Tesouro Direto: alta dos juros perde força; IPCA+2045 chega a 6,03%, com prévia do PIB e inflação

Tesouro Prefixado 2033 oferecia 12,33% ao ano, maior do que os 12,24% ao ano de quinta-feira (27)

Neide Martingo

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A última semana de abril é marcada pelos dados de inflação, nos Estados Unidos, e a prévia do PIB no Brasil. O núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), um dos indicadores mais importantes para o Federal Reserve (Fed, banco central americano), subiu 0,3% em março ante fevereiro e 4,6% na comparação com o mesmo mês de 2022.

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (28) pelo Departamento de Comércio americano, um resultado dentro do esperado pelo mercado – uma vez que o consenso Refinitiv projetava alta mensal de 0,3% e anual de 4,5%.

Por aqui, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), indicador que é considerado uma prévia de desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, subiu 3,32% em fevereiro na comparação com janeiro, informou o Banco Central. Em janeiro, o indicador tinha mostrado queda de 0,04% ante dezembro. Em relação a fevereiro de 2022, o índice teve crescimento de 2,76%.

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O indicador ficou abaixo do consenso Refinitiv, que previa taxa de 9,0% no mês.

Além disso, a taxa média de desemprego no Brasil chegou a 8,8%% no trimestre encerrado em março, uma alta de 0,9 ponto percentual em comparação com o trimestre entre outubro e dezembro (7,9%) e 2,4 p.p. ante igual período do ano passado (11,1%), conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE.

O mercado já se prepara para a chamada “Super Quarta”, logo depois do feriado prolongado. Neste dia, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e o (Fed)  Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, anunciam as suas decisões de juros. Detalhe: esta será a terceira “Super Quarta” deste ano. O total será de seis até dezembro.

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No Tesouro Direto, às 15h18, os juros dos títulos públicos apresentavam alta. O Tesouro Prefixado 2033 oferecia 12,33% ao ano, maior do que os 12,24% ao ano de quinta-feira (27). O piso desses ativos, detido pelo Tesouro Prefixado 2026, era de 11,83% ao ano, superior aos 11,70% da véspera.

Entre os títulos do Tesouro Direto indexados à inflação, a taxa do Tesouro IPCA+ 2045 era de 6,03% ao ano, ligeiramente maior do que os 6,02% da sessão anterior.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta sexta-feira (28):

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Fonte: Tesouro Direto

Copom

O Copom se reunirá novamente nos dias 2 e 3 de maio e deve manter a taxa Selic estável em 13,75% ao ano para garantir a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante da política monetária. Segundo o Itaú BBA, “ainda que o anúncio do novo quadro fiscal possa contribuir para limitar as incertezas e reduzir o risco fiscal estrutural, a evolução da dívida pública ainda deve ser mencionada como um risco ascendente, a par da piora das expectativas de inflação para horizontes mais longos. Por outro lado, uma desaceleração global mais pronunciada, novas quedas nos preços das commodities e uma redução maior do que o esperado nos novos empréstimos domésticos devem ser novamente considerados como riscos negativos”.

Luca Mercadante, economista da Rio Bravo Investimentos, entende que semana que vem o Copom deverá realizar mais uma manutenção da taxa de juros, em virtude da dinâmica corrente da inflação e das expectativas. “A autoridade monetária ainda não tem sinais consolidados de que o processo de desinflação está em curso. Vimos no último dado do IPCA melhora nas medidas subjacentes, mas que ainda não garantem a convergência da inflação para a meta, como indicado nas expectativas do Focus. Assim, deve realizar mais uma manutenção da taxa de juros. Esperamos que os cortes comecem a partir de setembro e que a Selic termine o ano em 13%”.

PCE

O núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, um dos indicadores mais importantes para o Federal Reserve, subiu 0,3% em março ante fevereiro e 4,6% na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo Departamento de Comércio americano.

O resultado veio dentro do esperado pelo mercado, uma vez que o consenso Refinitiv projetava alta mensal de 0,3% e anual de 4,5%.

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O núcleo do PCE exclui variações de preços de alimentos e energia, considerados mais voláteis. Considerando esses preços, a inflação de consumo americana foi de 0,1% na base mensal e de 4,2% na anual em março.

Os preços dos bens caíram 0,2% e os de serviços avançaram 0,2% em março ante fevereiro, enquanto os preços dos alimentos tiveram variação negativa de 0,2% e os de energia recuaram 3,7%.

“O núcleo do índice de preços PCE  aumentou 0,28% mês a mês em março, em linha com as expectativas. Apesar das variações mensais terem diminuído recentemente, o retorno anual ajustado sazonalmente de três meses para o núcleo do PCE tem estado relativamente estável desde o início do ano em 4,60% e permanece bem acima da meta de 2%”, explica Francisco Nobre, economista da XP. “Seguindo a impressão de hoje, nossos modelos agora sugerem que o núcleo do PCE terminará 2023 mostrando um aumento de 2,9% (revisado de 2,8% ano a ano). Os dados são consistentes com uma pausa no ciclo de alta após a reunião de maio”.

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A inflação do consumo (PCE) nos Estados Unidos continua a mostrar resistência – especialmente quando analisado seu núcleo, que exclui as variações de preços mais voláteis, como energia e alimentos – e está sendo alimentada por um mercado de trabalho ainda aquecido, que traz um ganho de renda pessoal e incentiva o consumo. Para analistas, a manutenção desse quadro reforça a leitura de que o Federal Reserve vai aplicar uma nova alta de 25 pontos-base na taxa de juros na reunião da semana que vem.

