projetos de 2020 com uma margem bruta negativa de 48% contra projetos de 2023 com uma margem bruta de 41%). O adicional de R$ 397 milhões em Valor Geral de Vendas (VGV) que a Tenda obteve com a oferta do programa Pode Entrar foi um evento importante, que proporcionou um alívio em relação ao covenant (obrigações atreladas a indicadores financeiros que a empresa assume com o credor) da dívida da empresa, embora a tese de investimento da Tenda dependa em grande parte do futuro do programa MCMV e das discussões pendentes no Supremo Tribunal Federal sobre os ajustes do FGTS.

“Apesar da evolução positiva da empresa, estamos mantendo a recomendação neutra paras as ações com um preço-alvo de R$ 8,00 para o final de 2023, com base no risco de execução de curto prazo para sua história de recuperação e na pendência em relação à decisão do Supremo Tribunal Federal [que pode afetar o Minha Casa Minha Vida])”, ressaltam os analistas.

A Genial, por sua vez, aponta que a Tenda continua apresentando resultados fracos, como consequência dos erros do passado. A composição do resultado ainda leva em consideração parcela significativa de projetos lançados em 2021, antes da grande revisão orçamentária da companhia.

Na época, a Tenda não provisionava adequadamente a inflação, que foi especialmente alta para o setor entre 2020 e 2021, fazendo com que os projetos lançados pré-revisão fossem deficitários. Como projetos imobiliários têm duração de cerca de 2 anos, o impacto desses projetos serão vistos até o final de 2023, mas reduzindo cada vez mais o impacto negativo.

“Dito isso, acreditamos que a Tenda pós-2022 tem seu valor e remete à Tenda de 2017-2019, mas os erros do passado ainda pesam mais. Esperamos que até o 1T24, todas a pendências do passado terão sido resolvidas, de forma que olharemos apenas a ‘nova Tenda’, com margem bruta saudável e lucrativa”, avalia a equipe de análise.

Para a Genial, a questão é o quão custosa será essa solução. “O management tem feito um trabalho excelente tanto para evitar soluções caras, quanto para garantir que, após resolvido o passado, a empresa estará redonda. A questão que fica é se mesmo com uma gestão tão boa, a alternativa cara (aumento de capital) será evitada. O programa Pode Entrar pode ser a bala de prata tão esperada, mas, por ora, preferimos esperar um cenário mais claro e por isso seguimos com recomendação de manter para Tenda”, avalia.

Simpar (SIMH3)

A Simpar (SIMH3), controladora da Movida (MOVI3), JSL (JSLG3), Vamos (VAMO3), entre outras empresas, registrou lucro líquido de R$ 77 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), com queda de 77% sobre igual período do ano passado.

A holding, por sua vez, apontou crescimento de 30% no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês), para R$ 2 bilhões, um recorde para a empresa. A receita bruta avançou 63%, chegando a R$ 8,2 bilhões.

Para a Genial, mesmo em um trimestre sazonalmente mais fraco, a Simpar segue reportando resultados operacionais sólidos.

No entanto, a alavancagem ainda relativamente elevada das controladas, aliado a contínuos investimentos em novos processos de fusão, que por sua vez ainda não se maturaram, fazem com que a taxa de juros ainda alta continue prejudicando o resultado financeiro e pressionando o lucro dos resultados.

A alavancagem da holding subiu 0,2 vez em relação ao trimestre anterior, finalizando o primeiro trimestre do ano em 3,7x (se aproximando ainda mais do covenant de 4 vez).

Por fim, a Simpar juntamente com a Movida e CS Brasil realizou recompras parciais de bonds, além da antecipação de dívidas locais vincendas entre 2023 e 2025. Com isso, a holding reduziu em 1,3 p.p. o seu custo de dívida em relação ao 4T22.

Para a XP, a Simpar reportou resultados neutros no 1T23. Os destaques positivos foram: (i) crescimento da receita da Automob, devido às aquisições durante 2022; (ii) continuidade do forte desempenho operacional positivo da Vamos; e (iii) os resultados positivos da JSL à medida que a empresa continua sua abordagem de eficiência de custos para lidar com o cenário atual.

