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CEO da Microsoft Brasil dá a receita para não errar com uso de IA

Para Tânia Cosentino, empresas devem ser ágeis, mas não devem 'saltar de cabeça' em novas tecnologias

Rikardy Tooge

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Os ciclos de inovação tecnológica estão ocorrendo em janelas cada vez mais curtas e os CEOs já não se podem dar ao luxo de esperar o resultado na “grama do vizinho” para replicar em seu próprio negócio. “Antes, havia tempo de treinar a equipe, estudar a tecnologia, ver casos comprovados. Hoje já não há tempo para isso”, aponta Tânia Cosentino, presidente da Microsoft no Brasil, ao IM Business.

A recomendação da executiva não é nada trivial. Além de Tânia ter mais de 40 anos de carreira, com posições de liderança em importantes multinacionais, a Microsoft foi a empresa que deu tração às iniciativas de inteligência artificial por meio de sua investida OpenAI, criadora do popular ChatGPT. “É importante que se discuta a inovação. Mas isso não é um convite para saltar de cabeça em uma tecnologia sem avaliar se há maturidade dentro da empresa”, explica.

A executiva diz que, a despeito de pressões que possam ocorrer, a tecnologia não deve ser encarada como modismo pelos executivos. Ela lista a cibersegurança e a própria inteligência artificial como temas que o C-level e membros de conselho não devem deixar de lado. “A segurança digital é o risco número um para os negócios, então não há nada de modismo nesse tema. A inteligência artificial é uma ferramenta poderosa que, se bem usada, pode transformar o negócio”.

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Tânia Cosentino, presidente da Microsoft no Brasil (Divulgação)

Segurança digital e inteligência artificial são justamente duas das apostas da gigante de tecnologia para o Brasil. Além da oferta de cibersegurança, com foco na proteção de dados, a companhia pretende ampliar a oferta de IA às empresas, por meio de seus “copilotos”, que são assistentes virtuais que ajudam nas ferramentas vendidas pela empresa, como o Power BI e o 365 (antigo Office). No futuro, a ideia é permitir que os clientes possam criar seus próprios copilotos para a oferta de produtos e serviços.

“Nós recomendamos a nossos clientes que comecem pequenos e em ambientes controlados. Se você vai para uma grande implementação, você pode ter problemas muito grandes e cria-se uma aversão à tecnologia”, acrescenta Tânia, que dará uma palestra sobre o tema durante o HSM+ 2023, que ocorrerá no fim de novembro em São Paulo.

Microsoft também se adaptou

Tânia lembra que, dentro da própria Microsoft, a mudança de cultura foi importante para que a companhia voltasse a liderar uma transformação tecnológica. “Muitas vezes, as empresas que não inovam acabam ficando para trás, a exemplo do que vimos na Xerox e Kodak. O problema não foi a falta de capacidade de inovar, mas de incorporá-la ao negócio.”

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A executiva diz que a ascensão de Satya Nadella ao comando global da companhia, no início de 2014, foi o impulso para a transformação interna. “A Microsoft entendeu isso e o Satya estruturou os conceitos do growth mindset, em que, basicamente, se trabalha com a ideia de que não sabemos de tudo, que precisamos trabalhar juntos e que temos que estar preparados para eventualmente errar”, lista a executiva.

“Quando falamos de uma empresa de tecnologia, a nossa responsabilidade é não perder tempo. Então, nós testamos rápido em um ambiente controlado, medimos e, se funcionou, a gente escala. Se não deu, abortamos e seguimos para a próxima. Isso requer maturidade e uma mudança de mentalidade”, acrescenta.

Tânia reconhece que a prática, similar aos métodos ágeis que vêm ganhando espaço nas grandes organizações, não é tão simples para todos os modelos de negócios. É preciso, muitas vezes, empenhar esforços. “Existe uma frase antiga de que você tem que ser o gerador da próxima disrupção do seu negócio – se você não fizer, seu concorrente fará e será muito mais difícil seguir. Eu não estou dizendo que seja fácil, mas eu acredito que essa é a diferença entre o sucesso e o fracasso.”

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Saber que não sabe

Outra mudança está no próprio perfil das lideranças. Se antes o CEO era a liderança que tinha respostas para tudo, hoje a visão é exatamente a oposta. “Havia a imagem do líder como um herói, e não é assim. O líder tem que estar preparado para dizer ‘não sei’. O bom líder é aquele que sabe fazer perguntas e provoca seus talentos”, reforça.

Tânia remonta a outra cultura interna da Microsoft para exemplificar. “Nós trabalhamos com três pilares. A liderança tem que ser modelo para seus funcionários, hoje todos reparam se a postura não condiz com a exigência. Tem que ser curioso e provocador dos seus times, mas também ter empatia, escuta ativa e cuidado com seus comandados”.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br