“Rito perverso” em fundos imobiliários gerou bolha especulativa, diz estudo

Prof. Dr. João da Rocha Lima Jr., coordenador do núcleo de real estate da POLI/USP, é convidado do programa Fundos Imobiliários  

Paula Zogbi

(Shutterstock)
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SÃO PAULO – Com a derrubada das taxas de juros, o interesse na profissionalização da gestão imobiliária e a maior informação na área, investimentos em fundos imobiliários começam a sair da fase infantil no Brasil, defendeu a carta mais recente do Núcleo de Real Estate da Faculdade Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP). O problema é que a precificação destes ativos, segundo os estudiosos, ainda não corresponde à realidade do investimento.

Para falar sobre essa anomalia, o programa Fundos Imobiliários da InfoMoneyTV recebe nesta quarta-feira (5) o Prof. Dr. João da Rocha Lima Jr., coordenador do núcleo de real estate do grupo de estudos responsável pela análise. O programa foi apresentado pelo professor do InfoMoney Educação Arthur Vieira de Moraes.

De acordo com os pesquisadores, a lógica do cap-rate e a precificação através da “taxa de renda paga pelas cotas” com patamar da taxa referencial de juros não é ideal para os fundos imobiliários e gerou um “rito perverso” no mercado. “Essa lógica carrega a premissa de que o investidor típico de FII gira agressivamente o seu portfólio”, diz a carta da POLI, refutando que este seja o perfil principal a se levar em conta.

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Pela sua característica imobiliária, o ciclo deste investimento é “conservador que busca retenção longa, logo fundamentada por sustentação de valor (segurança) e relativa harmonia de renda”.

Bolha já se esvaziando

A tese do estudo da Poli é de que esta precificação equivocada foi culpada pela indução de uma bolha especulativa no preço das cotas e criar uma falsa ideia de insegurança em torno dos FII.

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Ele comprova com gráficos que houve uma bolha do IFIX iniciada em dezembro de 2016. Desde janeiro de 2014 até este julho, a curva do IFIX, que mostra a evolução na Bovespa sobe, enquanto a dos aluguéis AA e AAA cai nitidamente. Essa desconexão é o que configura a bolha. “É uma não-correlação de coisas que deveriam ser correlacionadas”, comenta, e explica: “bolha é valor sem lastro. Se você avalia o imóvel em R$ 100 e paga R$ 130, esse excesso é preço de ansiedade, e não fundamentado”, diz o professor.

“A ‘insegurança’ foi e é provocada pela tentativa de especular sobre ativos imobiliários, justamente na contramão do movimento dos aluguéis – evidente contradição”, diz o documento.

E isso não é inofensivo. Para os especialistas, a questão é um “rito perverso” que faz com que o investidor compre cotas por valores acima da capacidade de geração de renda adequada pelo fundo e necessite de ciclos muito longos para repor o “Excesso de valuation”.

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“Teve muita mídia criticando Fundo Imobiliário, mas na realidade quando tem bolha, ela tem que esvaziar. Essa desvalorização é o esvaziamento”, diz o professor, que acredita ainda restar desvalorização necessária para trazer novamente a compatibilidade entre o preço e o valor fundamentado no ativo real.

A projeção da Politécnica é que, a partir de 2018, haverá valorização de aluguéis descontando inflação. Para os fundos imobiliários, os momentos de aproveitar essa valorização são apenas a cada 3 anos, período referente à renovação da maioria dos contratos firmados pelos inquilinos e proprietários dos imóveis pertencentes aos fundos. Para investir agora, portanto, é importante observar os contratos para saber quais serão os momentos de crescimento e não investir no escuro, esperando uma renda que demorará para valorizar.

Confira o programa completo no player acima.

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney