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Eleições americanas: back to basics

Vamos colocar todos na mesma página quanto ao processo eleitoral e depois disso avançar sobre a avaliação das pesquisas e temas
Por  Ivo Chermont -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

O tema “eleição americana” foi invadido pela Covid-19 e tornou as primárias democratas um evento de menor importância. Em junho, com uma melhora da pandemia, e o pontapé inicial dado na campanha de Donald Trump em Tulsa, Oklahoma, precisamos voltar a olhar de perto os números, as pesquisas, o processo eleitoral nos Estados Unidos.

Mas, antes disso, cabe colocarmos todos na mesma página quanto ao processo eleitoral e depois disso avançar sobre a avaliação das pesquisas e temas.

A escolha do presidente americano acontece pelo sistema do colégio eleitoral. Dos 50 Estados + Washington DC, apenas dois, Maine e Nebraska, se diferenciam por alocar seus delegados de maneira distrital, enquanto nos outros 48 Estados + DC, quem vence no Estado leva todo os delegados.

O colégio eleitoral de cada Estado é composto pelo mesmo número de membros no Congresso (Câmara + Senado). Hoje em dia, são 100 senadores + 435 deputados = 535 delegados + 3 delegados alocados para DC, somando 538 membros do colégio eleitoral. Ou seja, o candidato que tiver 50%+1 (ou 270 delegados) é eleito Presidente da República.

Por isso, torna-se fundamental fazer uma análise segmentada e estadual. Podemos separar 3 tipos: fortemente republicano (FR), fortemente democrata (FD) e swing states (SS).

Hoje 15 estados + DC (ou 196 delegados) são FD, 24 estados (ou 206 delegados) são FR e cerca de 10 são swing states, ou seja, estados em que não há uma tendência ideológica-partidária clara da população e ora dão vitória ao candidato Republicano, ora ao Democrata.

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São 136 delegados em jogo nesses 10 locais: Arizona, Florida, Iowa, Michigan, Nevada, New Hampshire, North Carolina, Ohio, Pennsylvania e Wisconsin. São nesses estados que os pleitos se resolvem todo ano.

Esses Estados não são homogêneos e merecem uma análise individual, que será feita nas próximas semanas. Emprego, impostos, saúde/pandemia, raça e desigualdade são os temas chaves para a disputa de novembro desse ano. E é sob o ponto de vista de cada um desses tópicos que tentaremos traçar as chances de Trump e Biden em cada swing state.

Ivo Chermont Sócio e Economista-chefe da Quantitas Asset

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