Já os destaques negativos foram: (i) resultado fraco da Movida com a redução da lucratividade; e (ii) aumento da alavancagem.

EDP – Energias do Brasil (ENBR3)

A EDP (ENBR3) registrou lucro líquido de R$ 486,8 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), montante 6,9% inferior ao reportado no mesmo intervalo do ano passado.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado recorrente totalizou R$ 1,128 bilhão no 1T23, um crescimento de 6,2% em relação ao 1T22.

GPA (PCAR3)

O GPA (PCAR3), controlador da bandeira de supermercados Pão de Açúcar, divulgou prejuízo líquido consolidado das operações de R$ 248 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), sendo prejuízo de R$ 269 milhões no Novo GPA Brasil (continuado), perda de R$ 46 milhões no perímetro internacional (Cnova) e ganhos de R$ 67 milhões das atividades descontinuadas, informou o grupo nesta quarta-feira (3). O número é comparado a um lucro consolidado de R$ 1,4 bilhão registrado em igual período do ano passado (1T22).

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado caiu 0,1% na mesma base de comparação, para R$ 224 milhões.

Leia também: GPA (PCAR3) mira retomada das margens e estima até R$ 800 milhões com venda de ativos

O Bradesco BBI destacou que as margens vieram abaixo de sua expectativa, mas ressaltou como positivo o crescimento de 6,3% nas vendas nas mesmas lojas (SSS, em inglês).

“Apesar da margem Ebitda aquém, existem sinais positivos no 1T23, como a revisão de sortimento, nível baixo de estoques e melhoria nos serviços de entrega, embora as vendas online tenham recuado no comparativo trimestral”, avaliou o Bradesco BBI, em relatório.

Na avaliação da Genial, os números do Novo GPA Brasil foram em linha. “Resguardada as devidas proporções sazonais, observamos uma melhora sequencial da operação, com incremento de margem bruta e Ebitda ante 3T22 e 4T22”, avalia.

No trimestre, o Novo GPA Brasil abriu 6 novas unidades, sendo 3 novos Minutos Pão de Açúcar, 2 no formato Pão de Açúcar e 1 Mini Extra, além de 3 conversões de lojas Compre Bem para Mercado Extra.

A receita bruta reportada ex-gasolina foi de R$ 4,5 bilhões, alta de 15,4% , com crescimento de duplo dígito nos três formatos ano contra ano. “Quando olhamos para o Same Store Sales, a única marca que apresentou um desempenho abaixo da inflação do foi o Mercado Extra/Compre Bem, registrando um SSS de 2,2%, em contrapartida, as bandeiras Minuto e Pão de Açúcar desempenharam acima, marcando 12,4% e 7,5%, respectivamente”, avalia.

Ainda que a companhia tenha conseguido diluir as suas despesas, mediante a reestruturação realizada na sede após as transações dos hipermercados, a Genial destaca que não foi o suficiente para favorecer a margem Ebitda, por conta do carrego negativo na margem bruta.

“Apesar de observamos uma melhora sequencial tanto no âmbito de estratégia do grupo como no operacional, o alto patamar da Selic segue desfavorecendo a despesa com juros prejudicando o resultado financeiro”, avalia.

Ultrapar (UGPA3)

A Ultrapar (UGPA3) obteve lucro líquido de R$ 274 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), o que representa uma redução de 41% frente a mesma etapa de 2022. O consenso Refinitiv apontava para um lucro líquido de R$ 216,6 milhões no período.

A Ultrapar reportou números referentes ao primeiro trimestre acima das estimativas do BBA para todas as empresas do grupo. Entre os pontos que chamaram a atenção está o resultado operacional (Ebitda), que totalizou R$ 1,079 bilhão, acima na expectativa de R$ 866 milhões, impulsionado pelo melhor desempenho da Ultragaz e da Ipiranga.

Em relação à alavancagem, medido pelo índice de dívida líquida sobre Ebitda, a companhia reportou um valor de
2,0 vezes, um aumento em relação ao trimestre anterior, com dívida líquida no valor de R$ 8,3 bilhões no primeiro
trimestre, comparado aos R$ 6,7 bilhões do trimestre anterior.

O Credit Suisse também destacou o resultado como forte, mas não avallia que os resultados do 1T23 são uma boa referência para os futuros balanços.

O Ebitda da Ultrapar no 1T23 ficou 11% acima das estimativas do BBI, impulsionado pelos resultados da Ipiranga e da Ultragaz. No entanto, o ROIC (Retorno sobre Capital Investido) dos últimos 12 meses da Ipiranga caiu novamente para 8,6% no 1T23, de 9,3% no 4T22.

Além disso, avalia o banco, o Ebitda melhor que o esperado não se traduziu em FCFE (geração de fluxo de caixa), com uma queima de caixa relatada no 1T23 de R$ 1,3 bilhão. Isso foi liderado por um balanço negativo de R$ 2,7 bilhões em contas a pagar, parcialmente (mas não totalmente) explicado por um pagamento de R$ 0,9 bilhão de financiamento de fornecedores. Como resultado, a dívida líquida da Ultrapar aumentou para R$ 8,3 bilhões (versus R$ 6,7 bilhões no 4T22), enquanto a dívida líquida/Ebtida atingiu 2 vezes (de 1,7 vez no 4T22).

“Revisamos para cima o Ebitda da Ultragaz seguindo o forte desempenho do negócio recentemente. Por outro lado, aumentamos nossas premissas de WACC (taxa de desconto) e elevamos nossa premissa de dívida líquida para R$ 8 bilhões em 2023, de R$ 4 bilhões após um trimestre com forte queima de caixa. Estamos, portanto, reiterando a recomendação neutra para a Ultrapar, ajustando nosso preço-alvo de R$ 17 para R$ 18 por ação. Atualmente, vemos a Ultrapar negociando a 14 vezes o preço sobre lucro esperado para 2023, o que implica um prêmio de 60% contra o Vibra, o que parece exagerado”, afirmam.

Lojas Quero-Quero (LJQQ3)

A Lojas Quero Quero (LJQQ3), varejista do setor de casa e construção, registrou prejuízo de R$ 22,4 milhões no primeiro trimestre de 2023. A cifra é 117,8% maior que o prejuízo realizado um ano antes.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) do período foi de R$ 29 milhões, 30,9% menor que o do mesmo período do ano passado.

Para o BBA, os resultados foram fracos e em linha com o esperado, refletindo uma dinâmica descendente ainda muito desafiadora nas divisões de Varejo e Serviços Financeiros.

“A receita líquida fraca (também impactada por ventos contrários à deflação), combinada com custos de financiamento ainda altos na divisão financeira e efeitos de desalavancagem operacional, resultaram nos resultados mais fracos que vimos para o nome”, apontam os analistas, ainda que sigam com recomendação equivalente à compra para o ativo.

Já o BBI tem recomendação equivalente à neutra para os ativos.

O banco aponta que a Lojas Quero Quero ainda está se recuperando da retração da demanda por materiais de construção e itens de alto ticket nos últimos quatro trimestres. Embora as vendas nas mesmas lojas (SSS) do varejo ainda tenham ficado negativas, a queda de 2,5% foi o melhor nível de SSS desde o 2T22 e a administração disse que os volumes ficaram estáveis em relação ao ano passado.

“No geral, vemos melhores tendências subjacentes na demanda de varejo, dados os comentários qualitativos no comunicado, embora levantemos uma bandeira amarela se a receita de serviços financeiros continuará a impulsionar o crescimento consolidado da receita. Enquanto isso, seu prejuízo líquido e consumo de caixa no 1T23 foram impactados pela sazonalidade negativa, mas a dívida líquida/Ebitda (dos últimos doze meses permaneceu razoavelmente controlada em 2,1 vezes no trimestre”, dizem.

