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O que esperar das primárias democratas em New Hampshire?

Média das pesquisas mostram Sanders com 25,5%, Biden com 17% (caindo na margem), Buttigieg com 15% (subindo na margem) e Warren com 14%
Por  Ivo Chermont -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Inegavelmente, as primárias de Iowa tiveram dois perdedores, o partido democrata, pela confusão na apuração dos votos, e principalmente, o candidato moderado, Joe Biden.

As pesquisas indicavam que Biden terminaria o caucus muito próximo ao socialista Bernie Sanders. E, mais uma vez, os institutos de pesquisa não conseguiram capturar a opinião popular. Esta, não só mostrou Sanders muito a frente de Biden como surpreendeu colocando o também moderado Pete Buttiegieg empatado com Sanders na primeira colocação.

A próxima primária, New Hampshire, ocorre na próxima terça-feira, dia 11 de fevereiro. É inevitável voltarmos às pesquisas. Ruim com elas, pior sem elas.

Os números indicam vitória folgada de Sanders. A média das últimas pesquisas mostram Sanders com 25,5%, Biden com 17% (e caindo na margem), Buttigieg com 15% (e subindo na margem) e Warren com 14%.

A ala à esquerda do partido possui algumas vantagens nas primárias de New Hampshire e não será surpresa nenhuma que os números das urnas mostrem vantagens até maiores do que estão nas pesquisas.

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Vantagem 1: home bias – New Hampshire faz fronteira com três estados Americanos. Além de Nova York, que usualmente tem um voto mais progressista, tem nas suas vizinhanças o estado de Vermont, do qual Bernie Sanders é senador, e Massachussets, que possui Elizabeth Warren como um de seus senadores. Ou seja, os progressistas vão “jogar em casa”.

Vantagem 2: demografia – Cerca de 95% da população do Estado é composta de brancos e alta escolaridade. New Hampshire é o segundo estado com mais anos de estudo nos EUA só ficando atrás de Montana. A demografia do voto mostra que democratas brancos e escolarizados tem uma maior tendência a votar pelos candidatos mais progressistas.

Em 2016, na disputa entre Hillary Clinton e Bernie Sanders, este ficou com 60% dos votos. O histórico dos votos democratas no Estado reflete a questão demográfica citada acima. Usualmente vence no Estado o candidato progressista.

Se pudermos mencionar alguma desvantagem dos progressistas é a idade média do Estado. É o segundo estado mais velho dos EUA, com uma média de idade superior a 43 anos, só perdendo para o Maine. E a demografia do voto democrata é inequívoca em mostrar que quanto mais velho, menos progressista e mais favorável a candidatos moderados.

Pela vantagem construída por Sanders sobre Biden em Iowa, as primárias em New Hampshire ganham importância para que o mais novo favorito Sanders ganhe corpos de vantagem sobre Biden e almeje, quem sabe, vencer até nos Estados em que Biden surge como franco favorito, como é o caso de South Carolina, a terceira primária, ainda no mês de fevereiro.

Fevereiro passou a ser um mês chave nessas eleições democratas. Pelo lado de Biden, não é preciso que ele vença em New Hampshire. Mas ele não pode ir tão mal quanto foi em Iowa sob risco de perder a mão do seu eleitorado mais fiel.

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Para Sanders, é a chance de ele entrar na Super Tuesday (dia 3/3) com enorme favoritismo, o que também ganha pontos entre eleitores. Por fim, tem o azarão Buttigieg que pode continuar surpreendendo e entrar na Super Tuesday como o grande candidato da ala moderada do partido.

*As opiniões do autor refletem uma visão pessoal e não necessariamente da Instituição Quantitas Asset

Ivo Chermont Sócio e Economista-chefe da Quantitas Asset

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