João Amoêdo, sobre voto em Lula: “Serei oposição no dia seguinte”

Ex-presidente do Partido Novo diz que apoiar petista é “sacrifício enorme”, mas vê ameaça às instituições e à democracia com Bolsonaro

Fábio Matos

O empresário João Amoêdo, fundador e ex-presidente do Partido Novo, afirmou nesta segunda-feira (17) que não se sente confortável em apoiar o petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra Jair Bolsonaro (PL), mas não vê outra alternativa diante do que classificou como risco às instituições caso o atual mandatário seja reeleito para um novo mandato.

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No fim de semana, Amoêdo declarou que votará em Lula no segundo turno das eleições. Ele recebeu duras críticas da direção, de parlamentares e do candidato da legenda ao Palácio do Planalto em 2022, Luiz Felipe D’Ávila, que rechaçaram o apoio ao petista.

“O fato de os dois serem muito ruins me obriga a tomar uma posição. Se fossem dois candidatos muito bons, seria praticamente indiferente qual decisão tomar. Eu tinha que escolher o menos pior”, disse Amoêdo em entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews.

“Não seria razoável depois de toda a trajetória que eu tive, de montar o partido, me candidatar à Presidência [em 2018], pedir o impeachment do presidente Bolsonaro, se eu me ausentasse do debate. Seria mais cômodo, mas não o melhor a ser feito para o Brasil”, prosseguiu.

Amoêdo afirmou que, apesar do voto em Lula no dia 30 de outubro, fará oposição a um eventual governo do PT a partir de 1º de janeiro de 2023.

“É um sacrifício enorme, eu serei oposição no dia seguinte, mas eu vou ter que votar no número 13”, disse. “O que não quer dizer que eu vá sair às ruas e fazer campanha, porque acho que ele [Lula] tem ideias erradas. Ainda assim, entendo que representa menor risco.”

Para Amoêdo, Bolsonaro demonstrou ser, ao longo de seu governo, “não só um péssimo gestor, mas um líder autocrático”.

“Todas as minhas críticas e restrições às ideias e aos métodos do PT permanecem. Não estou votando no Lula porque reconheço mérito no PT. Estou votando no Lula porque entendo que hoje essa é uma proteção necessária”, afirmou. “De 2018 para cá, na minha avaliação, nós regredimos institucionalmente. A discussão nem é mais sobre corrupção. É sobre você estar em um estado democrático, de fato. E nisso o Bolsonaro me preocupa muito.”

Reação do Novo

Ao ser questionado sobre as críticas que recebeu do presidente nacional do Novo, Eduardo Ribeiro, e de lideranças do partido como o deputado federal Marcel Van Hattem (RS), João Amoêdo disse que a legenda acabou se desvirtuando de seu rumo inicial.

“O Novo não nasceu simplesmente para ser um partido que defende o liberalismo, que estaria preocupado com o curtíssimo prazo. As eleições tinham que ser um meio, não um fim em si”, afirmou. “Acho que, ao longo do tempo, isso infelizmente foi acontecendo no partido. Fomos dando muito valor ao projeto eleitoral e deixando de lado o projeto que era melhorar o Brasil.”

Nas eleições deste ano, o Novo foi um dos seis partidos que não conseguiram cumprir a chamada cláusula de barreira. A agremiação elegeu apenas três deputados federais. Nas Assembleias Legislativas, foram apenas cinco deputados estaduais eleitos.

Moro

Amoêdo também comentou a presença do ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro no debate de domingo (16) da TV Bandeirantes, ao lado da equipe que acompanhou e auxiliou Bolsonaro nos bastidores. Para o ex-presidente do Novo, o agora senador eleito pelo Paraná vem dando sinais contraditórios a seus admiradores.

“Uma das principais deficiências no país é a ausência de liderança. O Moro se colocou, com o trabalho da Lava Jato, como uma dessas lideranças. Nos últimos tempos, ele tomou uma série de caminhos que deixam questionamentos para os eleitores”, criticou. “Por que se juntar ao Bolsonaro quando depois de ter sido juiz no caso envolvendo o candidato que se opõe ao Bolsonaro neste momento? No fundo, ele está dando argumentos para o Lula”, continuou Amoêdo.

“Acho que ele [Moro] poderia registrar o voto no Bolsonaro, mas ter uma ligação tão próxima me parece muito incoerente. Infelizmente, acho que isso afeta a imagem dele e o enfraquece para o futuro”, concluiu.

Em 2018, João Amoêdo foi o quinto candidato mais votado no primeiro turno da disputa presidencial, com quase 2,5% dos votos válidos. Ele terminou à frente do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (1,2%) e da ex-ministra do Meio Ambiente e ex-senadora Marina Silva (1%).

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