Fechar Ads

2021: o ano montanha-russa da Bolsa

Vamos devagar, mês a mês, para lembrarmos como foi o desenrolar do ano de 2021
Por  Filipe Fradinho -
info_outline

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Quem entrou na Bolsa no início de 2021 tinha em mente que a alta recente estava dando apenas lugar a uma correção temporária – e esses tinham razão até o mês de junho. Até então, o mercado estava bem, com os principais índices americanos renovando máximas históricas atrás de máximas históricas. Aqui no Brasil, o cenário não estava diferente. Ainda no primeiro semestre, o Ibovespa alcançou o seu maior patamar desde a sua criação, em 131.190 pontos.

De qualquer forma, vamos devagar mês a mês para lembrarmos como foi o desenrolar do ano de 2021.

Em janeiro de 2021, o ano começou com gás total. A nossa taxa básica de juros, a Selic, estava em queda e marcando 2% ao ano, tornando o ambiente de Bolsa de Valores cada vez mais atrativo para o investidor – que procurava rentabilidades mais interessantes e estava disposto a encarar investimentos com maior exposição ao risco.

Logo nas primeiras semanas, a variante Delta chegou ao Brasil e com um potencial de transmissão viral acima das variantes anteriores – e já começou a tentar “jogar água” no nosso chope. O Ibovespa, que vinha fazendo topos e fundos ascendentes, fechou o primeiro mês do ano com queda de 3,32%.

O mês de fevereiro começou, e os boatos de que existiria a possibilidade de uma intervenção política na Petrobras tomaram conta das manchetes. Para quem não sabe, o mercado vê com extrema aversão as tentativas de intervenção política em uma empresa que deve atender aos interesses dos seus acionistas.

Basicamente, a empresa deve focar em fazer o que ela tem como atividade fim, e não servir de manobra para determinado grupo político passar alguma imagem depois de “mexer os seus pauzinhos”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

No segundo mês do ano, PETR4 fechou com desvalorização de -16,67% e, junto com ela, o índice caiu mais de 4% – tendo em vista que PETR3 e 4, somados, são os ativos que mais têm peso na composição do IBOV.

O mês de março começou nesse cenário de incertezas, fazendo com que o dólar atingisse a máxima do ano, cotado a R$ 6,07, nos 6.074,5 pontos. No entanto, toda essa aversão ao risco arrefeceu logo depois. Inclusive, o terceiro mês do ano ficou marcado como o mês da virada – até porque, ainda com as duas quedas mensais, a nossa Bolsa ainda estava com tendência de alta depois de novembro e dezembro de 2020, meses de recuperação surpreendente.

Já o mês de abril engatou a segunda marcha em direção à renovação da máxima de 2021. A máxima até foi renovada, mas o mercado sentiu a força da resistência e travou naquele patamar dos 120.000 pontos.

Após algum tempo com o mercado se acostumando com esse patamar de máximas, começou o melhor mês do ano para a Bolsa: maio chegou com tudo e se consagrou como o mês com a maior alta de valorização (mais de 6%).

Mas, apesar da relevância do nosso mercado um penetra chamou mais a atenção naquelas semanas. Um cachorrinho fofinho, da raça Shiba-Inu, que dá “cara” a criptomoeda Dogecoin, começa a ganhar espaço nas colunas sobre investimentos, com a valorização de 1.100% – e isso apenas de 7 de abril a 7 de maio! De janeiro a maio, a criptomoeda chegou a se valorizar em 13.330%.

Na crista de todo esse entusiasmo do mercado, vamos chegando ao mês de junho, quando o Ibovespa conseguiu, enfim, ultrapassar a barreira dos 130.000 pontos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

No dia 7 de junho, o Ibovespa alcançou a sua máxima histórica, em 131.190 pontos. Mas, infelizmente, tenho que te alertar que essa história não vai acabar tão bem quanto parece.

No mês seguinte, o varejo global foi fortemente impactado por dados abaixo do esperado – e que mostraram que a recuperação da atividade econômica poderia estar abaixo da expectativa do mercado.

Também em junho, os papéis das Lojas Americanas (AMER3 e LAME4) lideraram as quedas, com -25,90% e -22,46%, respectivamente. O top 5 das maiores quedas da Bolsa foi completado por Via, Grupo Pão de Açúcar e CVC.

Julho foi um mês de inflexão do mercado para baixo. E agosto seguiu o ritmo, com o aumento dos riscos fiscais rondando o noticiário político. Além disso, as commodities caíram fortemente com o aumento da regulamentação imposta pela China.

A protagonista do nosso mercado foi a Embraer, que liderou as altas do IBOV no mês, disparando com o aumento dos pedidos de aeronaves elétricas e de decolagem vertical. O ativo subiu +25,98% em agosto.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Na leva negativa, foram descobertos dois casos suspeitos da doença da vaca louca no Brasil em setembro. As exportações caíram drasticamente com o bloqueio imposto pela China – nosso maior comprador de proteína animal – ao Brasil.

Nesses períodos, é preciso ter calma, pois nada é tão ruim que não possa piorar!

Outubro ficou marcado como o mês Evergrande. Para quem não conhece a empresa, a Evergrande é a segunda maior incorporadora imobiliária da China. A empresa também atua em vários outros ramos, como hospitalar, entretenimento e até futebol.

Em 2018, a gigante chinesa estava no seu auge quando o governo chinês decidiu promover um aperto monetário no setor imobiliário a fim de conter a especulação do segmento. O problema é que a Evergrande tinha um passivo de cerca de US$ 300 bilhões e, com a queda nas vendas de moradias e da credibilidade da empresa em pagar as suas obrigações, ela foi colocada em dívida. O receio de que a empresa não pudesse pagar o que devia, e que isso gerasse uma “quebradeira” geral, aumentou a aversão ao risco e fez com que os mercados amargassem quedas generalizadas.

Até que, em novembro, o Ibov alcançou a mínima do ano, na casa de 100.074 pontos. A Evergrande e o governo chinês apresentaram algumas alternativas e o problema foi superado momentaneamente. Com toda essa aversão ao risco, investimentos alternativos a essas questões, como o Bitcoin, foram cada vez mais procurados – não é à toa que a sua máxima histórica foi atingida em US$ 69.000.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mas, como diz o ditado: “Depois da tempestade vem a bonança”. O último mês do ano chegou com tudo, recuperando patamares superiores aos de novembro. Algumas razões para isso: notícias de que as vacinas conhecidas atualmente são eficazes contra a variante Ômicron e a aprovação dos Estados Unidos dos novos métodos de proteção, como a pílula da Pfizer, em caráter de emergência. No cenário doméstico, contribuíram para a alta a aprovação da PEC dos Precatórios e a diminuição da aceleração da inflação.

Mas a pergunta que não quer calar é: o que o mercado nos reserva para 2022?

Filipe Fradinho É analista CNPI da Clear Corretora, formado em administração de empresas pela PUC-RIO. Acumula passagens por empresas como Ágora Corretora, Órama e Ativa Investimentos. Atuou como trader profissional, operando Day Trade e Swing Trade de Ações, mas se especializou em operações de Day Trade no mercado futuro de índice e dólar. Atualmente, faz parte do #TeamClear e é responsável pela sala educacional de Análise, a EducaClear, no canal da Clear no YouTube.

Compartilhe

Mais de A vida dos traders

A vida dos traders

A indisciplina no trade

Atribuir o insucesso à indisciplina no trade é frequente. Mas muitos usam o termo como justificativa para as atitudes geradas por suas próprias crenças inconscientes