Tesouro Direto: cautela é a palavra de ordem em março; veja os títulos mais recomendados para o mês

Papéis atrelados ao IPCA são os mais lembrados para compor uma carteira neste mês, pois protegem o patrimônio da oscilação da inflação

Neide Martingo

Publicidade

O mês de março, que encerra o primeiro trimestre, mostra um cenário que se repete desde o início de 2023: volatilidade e incertezas. Mesmo com as duras críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central, principalmente relacionadas ao nível atual de juros, a taxa Selic – estacionada em 13,75% ao ano – deverá ficar neste patamar ainda por um tempo.

Diante disso, o investidor fica em dúvida sobre qual a melhor opção para confiar seus recursos em renda fixa. O InfoMoney compilou os relatórios das corretoras XP, Santander e Itaú BBA, que indicam as principais sugestões de títulos públicos para este mês.

Levando em conta o cenário incerto que há pela frente, a XP Investimentos sugere, principalmente, ativos de curto prazo, como o Tesouro Selic (Selic+0,1%), com vencimento em março de 2026.

Newsletter

Liga de FIIs

Receba em primeira mão notícias exclusivas sobre fundos imobiliários

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

As NTN-Bs – IPCA+5,4% e IPCA+6,0% (vencimentos, respectivamente, em maio de 2025 e maio de 2040) também merecem a atenção do investidor, de acordo com a carteira da XP para março.

Outro ativo de curto prazo indicado é a LTN (Letra do Tesouro Nacional) com vencimento em julho de 2025 e rendimento de 12,5% (prefixado).

O Santander sugere a alocação em Tesouro IPCA+, com proteção contra a inflação, mas alongando a duration do título recomendado. Por isso, optou pelo vencimento de 2035.

Continua depois da publicidade

Se os ventos domésticos se provarem favoráveis para os ativos de risco (menor ruído pós-eleição, inflação convergindo à meta e promessas de responsabilidade fiscal em 2023), podemos ver um menor prêmio de risco para os títulos públicos reais, favorecendo a marcação a mercado dos ativos. Caso a percepção de risco piore e o dólar volte a valorizar, a proteção contra a inflação do título recomendado exercerá sua função”, registra o relatório do Santander, assinado por Ricardo Peretti e Alice Corrêa, da área de estratégia para pessoa física da instituição.

Os analistas levam em conta, no relatório, pontos que marcaram fevereiro para fazer a sugestão do investiment0, como a reabertura da China, os juros americanos, que podem ter nova subida ainda em março, e o conflito Rússia-Ucrânia. No Brasil, as críticas do presidente Lula contra a política monetária do BC foram uma das prioridades no documento.

A Rico Investimentos projeta que a taxa Selic deva permanecer em 13,75% até o fim deste ano. Por conta disso, o investidor deve se proteger  com uma carteira diversificada, que se beneficie tanto dos juros altos, quanto de uma inflação ainda incerta. Assim, a Rico sugere também os títulos atrelados ao IPCA, que ajudam a blindar o patrimônio da alta de preços.

Continua depois da publicidade

Já os títulos atrelados à Selic (os chamados pós-fixados), segundo a Rico, permitem uma boa rentabilidade da reserva de emergência e do “caixa”, quantia que o investidor pode usar para aproveitar oportunidades de investimento.

E um lembrete: é importante coordenar o prazo previsto para o investimento com o vencimento do título, se optar por títulos prefixados ou atrelados à inflação. Além disso, a corretora indica que é preciso limitar os prefixados a objetivos de curto prazo (até dois anos). Isso porque o preço desses títulos poderá variar conforme movimentos de mercado até a data de vencimento.

Não houve modificação na carteira do Itaú BBA, em relação à composição apresentada no mês de fevereiro. A instituição também indica o Tesouro IPCA+ 2035 como destino para cerca de 15% da carteira de títulos públicos.

Continua depois da publicidade

O Tesouro IPCA+ 2029, também indexado à inflação, fica com 20% da carteira, Os Tesouro Prefixado 2026 (10% da carteira) e 2029 (5% da carteira) recebem outra parte, enquanto o pós-fixado Tesouro Selic 2026 fica com 50% da carteira.

“A carteira continua com alocação relevante em títulos pós-fixados, seguido de alocações em títulos atrelados à inflação de médio e longo prazo, combinados com posições mais pontuais em títulos prefixados”, ressalta em relatório Lucas Queiroz, estrategista de renda fixa para pessoa física do Itaú BBA.

Neide Martingo

Jornalista especializada em Economia, Finanças e Negócios, trabalhou em veículos como Valor Investe, Diário do Comércio e Gazeta Mercantil e escreve sobre Renda Fixa no InfoMoney