Os analistas estimam que a empresa deva encerrar 2023 com alavancagem financeira de 1,9 vez, ligeiramente abaixo do covenant da empresa de 2,0 vezes.

Lojas Renner (LREN3)

A Lojas Renner (LREN3) registrou um lucro líquido de  R$ 46,8 milhões no primeiro trimestre de 2023, número 75,6% menor do que os R$ 191,6 milhões registrados no mesmo período de 2022.

O recuo vem a despeito do aumento de 2,2% da receita líquida, que ficou em R$ 2,2 bilhões, e se explica, principalmente, por um pior desempenho operacional – o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) da Lojas Renner recuou 34,3%, ficando em R$ 251,8 milhões.

“A Renner reportou resultados fracos nesses 1º trimestre, com um Ebitda ajustado 13% abaixo do nosso por conta de uma dinâmica mais fraca no varejo, tanto em receita como rentabilidade, enquanto Realize apresentou resultados melhores, porém ainda pressionados”, aponta a XP.

Enquanto a receita líquida consolidada subiu 6% na base anual puxada por Realize, o Ebitda ajustado caiu 46% frente o 1T22  por conta de uma dinâmica mais fraca na operação de varejo decorrente de desafios no cenário macro e de clima. A geração de caixa foi negativa em R$ 218 milhões, mas melhor versus o ano anterior por conta de melhora no capital de giro, principalmente recebíveis, avalia.

A Genial aponta que, afetada por uma desalavancagem operacional das operações de varejo, a Renner reportou um faturamento líquido de R$2,8 bilhões (+6,2% ao ano, acima da projeção de 2,9% da casa). As temperaturas médias mais elevadas somada à forte base de comparação e á ruptura de itens de meia estação (entre a coleção de alto e baixo verão) afetaram o balanço.

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“Ao nosso ver, a estratégia de antecipar a coleção de inverno em 2023 foi problemática e, além dos fatores macroeconômicos, essa estratégia pode ter custado a rentabilidade do período da varejista”, avalia.

Entre as bandeiras, a performance veio em linha ao esperado, com a Youcom mantendo a dinâmica de crescimento acima do varejo, consolidando uma receita líquida de R$ 77 milhões. O faturamento da Renner e Camicado ficaram -0,7% e +1,2% versus a estimativa da casa.

“Como já havíamos antecipado, Camicado seria o grande detrator de crescimento do segmento de varejo. Com um fechamento de 13 lojas no período e dado o cenário desafiador para Home & Decor, a bandeira mantém a performance de queda de duplo dígito ao ano”, aponta.

Tegma Gestão Logística (TGMA3)

A Tegma (TGMA3) reportou lucro líquido de R$ 34,5 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), montante 84,4% superior ao reportado no mesmo intervalo de 2022.

De acordo com a empresa, o resultado reflete a recuperação dos principais clientes da Divisão Automotiva, o crescimento da equivalência patrimonial decorrente dos bons resultados da GDL e os consistentes resultados da divisão de logística integrada.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) totalizou R$ 53,7 milhões no 1T23, alta anual de 52,9%.

O BBA apontou que os resultados surpreenderam as suas expectativas devido a um volume de veículos transportados melhor que o esperado, implicando em um Ebitda mais forte.

“Apreciamos a sustentação da participação de mercado da companhia, que atribuímos a um desempenho dos clientes da Tegma melhor do que os da indústria. (…) Entretanto, a expectativa pouco animadora para o setor automotivo em 2023 nos deixa cautelosos em relação a ação e limita o espaço para surpresas positivas”, avaliam os analistas, mantendo assim
recomendação “neutra” (performance em linha com o mercado) para TGMA3, com preço-alvo de R$ 24 ao fim de
2023.

O retorno sobre o capital investido (ROIC) saltou para 27,4% em comparação com os 25,3% registrados no quarto trimestre. O desempenho reflete os bons números das divisões operacionais e a recuperação da indústria. O fluxo de caixa atingiu R$ 60 milhões, influenciado positivamente por ganhos em capital de giro.