Fed culpa gestão do SVB por quebra

O Fed, porém admite erros no próprio trabalho de supervisão. A conclusão aparece em relatório de cerca de 100 páginas divulgado hoje sobre o colapso do Silicon Valley Bank (SVB). Segundo o documento, o SVB era uma empresa “altamente vulnerável”, com um modelo de negócio excessivamente concentrado no setor de tecnologia e uma elevada base de depósitos sem a proteção de seguro.

O Fed explica que as autoridades de supervisão identificaram os problemas, mas foram lentas em exigir que o SVB cumprisse as exigências de liquidez e capital. O Fed, em particular, avalia que não foi capaz de perceber a seriedade das deficiências na governança e gestão de riscos do banco. (Estadão Conteúdo)

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Arcabouço fiscal: “aritmética não fecha”

O novo arcabouço fiscal, em tramitação no Congresso, recebeu críticas de Armínio Fraga, sócio-fundador da Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central. Em sessão no Senado Federal, nesta quinta-feira (27), ele disse que a aritmética da nova regra fiscal “simplesmente não fecha”, diante do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, autor da proposta, e da ministra do Planejamento, Simone Tebet.

“Infelizmente não é suficiente zerar o primário, porque zerando o primário significa que nós vamos estar tomando dinheiro emprestado para pagar o juro direto, e o juro é esse que a gente conhece. Então é fundamental caminhar na direção de um saldo primário maior. Outros detalhes podem e devem ser discutidos, mas esse eu creio que é o mais básico”, afirmou Fraga, de acordo com o Valor Econômico.

Desemprego

A taxa média de desemprego no Brasil chegou a 8,8%% no trimestre encerrado em março, uma alta de 0,9 ponto percentual em comparação com o trimestre entre outubro e dezembro (7,9%) e 2,4 p.p. ante igual período do ano passado (11,1%), conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta sexta-feira (28) pelo IBGE.

O indicador ficou abaixo do consenso Refinitiv, que previa taxa de 9,0% no mês.

A população desocupada alcançou 9,4 milhões de pessoas, crescendo 10,0% (mais 860 mil pessoas) ante o trimestre anterior, mas recuando 21,1% (menos 2,5 milhões de pessoas) no ano.

IBC-BR

O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), indicador que é considerado uma prévia de desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, subiu 3,32% em fevereiro na comparação com janeiro, informou nesta sexta-feira (28) o Banco Central do Brasil. Em janeiro, o indicador tinha mostrado queda de 0,04% ante dezembro. Em relação a fevereiro de 2022, o índice teve crescimento de 2,76%.

No trimestre encerrado em fevereiro, o IBC-Br subiu 0,82% em relação ao trimestre anterior. Ante o mesmo trimestre de 2022, houve alta de 2,16%. Com os dados divulgados hoje, o IBC-Br acumula alta de 2,87% no ano e de 3,08% em 12 meses.

Para a XP, a forte expansão da produção agrícola, combinada ao desempenho ainda sólido de atividades de serviços, explica, em grande medida, o aumento expressivo do índice. A corretora explica ainda que a forte expansão de setores menos sensíveis ao ciclo econômico (agropecuária e extrativa mineral), a resiliência do mercado de trabalho e a maior renda disponível às famílias (destaque para as transferências do governo) fornecem suporte à atividade econômica no curto prazo.

“Apesar do resultado positivo no mês, a economia brasileira vem desacelerando desde o último trimestre do ano passado, tendo em vista as condições adversas do cenário doméstico – alta de juros, elevado endividamento das famílias, incertezas domésticas e externas – e a dissipação dos impulsos sobre a economia ao longo do ano passado”, diz o economista Rafael Perez, da Suno Research.

Porém, segundo ele, nota-se que esse arrefecimento da atividade tem sido desigual entre os setores, categorias mais sensíveis ao ciclo econômico estão desacelerando de forma mais significativa, enquanto o agronegócio tem sustentado indicadores melhores para a economia neste início de ano. “As principais restrições ao crescimento que, durante a pandemia, estavam associadas à oferta, vem se deslocando para a demanda. Neste sentido, o cenário para este ano é de estabilidade para a atividade econômica”.

Salário mínimo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve assinar nos próximos dias a Medida Provisória (MP) para instituir o salário mínimo de R$ 1.320 este ano. A informação foi dada na noite desta quinta-feira pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que participou de uma reunião do presidente com representantes das centrais sindicais, no Palácio da Alvorada. A MP tem efeito imediato, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional em até 120 dias.

Marinho também anunciou que o governo vai enviar um projeto de lei para retomar a política de valorização real do salário mínimo, que vigorou ao longo dos governos petistas. Ela vai assegurar a recomposição da inflação, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior mais o percentual de crescimento do PIB de dois anos anteriores. Ou seja, em 2024, se estiver em vigor, o reajuste será o INPC de 2023 mais o percentual de crescimento do PIB de 2022.

“A política de recuperação e valorização permanente do salário mínimo irá por projeto de lei. Tem este ano para tramitar e a primeira validade será janeiro do ano seguinte [2024], considerando a reposição da inflação acrescida do PIB consolidado, ou seja, de dois anos anteriores. Esse é o resultado da conversa de hoje”, disse Marinho a jornalistas na residência oficial.

Neide Martingo

Jornalista especializada em Economia, Finanças e Negócios, trabalhou em veículos como Valor Investe, Diário do Comércio e Gazeta Mercantil e escreve sobre Renda Fixa no InfoMoney