Encontro entre Lula e Zelenskiy teve “entendimento mútuo muito bom”, diz chanceler brasileiro

Encontro durou pouco mais de uma hora e, de acordo com uma fonte, sem constrangimentos, apesar de declarações anteriores do brasileiro que incomodaram

Reuters

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante encontro com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em Nova York (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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Depois de alguns desencontros, o aguardado encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, aconteceu nesta quarta-feira, em Nova York, com uma discussão centrada em possíveis negociações de paz e “em clima de cooperação”, de acordo com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

O encontro durou pouco mais de uma hora e, de acordo com uma fonte, sem constrangimentos, apesar de declarações anteriores do presidente brasileiro que incomodaram Zelenskiy, como a ideia de que talvez a Ucrânia tivesse que ceder territórios para a Rússia para poder encerrar a guerra, uma declaração dada em abril.

“Foi uma reunião muito importante porque foi um primeiro contato pessoal entre os dois”, disse o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, lembrando que ambos já haviam conversado por telefone e por videoconferência. “O que houve hoje foi um entendimento mútuo muito bom, o presidente Zelenskiy explicou todas as suas posições.”

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Mauro Vieira acrescentou que Lula deixou claro que o Brasil condena a invasão do território ucraniano. Por vezes, nos últimos meses, a posição do presidente brasileiro foi interpretada como dúbia por Zelenskiy e outros governos, quando Lula colocou em igualdade a culpa de ambos os países na guerra, ou afirmou que nenhum dos dois queria parar a guerra por acharem que iriam vencer.

O Brasil votou a favor de resoluções condenando a invasão nas Nações Unidas e o próprio Lula já falou publicamente que condena a invasão. Mas sua relação com o presidente russo, Vladimir Putin, que vem desde seus primeiros mandatos, e a tentativa de manter um canal aberto de diálogo com a Rússia levaram a declarações contraditórias.

“Ele reafirmou ao presidente Zelenskiy a posição muito clara e constante do Brasil, de que o Brasil condena a invasão territorial, defende os princípios da Carta da ONU e que quer por todas as formas possíveis promover o diálogo e a paz”, contou o chanceler.

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Ao sair do encontro, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, chegou a afirmar que o encontro servira para “quebrar o gelo” entre os dois chefes de Estado, para em seguida se corrigir: “Não que houvesse gelo para ser quebrado”.

“Foi uma conversa agradável e honesta e os dois presidentes hoje entendem as posições um do outro muito melhor”, continuou Kuleba.

Segundo Vieira, Lula pediu que Zelenskiy explicasse sua visão sobre a guerra e quais os caminhos possíveis a seguir, e deixou claro a disposição do Brasil de participar de quaisquer grupos que os dois lados queiram criar para discutir a paz, seja o de Copenhague, que já vem se reunindo, seja qualquer outro. Ou mesmo ficar de fora, se for necessário.

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“Ele (Lula) insistiu muito dizendo ao presidente Zelenskiy que está disposto a integrar qualquer grupo com outros países escolhidos pelas duas partes, ou até não integrar. Ele disse que se escolherem outros países e não tiver o Brasil não há nenhum problema. O que queremos é promover a possibilidade de um encontro de paz”, disse Vieira.

Questionado se o encontro havia tratado de pontos como a cessão de territórios para encerrar a guerra, que Lula havia mencionado em abril, o chanceler negou e disse que isso só diz respeito aos dois países.

“Esses detalhes que são para negociação e dizem respeito diretamente à Ucrânia e à negociação com o outro lado. Não se discutiu condições, não se discutiu nada. O presidente Lula não quis entrar e não teria porque entrar em detalhes que dizem respeito única e exclusivamente às duas partes envolvidas”, afirmou. “O que ele insistiu muito foi na negociação, na predisposição de sentar e ouvir o outro lado.”

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Depois do encontro, os dois presidentes fizeram postagens em suas redes sociais. Em uma foto cumprimentando Zelenskiy, Lula escreveu que teve uma “boa conversa sobre a importância dos caminhos para construção da paz e de manter o diálogo sempre aberto entre os nossos países”.

Já o presidente ucraniano afirmou que teve uma “reunião importante” com Lula, ocasião em que ocorreu uma discussão “honesta e construtiva”.

“Instruímos as nossas equipes diplomáticas a trabalhar nos próximos passos nas nossas relações bilaterais e nos esforços de paz”, publicou Zelenskiy, acrescentando que “o representante brasileiro continuará participando das reuniões da Fórmula da Paz”.

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O primeiro encontro entre Zelenskiy e Lula vinha sendo preparado há meses. O governo ucraniano solicitou a reunião em Nova York após um desencontro entre os dois líderes na cúpula do G7 na cidade japonesa de Hiroshima, em maio.

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