Bolsonaro tinha pronunciamento de derrota elaborado por equipe, mas não leu

Texto foi preparado pelo ex-ministro das Comunicações, Fabio Faria, e remetido a um dos ajudantes de ordens do então presidente

Luís Filipe Pereira

(Andressa Anholete/Getty Images)

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Documentos entregues à CPMI do 8 de Janeiro indicam que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha pronto um discurso para reconhecer a derrota após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro do ano passado, mas não o leu. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo, na edição publicada nesta terça-feira (8).

“Eu sempre disse que o Brasil está acima de tudo e Deus acima de todos, e que daria minha vida pelo Brasil. Por esse motivo não contestarei o resultado das eleições”, dizia a sugestão de pronunciamento.

Segundo o jornal, o texto foi preparado pelo ex-ministro das Comunicações, Fabio Faria, e encaminhado a um dos ajudantes de ordens de Bolsonaro, identificado como Daniel Lopes de Luccas, com cópia para o ex-ministro de Relações Exteriores, Carlos França.

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O jornal também traz a informação de que o documento foi analisado previamente por integrantes do primeiro escalão do governo. A assessoria de Faria confirmou que o e-mail foi enviado ao ajudante de ordens de Bolsonaro para que fosse impresso e entregue ao então presidente, mas não informou o motivo pelo qual não foi lido publicamente.

Ainda de acordo com a reportagem, apesar de reconhecer a derrota, o discurso fazia críticas à atuação dos institutos de pesquisa e decisões judiciais contra a atuação de perfis de direita durante a disputa eleitoral. Na época, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) chegou a suspender a monetização dos canais Brasil Paralelo, Foco do Brasil, Folha Política e Dr. News no YouTube, em resposta a ação apresentada pela coligação de Lula, alegando difusão de notícias sabidamente falsas para atacar a candidatura do petista.

Após o resultado das eleições e a derrota nas urnas, Bolsonaro não reconheceu a vitória do adversário. No dia 1º de novembro, ele veio a público agradecer os 58 milhões de votos, em um discurso no Palácio da Alvorada, mas não citou Lula. Na mesma ocasião, o então ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), afirmou que estava autorizado a iniciar o processo de transição, com base na lei, quando fosse provocado.

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Aliados de Bolsonaro, como o governador de São Paulo, eleito no mesmo pleito, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o presidente da Câmara dos Deputados (Arthur Lira/PP-AL), que se reelegeu para mais um mandato no Parlamento, reconheceram publicamente a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva tão logo o TSE divulgou o resultado oficial, assim como líderes internacionais, como o presidente da França, Emmanuel Macron e o homólogo norte-americano, Joe Biden.

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