O Santander, por sua vez, avaliou que os resultados da Tegma ficaram praticamente em linha com suas estimativas e de consenso, com o Ebitda 4% abaixo de suas projeções devido a margens de logística integrada mais fracas do que o esperado.

Neogrid (NGRD3)

A Neogrid (NGRD3) reportou lucro líquido de R$ 3,5 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), montante 11,7% inferior ao reportado no mesmo intervalo de 2022.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 8,5 milhões no 1T23, uma redução de 2,8% em relação ao 1T22.

Para o Credit Suisse, os resultados foram neutros. Apesar do crescimento do faturamento recorrente anual (ARR) de 12% na base anual indicar potencial melhora de receita, no curto prazo as receitas foram fracas e as margens continuaram pressionadas pelo plano de expansão – em função das despesas de consultoria e time de vendas e contratação de managment mais experiente.

O Citi vê margens melhores do que o esperado, à medida que a empresa avança na incorporação de sinergias de aquisições e esforços de eficiência de custos: a margem Ebitda ficou em 12%, contra projeção do Citi de 11%. Ainda assim, a margem caiu de 13% no ano e no trimestre. Para as receitas, os resultados ficaram um pouco abaixo da sua projeção em R$ 70 milhões (+8% ao ano), enquanto o ARR aumentou 12%, para R$ 25 milhões – o que vê como uma boa notícia para os próximos resultados. A ativação por demanda continua ganhando participação no mix geral de receitas, tendo atingido 50% do total.

“Neste ponto, vemos as pequenas decepções com receita para a nossa visão tática de longo prazo, com projeção de que a Neogrid entregue margens e aceleração das receitas nos próximos meses”, aponta o banco, que tem recomendação de compra para a ação.

Eletromidia (ELMD3)

A Eletromidia (ELMD3) registrou prejuízo líquido de R$ 11,2 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), montante 10% inferior ao reportado no mesmo intervalo do ano passado.

A receita líquida somou R$ 187 milhões no primeiro trimestre deste ano, crescimento de 71,4% na comparação com igual etapa de 2022.

O Bradesco BBI comenta que o mercado deveria considerar os resultados da Eletromidia no 1T23 como neutros a marginalmente positivos, uma vez que já se esperava uma sazonalidade mais fraca em grande parte.

Em termo de lucratividade, o Ebitda ajustado foi de R$ 50,6 milhões, implicando em margens de 27,1% (versus 8,6% no 1T22), ficando acima das expectativas de consenso de R$ 43 milhões.

Além disso, na visão do banco, a empresa parece bem posicionada para entregar as expectativas de consenso de R$ 337 milhões de Ebitda para 2023, “o que deve sustentar um bom momento para as ações”.

O BBI mantém avaliação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 24, o que representa potencial de valorização de 47,2% frente a cotação de fechamento de quarta.

A equipe de research do Itaú BBA avalia que a Eletromidia reportou números muito fortes em um ambiente macro muito difícil. “Existem muito poucas empresas que podem entregar tais números, especialmente no cenário macro atual”, destaca.

De forma geral, os resultados relatados no trimestre reforçam a visão construtiva com a empresa e destacam seu forte momento operacional.

Apesar de seu bom desempenho de +58% no ano, a ação da Eletromidia agora está sendo negociada a 11 vezes Preço/Lucro 2024, o que analistas do BBA veem como uma avaliação atraente, dada a taxa de crescimento anual (CAGR) do lucro por ação de 50% nos anos de 2023 a 2025.

Dessa forma, BBA reitera recomendação equivalente à compra e preço-alvo de R$ 21. O próximo potencial catalisador para as ações é a aprovação do negócio com a Globo pelo CADE, que ainda está analisando a transação.

Omega (MEGA3)

A Omega Energia reportou lucro líquido de R$ 84 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), o que representa uma redução de 12% em relação ao mesmo intervalo de 2022.

