Quando os fatos mudam, e enquanto eles não mudam.

Quando os fatos mudam, a opinião muda. Enquanto não mudam, seguimos acompanhando juros americanos.
Por  Alexandre Aagesen
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

“Quando os fatos mudam, eu mudo de opinião. E o senhor, o que faz?” (J. M. Keynes). Se o mês de novembro começou positivo com Tesouro, Powell, FOMC e NFP ajudando os juros longos a cederem, terminou otimista, particularmente com o Christopher Waller. Talvez você não saiba quem é ele, mas é (era) um dos diretores do Fed mais duros (hawk) em relação aos juros. Terça (para ele), os fatos mudaram, e ele mudou de opinião, num discurso assustadoramente dovish, dado o histórico dele. Hoje temos Powell falando e todos querem saber para que lado ele vai se inclinar. Pode ser o começo de mais um bom mês e continuidade do Rali de Natal, ou…

Aqui no Brasil vamos ter RCN e Haddad falando também, mas enquanto os juros longos lá fora estão nervosos, qualquer coisa aqui vai ser secundária. Uma vez estabilizados, independentemente do nível, a gente volta a olhar pra cá. Interest Rates Volatility mata qualquer análise. Quando acontecer, a gente volta a olhar para fiscal brasileiro. Por exemplo, o come-cotas em fundos fechados e o (algo semelhante a isso) que vai rolar nas Offshores. Quer uma aula prática do impacto do come-cotas? Dá uma olhada nos seus fundos multimercados e de RF no fechamento de ontem. Pois é, você pagou imposto e nem viu. Quer uma outra aula prática? Dá uma olhada no seu fundo de previdência. Pois é, ali não teve come-cotas, e possivelmente é o mesmo fundo, mesma estratégia e mesmo gestor. Planejamento tributário faz diferença.

Por fim, sabe aquela festa dos garotos populares, que você estava meio chateado que não foi chamado. Eles não são seus amigos, você não gosta deles, e de fato, são uns bocós (por falta de uma palavra melhor), mas você fica chateado de não ser chamado. Na última hora, eles te chamam, e falam para todo mundo que você vai, mas pensando bem, você não tem certeza se quer ir ou não. Melhor dar uma pensada. Agora mudando completamente de assunto, ontem o Brasil foi convidado a fazer parte da OPEP+, o cartel internacional de petróleo. Falando assim até dá pra entender o Brasil hesitar.

Ficou com alguma dúvida ou comentário? Me manda um e-mail aqui.

Alexandre Aagesen Com mais de 15 anos de mercado financeiro, é CFA Charterholder, autor do livro "Formação para Bancários", host do podcast "Mercado Aberto" e Investor na XP Investimentos

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