Após demissão, Serrano diz que enfrentou na Caixa desafio de ser mulher no poder

No primeiro pronunciamento público desde que foi demitida da presidência da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano afirmou que enfrentou, nos dez meses em que ocupou o cargo, o desafio de ser mulher em espaços de poder. Disse também que mostrou ser possível que um funcionário de carreira comande a Caixa e que voltará a ser bancária (ela trabalha no banco desde 1989).

“Ser mulher em espaços de poder é algo sempre desafiador. Não foi fácil ver meu nome exposto durante meses a fio na imprensa”, escreveu Serrano. “Espero deixar como legado a mensagem de que é preciso enfrentar a misoginia, de que é possível uma empregada de carreira ser presidente de um grande banco e entregar resultados, de que é possível ter um banco público eficiente e íntegro, de que é necessário e urgente pensar em outra forma de fazer política e ter relações humanizadas no trabalho.”

Serrano foi demitida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na quarta-feira (25). O estopim para sua demissão foi o patrocínio da Caixa a uma exposição em que uma foto do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), aparecia em uma lata de lixo.

Mas ela já vinha sofrendo desgaste junto ao governo e aos políticos desde o primeiro semestre, e seu cargo já vinha sendo negociado entre Lula e Lira desde julho. Serrano será substituída por Carlos Antonio Vieira Fernandes, funcionário aposentado do banco que foi indicado por Lira.

A ex-presidente da Caixa afirmou no texto publicado que sua gestão ajudou a resgatar a autoestima dos funcionários em trabalharem no banco. “Demos um salto de qualidade em diversos âmbitos da presença da Caixa na vida de todos e esse resultado positivo, que nos colocou em um dos melhores momentos da história do banco, é fruto de um esforço de trabalho coletivo”.

Nos dez meses em que comandou a instituição, Serrano recriou a vice-presidência de pessoas, contratou funcionários e abriu agências. Ela também iniciou a troca dos equipamentos de tecnologia das agências, em um investimento de R$ 4,8 bilhões. Ela também agradeceu a Lula pela “confiança depositada” e disse que “foi uma honra ter participado do seu governo”. “Nos próximos dias, faremos a transição com o futuro presidente do banco, ao qual desde já registro meus desejos de boa sorte”.