Tesouro Direto: com cenário político no radar, taxas dos títulos públicos sobem nesta 6ª; prefixados oferecem retorno de até 11,1%

Mercado acompanha de perto o anúncio de medidas com foco em aumentar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro

Bruna Furlani

Imagem mostra notas de R$ 50 (Rmcarvalho/Getty Images)
Imagem mostra notas de R$ 50 (Rmcarvalho/Getty Images)

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SÃO PAULO – Em um dia de agenda econômica esvaziada, o destaque desta sexta-feira (17) está nos desdobramentos do cenário político com investidores atentos à repercussão do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para custear o novo Bolsa Família, além da aprovação da admissibilidade da PEC dos precatórios por comissão na Câmara.

O mercado acompanha de perto o anúncio de mais uma medida do pacote de “bondades econômicas” do governo, com foco em aumentar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro. Nesse contexto, o mercado de títulos públicos apresenta alta na tarde desta sexta-feira, com avanço maior nos prêmios pagos pelos títulos prefixados, que sobem até 13 pontos.

Leia mais: 
• O que é IOF: entenda o aumento do tributo e quando pode ser cobrado

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Na atualização da tarde, a remuneração do título prefixado com vencimento em 2026 era de 10,52%, contra 10,37% do começo da manhã. Um dia antes, o mesmo título oferecia retorno de 10,41%. O juro pago pelo título com vencimento em 2031, por sua vez, avançava de 11,05% para 11,14%, contra 11,04% na tarde de quinta-feira (16).

Entre os papéis atrelados à inflação, o juro real oferecido pelo Tesouro IPCA+ com vencimento em 2035 e 2045 era de 4,78%, acima dos 4,70% vistos na sessão anterior. Já o retorno real do Tesouro IPCA com vencimento em 2055 e pagamento de juros semestrais avançava de 4,81% para 4,88%, na atualização das 15h.

Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta sexta-feira (17): 

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Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

IOF, precatórios e pesquisas eleitorais

O foco central das repercussões de hoje no mercado está no aumento do IOF e nos precatórios. Na véspera, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assinou decreto para elevar as alíquotas do imposto relacionados às operações de crédito para pessoas jurídicas e físicas. A medida vale até o fim de 2021.

Os recursos serão utilizados para custear o Auxílio Brasil – novo programa de transferência de renda que deve substituir o Bolsa Família. Com a medida, o programa deve atender diretamente cerca de 17 milhões de famílias, sendo que hoje são 14,6 milhões. O repasse médio também deve subir e girar em torno de R$ 300 mensais. Atualmente, o valor está em R$ 189.

Segundo o Ministério da Economia, as novas alíquotas do IOF, que passam a valer a partir da próxima segunda-feira (20), serão as seguintes: para pessoas jurídicas (PJ), passará de 0,0041% ao dia (referente à alíquota anual de 1,50%) para 0,00559% (referente à alíquota anual de 2,04%); para as pessoas físicas, subirá de 0,0082% ao dia (referente à alíquota anual de 3,0%) a 0,01118% (referente a alíquota anual de 4,08%).

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O aumento, segundo o documento, também deve fazer com que a arrecadação federal cresça em R$ 2,14 bilhões.

A medida, no entanto, vai na contramão do que a economia precisa para se recuperar, segundo especialistas. Além do que faz parte de um pacote de “bondades econômicas” que vem sendo anunciado pelo presidente e que ganha mais força após divulgações de pesquisas eleitorais.

Na véspera (16), por exemplo, nova pesquisa Datafolha mostrou que a reprovação ao presidente Jair Bolsonaro seguiu em tendência de alta, chegando ao patamar recorde de 53% em setembro.

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Destaque também para a aprovação nesta quinta-feira (16) da admissibilidade da PEC dos precatórios pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), por 32 votos a favor e 26 contrários. A matéria agora passará por uma comissão especial, onde poderá receber alterações.

A PEC encaminhada pelo governo divide em dez parcelas o pagamento dos precatórios de mais de R$ 66 milhões e impõe uma limitação provisória dos pagamentos anuais de precatórios a 2,6% da receita corrente líquida, o que também sujeitará precatórios entre R$ 66 mil e R$ 66 milhões a eventual parcelamento. Pelo texto, os precatórios de até R$ 66 mil serão integralmente quitados.

Cena internacional

Já nos Estados Unidos, os principais índices recuam nesta sexta-feira (17), em meio a dados ambíguos sobre vendas no varejo e pedidos de seguro-desemprego no país divulgados na véspera.

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Investidores também repercutem pesquisas sobre o que deve ser anunciado na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), que começa na terça-feira que vem (21).

Segundo levantamento feito pela Bloomberg, o Federal Reserve (banco central americano) deve indicar na reunião da próxima semana que está pronto para reduzir as compras mensais de ativos, com a expectativa de um anúncio formal em novembro. 

A pesquisa com 52 economistas também prevê que o banco central dos Estados Unidos deve manter as taxas de juros próximas de zero até 2022, e fazer dois aumentos de 0,25 ponto percentual até o fim de 2023.

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Na Ásia, o destaque está na injeção de US$ 14 bilhões de liquidez no sistema financeiro da China, com objetivo de acalmar o mercado em meio às preocupações sobre o caso Evergrande.

A pressão sobre os papéis da incorporadora imobiliária, contudo, continuou. Investidores seguem receosos quanto a problemas do grupo com endividamento.

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