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Comprar ou vender, eis a questão. Para onde vai o preço?

O processo de tomada de decisão ocorre em nossa mente em milésimos de segundo e, devido às circunstâncias em que esse processo ocorre nos trades, pode estar sujeito a erros
Por  Danuza Machado -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

O ato de tomar uma decisão nos trades se baseia na busca por essa resposta: para onde o preço vai? O tempo todo, traders e investidores procuram se basear em informações fundamentadas para tomarem decisões mais acertadas (ou pelo menos deveríamos estar).

A psicologia das negociações tem sua atenção voltada, em grande parte, ao estudo dos processos de tomada de decisão. Processos nada simples, pelo contrário, têm se mostrado cada vez mais complexos. Ocorrem em fração de segundos e suas consequências podem durar muito tempo.

A percepção, a interpretação e o julgamento são os componentes que precedem a tomada de decisão. O ideal seria que tais componentes fossem baseados em informações validadas de fontes confiáveis para tornar a decisão menos, ou nada, intuitiva.

É enganoso limitar nossa percepção da dinâmica entre esses componentes apenas a fatores externos em nossas negociações. Fatores como nossas crenças e nossos valores interagem na dinâmica entre esses componentes.

Um exemplo disso é o viés, que nada mais é do que a distorção do julgamento do observador. Julgamentos intuitivos podem ser feitos com grande dose de confiança, mesmo quando estão baseados em evidências fracas.

Não é tarefa fácil manter-se imune aos julgamentos intuitivos. E quando sob seu domínio, de investidor, passamos a torcedor: é mais importante estar certo para consolidar e provar minhas crenças do que tomar a decisão certa que as contraria.

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Em períodos pré e pós eleições no Brasil, é comum ver investidores ancorados em ativos que fazem parte de arcabouços político-estratégicos de seus candidatos. Ideologicamente, para aquele investidor, faz sentido investir seu patrimônio no ativo; no entanto, tecnicamente as informações trazem fundamentos contrários.

O exemplo acima diferencia o torcedor do investidor. Este último encontra uma categoria para se referenciar, identificando a fonte de informação relevante que irá pautar e dar base à sua premissa para tomada de decisão.

Diferentemente do torcedor, o investidor avalia a qualidade das supostas evidências para identificar quão reais são os fatos em que está se apoiando.

O investidor olha para o dinheiro que pode ganhar, considerando o risco-retorno da negociação. Ele sabe que há muito em jogo além de seu ego ou reputação. Esforça-se para tomar suas decisões baseadas em justificativas imparciais, independentemente de sua crença. Ele sempre trabalhará sob a perspectiva do RISCO OBSERVADO x O RETORNO ESPERADO para tomar suas decisões.

Sugiro que, para filtrar o processo de tomada de decisão, deixando-o menos suscetível às próprias crenças, defina qual será a fonte de informação relevante que irá pautar e dar base às próprias premissas.

O processo de tomada de decisão ocorre em nossa mente em milésimos de segundo e, devido às circunstâncias em que esse processo ocorre nos trades, pode estar sujeito a erros (estresse; mudanças constantes de cenários; pouco tempo para identificar, analisar e interpretar uma situação; acessar memória recente de informações; e tudo isso “brigando” com as crenças).

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Neste contexto, vale o conselho do psicólogo ganhador do prêmio Nobel em economia, Daniel Kahneman: “…se você optou por se iludir ao aceitar previsões extremas, o melhor a fazer é permanecer ciente de sua autocomplacência.”

Danuza Machado Psicóloga há 25 anos e trader há quase 10 anos. Já trabalhou como Oficial Psicóloga nas Forças Armadas no Controle Emocional para Pilotos do Exército Brasileiro, também como facilitadora no processo de Desenvolvimento de Comportamentos Empreendedores para Empresários no SEBRAE-SP

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