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Faça o que é preciso ser feito no mercado, independente da emoção

É normal sentir emoções no mercado financeiro, mas aprender a controlá-las é essencial para o sucesso a longo prazo
Por  Danuza Machado -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Para definir a graduação que cursaria, eu só tinha uma coisa em mente: fugir correndo, sem olhar para trás, de exatas. Sendo assim, uma das possibilidades na área de humanas seria me dedicar ao estudo da mente, sem saber o quanto existe uma correlação entre o estudo do comportamento humano e os números.

Quando conheci o mercado financeiro, fiquei fascinada pelo quanto ele representa, integramente, o comportamento econômico de uma sociedade. Encantador!

A teoria de Charles Dow ensina que o mercado se move em tendências (alta, baixa, indefinida) e as mesmas podem se desdobrar em três fases: primária, secundária e terciária. Até aí, não há segredos para quem utiliza análise gráfica como ferramenta para atuar no mercado. O que chama a atenção, e o que está muito conectado à psicologia, é a explanação de Dow sobre tendência primária e o comportamento por trás dela.

Aproveitando-se da teoria de Charles Dow analiso uma importante analogia com a psicologia que servirá de alerta para nossa tomada de decisão no trade.

Elucidando muito basicamente, segundo Dow, na tendência primária, o mercado inicia um pequeno movimento ascendente motivado pelas entradas dos grandes players no mercado (acumulação). Consequentemente, após a percepção dessa alta, vem o interesse dos demais negociadores devido à expectativa de grandes ganhos (euforia). Os investidores informados e institucionais colhem seus lucros vendendo os ativos (distribuição). Este também é o momento em que alguns investidores, pouco experientes, podem entrar sem saber que é o período que se caracteriza por mudança de tendência, quedas consistentes (pânico).

Frente ao exposto, atualmente temos notícias de situações de guerras e crises econômicas de grandes potências. A incerteza associada aos conflitos armados pode criar um medo generalizado nos mercados. Os investidores podem temer a possibilidade de alguns ativos perderem valor rapidamente, além de se preocuparem com a segurança de seus investimentos. Consequência: vendas em massa de ativos e uma queda acentuada nos preços.

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As crises econômicas, por exemplo, podem se dar por períodos de declínio ou instabilidade econômica caracterizados por uma série de indicadores negativos, representantes numéricos do comportamento humano de medo, incerteza e desconfiança – a quarta fase da tendência primária de Dow, pânico.

Na perspectiva da psicologia da economia, o pânico no mercado financeiro é um estado de extrema ansiedade, medo e incerteza que se espalha rapidamente entre os investidores e participantes do mercado. Essas reações emocionais são normais em momentos de estresse e incerteza, e podem afetar investidores individuais, bem como o comportamento coletivo do mercado.

Calma, a intenção aqui não é alarmar, mas sim acalmar. Num dos princípios de Dow – “a história se repete” – é possível usar o passado para prever o futuro nos gráficos dos preços. Ele parte do pressuposto de que os preços refletem a psicologia coletiva dos investidores, muitas vezes de maneira previsível.

Considerada a teoria, agora vamos entender como ela se desenha na análise gráfica?

Momentos de pânico são caracterizados por uma queda acentuada nos preços dos ativos, alta volatilidade e um sentimento geral de desespero entre os investidores, um estado de extrema ansiedade, medo e incerteza, podendo ocorrer vendas em massa de investimentos financeiros (setas vermelhas).

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É importante notar que o pânico no mercado financeiro é, geralmente, de curta duração.

Após um episódio de pânico, há possibilidade de tendência de recuperação dos preços e volatilidade persistente, levando a uma correção significativa nos preços dos ativos, (volta em “V” – setas azuis).

Notem que, após o pânico, a recuperação é lenta e gradual, podendo se estender por longos períodos (setas amarelas).

Em suma, esta é uma das provas de que o comportamento humano pode ser representado pelos números e os números estão atrelados à psicologia.

Tentei mostrar que negociadores, em geral, podem tirar vantagem da premissa de que a história se repete para identificar padrões de comportamentos do mercado e prever seus próprios comportamentos, evitando decisões impulsivas.

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A psicologia também desempenha um papel importante nesse processo. Ciente de que os preços refletem a psicologia coletiva dos investidores, é aconselhável tomar decisões de investimento com base em uma estratégia bem pensada e não ceder a impulsos emocionais.

Seguem algumas orientações para que você faça o que precisa ser feito independente da emoção:

– Invista em educação e conhecimento entendendo o funcionamento dos mercados financeiros, dos ativos em que está investindo e dos princípios de gestão de riscos;

– Estabeleça um plano de investimento que defina seus objetivos, tolerância ao risco e estratégias de alocação de ativos;

– Defina uma tolerância ao risco realista escolhendo investimentos de acordo com o seu perfil;

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– Estabeleça limites de perda determinados com antecedência;

– Evite seguir a multidão, tomando decisões com base em sua pesquisa e estratégia;

– E invista em autoconhecimento – é normal sentir emoções no mercado financeiro, mas aprender a controlá-las é essencial para o sucesso a longo prazo.

A prática dessas estratégias, com base na psicologia, pode ajudar a manter a calma e tomar decisões racionais em momentos de incertezas.

Danuza Machado Psicóloga há 25 anos e trader há quase 10 anos. Já trabalhou como Oficial Psicóloga nas Forças Armadas no Controle Emocional para Pilotos do Exército Brasileiro, também como facilitadora no processo de Desenvolvimento de Comportamentos Empreendedores para Empresários no SEBRAE-SP

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