Haddad diz que reoneração dos combustíveis atende Banco Central e espera resposta nos juros

Ministro cita ata do Copom para dizer que medidas ajudam no combate à inflação a médio e longo prazo e geram oportunidade na política monetária

Marcos Mortari

Fernando Haddad em entrevista à imprensa sobre medidas econômicas (Washington Costa/MF)
Fernando Haddad em entrevista à imprensa sobre medidas econômicas (Washington Costa/MF)

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou, nesta terça-feira (28), que a decisão de reonerar os impostos federais sobre combustíveis, apesar de gerar impactos diretos sobre os preços da gasolina e do etanol, está alinhada com o que defende o Banco Central em seus comunicados sobre a política monetária em curso.

Durante entrevista coletiva para anunciar os detalhes da medida, Haddad disse esperar que a autoridade monetária reaja da forma prevista e sinalizada nas atas recentes do Comitê de Política Monetária (Copom), que em sua última reunião manteve a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano − patamar duramente criticado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aliados.

“Lembro que essas medidas estão sendo tomadas, inclusive, porque, na ata do próprio Banco Central está dito que isso é condição para o início da redução das taxas de juros no Brasil. E as taxas de juros no Brasil estão produzindo muitos malefícios para a nossa economia. Todos nós sabemos e estamos acompanhando isso”, disse Haddad.

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“As taxas de juros do Brasil são as mais altas do mundo, estão produzindo efeitos perversos sobre a economia. Existe um problema no crédito, existe um problema do horizonte de crescimento da economia. Todo mundo, o país inteiro, está unido na causa da redução das taxas de juros. As empresas estão nos procurando. O agronegócio, o comércio, a indústria. Todo o setor produtivo anseia por isso”, prosseguiu.

“Estamos dando uma resposta ao setor produtivo de que o governo vai fazer a sua parte, esperando que a a autoridade monetária reaja da maneira como prevista nas atas do Banco Central. Nosso desejo é que a política monetária e a política fiscal se harmonizem em torno de um projeto de desenvolvimento que permita garantir a segurança jurídica dos direitos sociais que foram defendidos na campanha eleitoral e que já estão sendo garantidos pelo atual governo”, concluiu.

As declarações vêm poucos dias após Haddad cumprir agenda junto com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em encontro com representantes do G20, em Bangalore, na Índia.

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Questionado sobre suas falas, Haddad disse que a própria ata do Banco Central aponta, em contraste com o que poderia entender o senso comum, a reoneração dos combustíveis é benéfica para o combate à inflação a médio e longo prazo, supostamente abrindo espaço para uma redução nos juros.

“Estou reproduzindo argumentos do Banco Central para dizer que o impacto sobre a inflação de médio e longo prazo são benéficos em função do problema fiscal herdado, e isso abre espaço − um absolutamente necessário − para a gente começar a reduzir a taxa de juros, sem o que nós vamos prejudicar emprego, crescimento, reajustes salariais e tudo o que a gente quer promover”, argumentou.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.