A empresa explica que o “resultado é explicado majoritariamente por um aumento no resultado operacional de R$ 43,2 milhões, parcialmente compensado pelo aumento esperado de R$ 28,2 milhões no resultado financeiro, dado o plano de investimento em andamento, composto por Assuruá 4 – já operacional – , Assuruá 5 e Goodnight 1 – ambos com expectativa de entrada em operação até o final do ano”.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 285,2 milhões no 1T23, um crescimento de 25% em relação ao 1T22.

Segundo o JPMorgan, a companhia teve melhores resultados de ativos não consolidados, compensados por margem de negociação negativa. Os resultados do 1T23 da Omega foram afetados negativamente pelo lucro bruto negativo na comercialização, mas compensados por menores despesas de O&M (operação e manutenção) e gerais e administrativas, o que é uma boa notícia, já que em sua maioria está sob o controle da empresa, avalia o banco.

O Ebitda ajustado ficou um pouco acima do esperado pelos analistas devido a melhores resultados de ativos não-consolidados. A produção de energia eólica atendeu às expectativas. Eles seguem com recomendação neutra em MEGA3, particularmente preocupados com a alta alavancagem da empresa em um ambiente monetário apertado.

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Já para o Santander os resultados foram um pouco mais fracos do que o banco esperava, já que o Ebitda consolidado (excluindo equivalência patrimonial e efeitos não recorrentes) ficou 4,4% abaixo da sua estimativa (+26,1% no ano).  O lucro bruto ajustado ficou 1,5% abaixo da sua projeção, enquanto os custos gerenciáveis ficaram 6,4% acima.

O Credit Suisse, por sua vez, vê resultados operacionais em linha com as suas expectativas (positivo no ano, mas mais fraco versus consenso), resultante do desempenho de custo melhor do que o esperado, compensado por margens brutas mais fracas.

Os resultados reportados se beneficiaram de ajustes de preços de contratos, novos ativos (Assurua 4 e Ventos da Bahia 3), postergação de custos e alguns ganhos não recorrentes/não caixa de contratos de energia e reembolsos por menor disponibilidade. “Continuamos acreditando que o principal gatilho para a ação é o desenvolvimento de novos projetos do portfólio (incluindo novos empreendimentos nos EUA)”, afirma.

Banco Pan (BPAN4)

O Banco Pan (BPAN4) registrou lucro líquido ajustado de R$ 193 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), abaixo dos R$ 195 milhões do 1T22 e acima dos R$ 191 milhões do 4T22.

A margem financeira líquida gerencial (NIM, na sigla em inglês) foi de R$ 1,947 bilhão no 1T23, crescimento de 8% em relação aos R$ 1,799 bilhões do 1T22.

O retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) anualizado ajustado pelo ágio foi de 11,6% no 1T23, comparado à 11,5% no 4T22 e 13,3% no 1T22.

A despesa líquida de provisão de créditos totalizou R$ 482 milhões, versus R$ 558 milhões do 4T22 e R$ 506 milhões do 1T22, em linha com as expectativas do banco.

Para o BBI, o Banco Pan reportou tendências predominantemente negativas no 1T23, uma vez que a margem financeira expandiu devido a uma cessão de crédito mais forte, enquanto a margem financeira permanece mais fraca devido a um mix mais conservador.

Além disso, o custo do risco do banco atingiu 4,9% (versus 5,9% no 4T22), enquanto a inadimplência apresentou leve deterioração, levando a um índice de cobertura de 85%, que acredita ser relativamente baixo, especialmente em um ambiente desafiador. Por fim, o banco reportou resultados relevantes de outras despesas. Assim, mantém recomendação neutra para o ativo.

O Itaú BBA vê números mais fracos do que o esperado, com receitas, NII (receita líquida de juros) e linhas de serviço aquém das previsões. “A perda teria sido maior se não fosse pelos resultados massivos das atribuições. Pelo lado positivo, a inadimplência subiu apenas 10 pontos-base e a Pan finalmente começou a provisionar de acordo com a formação dessa inadimplência. A originação poderia ter sido muito pior devido a folha de pagamento do INSS. Os resultados foram fracos no geral, mas razoáveis devido ao cenário difícil”, avalia o banco, que segue com recomendação equivalente à neutra para os ativos.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.