Tem que ser rico para investir? Um terço dos estreantes na B3 começa com R$ 40 – ou menos

Levantamento da B3 mostra que há 4,6 milhões de investidores pessoa física com ativos em renda variável, um aumento de 35% em relação a um ano antes

Equipe InfoMoney

(Getty Images)

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Um mito que circula entre os aspirantes a investidores é que aplicar os recursos – em ações ou outros produtos financeiros – é coisa para poucos e endinheirados. Mas os dados demonstram que, na prática, isso não é exatamente uma verdade.

Um levantamento realizado pela B3 mostra que há 4,6 milhões de investidores pessoa física com ativos em renda variável, um aumento de 35% entre o terceiro trimestre de 2021 (quando havia 3,3 milhões) e igual período deste ano.

Só no último mês de setembro, 116 mil pessoas estrearam em renda variável na B3 – das quais 31% fizeram seu primeiro investimento com valores de até R$ 40. Uma parcela de 29%, aplicou entre R$ 40 e R$ 200. Considerando todo o grupo, o investimento inicial mediano foi de R$ 105.

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“Isso reforça que mais brasileiros têm descoberto que é possível começar a investir em renda variável com tíquetes de entrada menores e têm buscado experimentar novas opções, com vistas a ganhos maiores no longo prazo”, aponta a Bolsa.

O levantamento da B3 mostra que o crescimento do número de investidores foi acompanhado da redução do valor médio mantido em custódia. Em 2021, o saldo das pessoas físicas era de R$ 6 mil, considerando a mediana. O valor caiu pela metade em 2022: R$ 3 mil.

Neste ano, por exemplo, 1,5 milhão de investidores fizeram ao menos uma operação na B3 no mês. Hoje, as

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As pessoas físicas, segundo a B3, representam 16% de todo o volume negociado no mercado à vista na B3 – sendo que 1,5 milhão de investidores fizeram ao menos uma operação na B3 no mês ao longo deste ano.

Diversificação

O estudo também indica que os investidores têm, cada vez mais, alocado seu dinheiro em diferentes classes de produtos. Até 2016, 75% das pessoas físicas cadastradas na B3 possuíam apenas ações na carteira. Isso mudou radicalmente desde então.

Neste ano, a fatia de investidores que aplicam só em ações caiu para 33%, enquanto 14% compram só BDRs (Brazilian Depositary Receipts) e 10%, apenas fundos imobiliários.

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É crescente, por outro lado, a quantidade de investidores que combinam ativos de diferentes tipos. 17% deles investem em ações e FIIs, que é o combo preferido, segundo a B3. Ações e BDRs atraem 7% das pessoas físicas, enquanto ações e BDRs mais FIIs somam 6% dos investidores.

“A diversificação é uma aliada de pessoas cada vez mais atentas ao movimento de sobe e desce do mercado financeiro, seja nos ativos mais conservadores ou nos de maior risco”, diz Felipe Paiva, diretor de Relacionamento com Clientes e Pessoa Física da B3.

BDRs

Entre os produtos de renda variável, os BDRs – recibos de ações de empresas estrangeiras negociados na B3 – foram o produto com maior crescimento no número de investidores. Eles saltaram de 306 mil para quase 1,5 milhão, um aumento de 380% em relação ao terceiro trimestre do ano passado. O valor em custódia cresceu 23% no período, chegando a R$ 6,8 bilhões, e o volume médio diário negociado cresceu 8%, chegando a R$ 171 milhões.

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Desde outubro de 2020, as pessoas físicas têm acesso aos BDRs, antes restritos a investidores qualificados. Na prática, eles dão ao investidor local a possibilidade de investir em empresas com sede em outros países com a mesma facilidade com que adquire ações no Brasil, realizando as operações em reais. Existem 848 BDRs de ações e 100 BDRs de ETF (fundos de índices) disponíveis na B3.

Investimento em renda fixa cresce 48%

Ao mesmo tempo em que aumentou o número de investidores em renda variável, também cresceu o volume de aplicações em renda fixa, dada a remuneração atrativa diante da elevação da Selic.

Segundo a B3, os investidores aumentaram em 48% o valor investido em renda fixa, que passou de R$ 985 bilhões no terceiro trimestre de 2021 para R$ 1,45 trilhão no final de setembro deste ano.

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Os CDBs continuam sendo o produto de renda fixa com mais investidores: 9,3 milhões de pessoas físicas, com saldo de R$ 603,5 bilhões, um crescimento de 23% em relação ao final de 2021. As LCAs, letras do agronegócio isentas de Imposto de Renda, foram o papel com maior crescimento relativo no número de investidores desde o fim do ano passado: uma alta de 86%, chegando a 1,3 milhão de pessoas, com saldo total na casa de R$ 315 bilhões.