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Como a rede do real digital e a tokenização vai afetar nossas vidas

Por que sua carteira blockchain será o centro do seu “eu-digital”
Por  Gustavo Cunha -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Com tudo que tenho visto, estudado e feito em Defi, CBDCs e real digital, segue uma tentativa de responder à pergunta mais frequente em muitas interações que tenho com pessoas que estão menos imersas no assunto: por que se fala tanto disso? Ou, visto de outra forma, o que mudará?

O jeito que consigo fazer isso é me transportar para o futuro e mostrar o que imagino ser o futuro pós implementação do real digital e como isso nos impactará. Hoje, tudo não passa de especulação e esse futuro pode não se concretizar. Mas não tenho dúvidas de que o caminho atual nos leva para esse cenário. Então, venha comigo nessa viagem.

Com a implementação de redes de blockchain em vários países, com interoperabilidade entre elas, e tudo, mas tudo mesmo, tokenizado e representado nessas redes, poderíamos, por exemplo, ter em uma única carteira, todas as nossas informações e investimentos. Como se fosse um acesso de uma fintech que hoje já pode usar o open finance do Brasil, mas a nível mundial. Como tudo estaria em blockchains interoperáveis, seria feito de uma forma mais fácil e auditável.

Imagine uma carteira na rede do real digital, na qual consigamos ter nossos saldos em moeda local (real tokenizado), todos os investimentos que tivermos (CDBs, títulos públicos, ações etc.) e os tokens de propriedade de ativos como o nosso carro, nossa casa, nossos relógios etc. Além disso, o sistema poderia ser expansivo, para termos nessa mesma carteira outros tokens de utilidade, como NFTs de cursos, POAPs [prova de participação em um evento], arte ou qualquer outra coisa que você possa imaginar.

Nesse cenário, a carteira vira o centro da nossa vida digital. Conseguindo provar que você é o dono, por meio de processos usando Zero Knowledge (ZK), no qual é preciso fornecer poucas (ou até nenhuma) informações sensíveis, você conseguiria ter acesso a empréstimos bancários, entrar na área vip do aeroporto, ter desconto no restaurante que sempre frequenta e muito mais. Tudo de uma forma fácil, transparente, segura e sem renunciar à sua privacidade.

Essa carteira poderia também conter dados da sua vida particular: tickets de viagens e ingressos de shows, diploma da faculdade, certidão negativa de débitos etc.

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Ela viraria o seu “eu-digital”.

Essa rede e suas carteiras seriam responsáveis por toda liquidação e pagamentos, custodia, administração dos dados históricos, controle de acesso etc. Tudo feito por ela e, muito possivelmente, sem intermediários – ou pelo menos intermediários do que temos hoje.

O acesso a essas carteiras seria feito por meio de nossos celulares, de uma maneira tão segura e fácil como a forma pela qual acessamos nossas contas bancárias hoje. Eu conseguiria levar todos esses tokens comigo para onde eu quisesse. Na verdade, eles estariam comigo onde quer que eu os quisesse levar. Haveria também custodiantes de confiança (e regulados) que prestariam esse serviço para quem não se sentisse confortável com isso.

Para analisar o seu histórico de diabetes ou de colesterol seria preciso somente ver os tokens representativos dos exames históricos que você fez. Para saber se a pensão alimentícia foi paga é só acessar a carteira e ver se a transferência foi feita regularmente. Para saber os últimos proprietários de um imóvel é só ver por onde o token desse imóvel transitou na sua existência. Para saber quem foi no show do Imagine Dragons basta ver as carteiras que tem o NFT do ingresso do show. Para consultar seu programa de fidelidade do supermercado ou da companhia aérea que mais usa, é só checar os NFTs que tem nessa rede.

Já deu para perceber que essa rede, que começou com uma ideia muito mais financeira, já se expandiu para muito mais do que isso, tal qual o open banking, que começou com os bancos e hoje, no Brasil, virou open finance e engloba seguradoras, cambio e outras atividades. Ela vira a espinha dorsal de tudo o que fazemos.

Por meio de sua carteira nessa rede, que tem tudo tokenizado, você consegue trocar reais por dólares em instantes, usando uma plataforma descentralizada. Com esses dólares, é possível comprar um título do tesouro americano, também tokenizado. E tudo isso em um processo automatizado, de forma que você veria o preço do título público americano em reais (com todas as taxas incluídas).

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Com um clique, o sistema executaria tudo o que é necessário para a transação. Tudo via DvP (delivery versus payment), que é uma formato automatizado, sem fricção e risco de contraparte.

Para quem já tem alguma familiaridade com cripto, o que descrevi até aqui poderia ser ilustrado de uma outra forma.

Imagine uma grande exchange centralizada que listasse todos esses tokens e na qual tivéssemos sistemas de KYC (“know your customer/client”) e compliance aprovados por todos os países. Ela seria o mercado de cambio e financeiro mundial. Ou até mais: poderia ser o mercado mundial de seguros, arte digital, negociação de ingressos etc. Todos os tokens que não fossem privados seriam negociados nela. As grandes exceções que vejo são dados de exames de saúde individuais, que estariam na registrados na rede, mas que teriam sua privacidade garantida por algoritmos de criptografia (ZK novamente?).

Outro fator que estaria resolvido seria a interoperabilidade. Isso porque, por meio de uma estrutura centralizada, ela faria a ponte para todos os sistemas locais de blockchain, financeiros ou não.

Outra forma de vermos é olharmos para trás e percebermos a evolução pela qual a blockchain passou desde que o Bitcoin surgiu. O que difere o que ilustrei acima do ecossistema da Ethereum? Já pensou sob esse prisma?

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Essa grande rede mundial de blockchain, que pode ter várias nuances e formas de vermos, está em ebulição – e isso tende a se intensificar. Os desafios para chegarmos nesse futuro são grandes. Além disso, a transição não será linear e igual em todos os lugares.

Mas isso é assunto para outro momento.

E você, concorda com esse caminho? Ficou claro o que o que isso mudará na sua vida?

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Gustavo Cunha Autor do livro A tokenização do Dinheiro, fundador da Fintrender.com, profissional com mais de 20 anos de atuação no mercado financeiro tradicional, tendo sido diretor do Rabobank no Brasil e mais de oito anos de atuação em inovação (majoritariamente cripto e blockchain)

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