Fechar Ads

Democratas: O caminho até a indicação para enfrentar Trump

Primárias democratas começam no dia 3 de fevereiro, mas março que contará com duas datas decisivas para a disputa
Por  Ivo Chermont -
info_outline

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Como todos sabem, o processo eleitoral americano é complexo. Talvez não exista similar na quantidade de regras e especificidades.

Mas, como muito se diz, foi este sistema que salvou a democracia do país no início de sua formação civilizatória. Mas ai é conversa para Tocqueville e foge ao escopo desse artigo.

Em linhas gerais, são 3979 delegados distribuídos em 57 regiões (entram os 50 Estados, Distrito de Columbia e outros territórios americanos). À cada Estado é alocado um número de delegados de acordo com o tamanho da sua população. As chamadas primárias, ou caucus, nada mais são do que convenções que acontecem em datas diferentes. A determinação é do comitê democrata local.

A alocação dos tais delegados funciona da seguinte maneira. Suponha um Estado X com 100 delegados. O candidato A recebe 40% dos votos, o candidato B recebe 30% dos votos, o candidato C recebe 20% dos votos e o candidato D recebe 10% dos votos. Por regra determinada pelo partido, o candidato que não alcança 15% dos votos não pode ser indicado e é considerado inviável.

Portanto, os votos para o candidato D têm que ser redistribuídos, se assim quiserem os seus eleitores, ou então se perdem em uma reponderação. Imagina que não seja redistribuído, o universo total passa a ser apenas dos 90% que votaram nos candidatos viáveis. Dessa forma, o candidato A fica com 45% dos votos (40/90), o candidato B fica com 33% (30/90) e o candidato C fica com 22% (20/90).

Assim, dos 100 delegados desse Estado hipotético, o candidato A receberia 45 votos, o B levaria seus 33 votos e 22 ficariam com o candidato C. Esse mesmo processo ocorre em cada Estado. O primeiro candidato que somar 1990 delegados será indicado pelo partido para enfrentar Donald Trump em novembro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Por isso, observar as pesquisas regionais é mais importante do que a nacional. Como mencionei anteriormente, as primárias acontecem em datas diferentes, como ilustrado na tabela abaixo.

Assim, a trajetória também é importante para que um candidato se viabilize.

As primeiras quatro primárias servem para aquecer o motor e fazer alguns candidatos ganharem momentum. Pelo perfil demográfico de Iowa e New Hampshire, essa é a esperança dos candidatos de perfil mais à esquerda, como Elizabeth Warren e Bernie Sanders.

O segundo momento relevante passa a ser o dia 3 de março, a chamada Super Tuesday, por concentrar 34% do total dos delegados. Essa é uma data chave para Joe Biden confirmar seu favoritismo e dar um salto na frente dos outros.

Infelizmente, não temos pesquisa em todos os Estados. Das 57 regiões, só existem números disponíveis para 20 Estados e um total de 2368 delegados (60% do total). Ou seja, ficamos totalmente no escuro em 40% dos votos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Fazendo a projeção por data e pesquisa disponível, imaginamos a progressão ilustrada no gráfico abaixo, com Biden chegando a 1300 delegados ao final de abril. Portanto, lembrem que não temos pesquisa para 1000 delegados que serão alocados até esse momento.

Caso Biden obtenha 60% dos delegados desses Estados que não temos pesquisa, ele conseguirá, nas primárias de Nova York, os 1990 que são necessários para conseguir a indicação.

Caso os Estados sem pesquisa acompanhem a média nacional, ai Biden seria indicado apenas em Oregon no dia 19 de maio.

No entanto, como economista, me importa mais saber como o mercado se comportará ao longo do tempo. E ai, minha percepção é que fevereiro pode ser momento de maior volatilidade, com Sanders próximo a Biden, a Super Tuesday dando algum alívio, e apenas ao final de março, acredito que o ex-vice-presidente alcançará patamares quase definitivos, com mercado já focado no embate Biden x Trump.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

*As opiniões do autor refletem uma visão pessoal e não necessariamente da Instituição Quantitas Asset

Quer investir melhor o seu dinheiro? Clique aqui e abra a sua conta na XP Investimentos

Ivo Chermont Sócio e Economista-chefe da Quantitas Asset

Compartilhe

Mais de Ivo Chermont

Ivo Chermont

Está na hora da política fiscal? Desafios em um mundo nacionalista

Em tempos de guerra comercial e taxas de juros zero ou negativas, parece ter pouco espaço de manobra para políticas monetárias estimulativas, restando às políticas fiscal e creditícia a tarefa de ressuscitar economias que parecem ter dificuldade de crescer mesmo com todo estímulo injetado na última década. EUA e China adotaram políticas de expansão nos últimos anos, enquanto que a Alemanha acumulou superávit. O continente precisará repensar seu modelo de crescimento baseado em exportações em um mundo cada vez mais nacionalista. 
Ivo Chermont

Guerra travada por EUA e China não é só comercial: ela é tecnológica

A guerra Trump-Xi subiu de tom. Há um tempo já se percebeu que não se trata de reduzir o déficit comercial dos americanos contra os chineses, mas de limitar a capacidade de um competidor global na tecnologia de ponta. Nessa reedição da guerra nas estrelas, os EUA parecem ter mais alavancagem, mas não vai ser simples exercê-la. Os chineses têm tempo, paciência e espaço de manobra econômica para aguentar por muito mais tempo. 
Ivo Chermont

O rio corre pro mar – os juros podem ir abaixo de 5% no Brasil?

Em julho, o Banco Central deve começar um novo ciclo de corte para o menor patamar de juros da nossa história. Mais importante do que isso, existe um ambiente positivo para que ele permaneça nesse patamar mais baixo por um longo tempo. Como diria nosso ministro da economia, "isso aqui tem um enorme risco de dar certo"