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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou, nesta quarta-feira (1º), que não pressionou o Banco Central a reduzir a Selic quando, no anúncio da reoneração parcial dos combustíveis disse que a medida permitiria uma antecipação do calendário de queda de juros.
Em entrevista ao portal UOL, Haddad disse que tal percepção foi compartilhada pela própria autoridade monetária, em 7 de fevereiro, na divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve a Selic a 13,75% ao ano.
“Não é um recado que eu estou dando, porque isso consta da ata do Copom”, afirmou. “O que a diretoria do Banco Central diz? Está dizendo que, ao contrário do que os bolsonaristas estão dizendo, esta medida vai ao encontro do desejo do Banco Central [para] baixar juros”.
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“Isso está na ata e foi objeto de pergunta na entrevista concedida ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Perguntaram mais de uma vez ao presidente do Banco Central: ‘essa medida piora ou melhora as condições de combate à inflação e possível redução da taxa de juros?’. Ele falou: ‘melhora’. O que eu fiz ontem não foi pressionar nem nada, foi lembrar o que está escrito na ata”, continuou.
Durante a entrevista, Haddad disse que muitas vezes cabe ao ministro da Fazenda dar as “notícias mais difíceis” e impopulares do governo. Ele ressaltou os desafios a serem enfrentados nos próximos meses e alegou que a atual administração não tem projeto para “ficar popular” em seis meses.
“Nós não temos um projeto para ficar popular em seis meses. Lula, quando assumiu em 2003, assumiu em uma situação infinitamente mais favorável do que hoje, ainda que difícil, e tomou medidas duras em seu primeiro ano de governo para sair como o maior presidente da história do Brasil, com mais de 80% de aprovação e crescimento de 7% da economia”, afirmou.
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“Não é fácil governar um país tão complexo quanto o Brasil, menos ainda depois do Bolsonaro, que simplesmente arrebentou o Orçamento federal e deixou vários ministérios em uma situação caótica”, prosseguiu.
O ministro responsabilizou o governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL), pela taxa de juros atual do país, que, segundo ele, em termos reais varia entre 6,5% e 8% ao ano, dependendo da metodologia adotada.
“O BC não chegou à taxa de juros que chegou no atual governo. A taxa de juros de 13,75% foi atingida no governo Bolsonaro, por causa da inconsequência, da irresponsabilidade da dupla que os bolsonaristas fazem propaganda. O Brasil ganhou com isso o quê? Ele perdeu a eleição, o Brasil está com um rombo orçamentário e com a maior taxa de juros do mundo”, criticou.
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Haddad disse, ainda, que cabe à sua pasta tomar “medidas compensatórias” nos gastos públicos para “equilibrar o jogo” e “permitir que o Banco Central faça a parte dele e comece a restabelecer o equilíbrio da política econômica com vistas a um crescimento sustentável”.
As declarações vêm poucos dias após Haddad cumprir agenda junto com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em encontro com representantes do G20, em Bangalore, na Índia. O comandante da autoridade monetária tem sido alvo de frequentes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de aliados, que veem com preocupação a manutenção da Selic no atual patamar.
Na entrevista ao UOL, Haddad mais uma vez defendeu a necessidade de “harmonizar a política fiscal e a monetária”. “Não existe uma coisa e outra. Existe política econômica”, disse. Mas também voltou a apontar o nível dos juros como “nosso principal problema econômico hoje”.
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“Nós temos que dar o horizonte de planejamento para os investidores, de médio e longo prazo, porque a 13,75% vai ficar muito difícil”, reforçou.
Questionado sobre a autonomia do BC, o ministro afirmou que se trata de “uma situação de fato incontornável no curto e médio prazo”. “Foi uma decisão que o Congresso tomou e eu não vejo ânimo, neste momento, de rever. Isso não impede o Congresso de amanhã repensar”, ponderou.
Haddad disse, ainda, que o Brasil está com problema no crédito e na atividade econômica, mas que há uma janela de oportunidade gerada pelo contexto internacional. “O Brasil voltou a ser um país interessante para os investidores, sobretudo por causa da guerra na Ucrânia, crise com a China, crise com a Rússia”, declarou.
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“Vamos arrumar a casa para atrair investidores, criar uma governança séria, e o Brasil volta a crescer. Nós estamos em uma situação em que não podemos perder essa oportunidade. Nós temos todas as condições de voltar a crescer com sustentabilidade”, disse.
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