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Os NFTs morreram! Longa vida aos NFTs!

O preço dos NFTs e a minha confiança de que isso só crescerá
Por  Gustavo Cunha -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Os tokens não fungíveis (NFTs), conhecidos em inglês como Non-Fungible Tokens, ganharam fama mundial graças a duas coleções e suas respectivas comunidades de arte digital: Bored Apes e CryptoPunks. Alguns desses NFTs chegaram a atingir valores superiores a US$ 3 milhões, atraindo imediatamente a atenção da mídia, investidores e entusiastas.

Nos últimos trimestres, observamos uma significativa queda nos valores desses NFTs. Para dar uma ideia, o Bored Ape Yacht Club, que é a coleção principal entre os Bored Apes, atualmente tem seu “floor price” (preço mínimo entre todos os NFTs da coleção) em US$ 45 mil, após ter alcançado um mínimo de US$ 345 mil no segundo trimestre de 2022.

Alguns podem argumentar, especialmente aqueles mais familiarizados com o mundo das criptomoedas, que o preço dessas coleções não é dado em dólares e que essa queda reflete mais a desvalorização do ether, a moeda da rede Ethereum usada como base para esses NFTs, do que a queda de preço dos Bored Apes em ether.

Infelizmente, isso não é o caso. Mesmo em ether, o preço caiu de cerca de 120 ethers para 26 ethers. Embora a queda do ether em relação ao dólar justifique parte da queda de preços, a maior parte da queda foi em ethers mesmo.

Essa enorme queda foi discutida em um relatório da dappGambi, que teve grande repercussão na comunidade cripto. O relatório constatou que mais de 95% dos NFTs não têm valor algum.

Não vou entrar aqui na explicação das razões por trás dessa queda e da falta de uso/utilidade que leva a maioria dos NFTs a não valer nada. Em vez disso, vou olhar para o presente e o futuro para avaliar as perspectivas.

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Primeiramente, é importante distinguir os tipos de NFTs. Os NFTs são representações digitais de direitos e/ou utilidades em redes blockchain. Eles são uma forma de representar algo único e não fungível nessas redes, permitindo transferências diretas entre usuários, sem intermediários. Portanto, eles são uma maneira de manter ativos digitais exclusivos de forma descentralizada.

Isso abrange uma ampla gama de casos de uso.

O mais conhecido é o que mencionei no início deste texto: NFTs de arte, que geralmente estão associados a uma narrativa e uma comunidade. A narrativa por trás do Bored Apes é bastante forte. Para quem não a conhece, vale a pena ler o relatório da Paradigma Educação sobre o assunto.

No entanto, os NFTs não se limitam à arte e à comunidade cripto. Eles têm uma variedade de outros casos de uso, incluindo a gestão de programas de fidelidade, tokens de ativos reais, como imóveis, grãos ou carros, e muito mais. Até mesmo nossa identidade digital pode ser representada por meio de um token.

É aqui que se abre uma porta para uma infinidade de casos de uso e soluções, graças aos NFTs de arte. A inovação geralmente encontra menos barreiras regulatórias e governamentais em seus estágios iniciais. Tudo é testado e, quando bem-sucedido, abre caminho para a adoção dessas soluções em ambientes mais tradicionais. E o mesmo acontece aqui.

Testar NFTs nos mercados financeiro e imobiliário, por exemplo, é muito mais desafiador e arriscado do que no mercado de arte e colecionáveis. Portanto, vejo esse setor como pioneiro, realizando os primeiros testes. Alguns casos de grande sucesso, como o Bored Apes, abrem caminho para a incorporação dessa tecnologia e dessas soluções nos mercados mais convencionais.

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O que observo é que estamos agora nesse estágio. Estamos no ponto em que o mercado tradicional está testando, explorando e, em alguns casos, acelerando nessa direção. Questões de usabilidade da Web3 versus Web2 ainda precisam ser resolvidas, mas exemplos como o Gotas.social, que permite o acesso a NFTs por meio de uma conta no Gmail, começam a abordar esses aspectos.

Se os NFTs de arte e as comunidades, como os Bored Apes, vão desaparecer, eu não sei e até ousaria dizer que não. No entanto, afirmo que a grande transformação que os NFTs trarão para nossas vidas não será diretamente por meio deles. É importante ressaltar o “diretamente”, pois, como mencionei anteriormente, muitos dos usos dos NFTs terão suas raízes nesses experimentos.

Outro ponto interessante é a maneira como o sucesso é medido pelo valor alcançado por esses NFTs e o insucesso é medido pela queda de preço. Seria esse o melhor indicador para avaliar a situação? Certamente, é um dos fatores, mas, em outras palavras, seria o único fator?

Fazendo um paralelo, quando me mudei de São Paulo, precisei avaliar os bens que a transportadora estava levando. Como quase não havia móveis, a maioria dos bens consistia em cadernos dos filhos, álbuns de fotografias e outras coisas com grande valor sentimental. No entanto, esses itens eram impossíveis de serem reproduzidos ou comprados, então, como avaliá-los? Essa questão se relaciona em parte com os NFTs de arte e as comunidades. O desejo de possuir algo ou fazer parte de algo é difícil de quantificar em termos monetários, mas, ao mesmo tempo, o dinheiro muitas vezes se torna o fator de referência.

Em relação ao título deste artigo, o que parece cada vez mais distante é que os NFTs não farão parte de nossas vidas em breve. Muito provavelmente, eles farão parte de nossa vida de alguma forma, mesmo que não estejamos conscientes disso.

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Portanto, se os NFTs morreram, vida longa aos NFTs! 😉

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Gustavo Cunha Autor do livro A tokenização do Dinheiro, fundador da Fintrender.com, profissional com mais de 20 anos de atuação no mercado financeiro tradicional, tendo sido diretor do Rabobank no Brasil e mais de oito anos de atuação em inovação (majoritariamente cripto e blockchain)

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