Vale a pena investir em CDB agora? Títulos atrelados à inflação têm alta nas taxas, que chegam a 6,45% ao ano

Com queda da Selic, bancos elevaram as taxas de CDBs atrelados ao IPCA e pós-fixados para aumentar a atratividade dos papéis

Leonardo Guimarães

(Pixabay)

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Os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) emitidos nas últimas duas semanas passaram a oferecer rentabilidade maior que a média do que era visto no início do mês. Apesar da queda da Selic, os bancos aceleraram o número de emissões e aumentaram a remuneração de títulos de inflação e pós-fixados.

Um levantamento feito pela Quantum Finance a pedido do InfoMoney analisou 446 CDBs emitidos entre 13 e 26 de setembro e mostrou que a remuneração média dos títulos atrelados à inflação subiu nos dois prazos pesquisados – 24 e 36 meses.

“A piora do cenário de juros nos Estados Unidos, além de preocupações fiscais por lá e aqui, geraram um aumento na aversão de risco de maneira geral, impactando negativamente as curvas, movimento que se reflete nos títulos atrelados ao IPCA”, explica Ricardo Jorge, sócio da Quantzed.

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No período analisado pela Quantum, houve decisões de juros no Brasil, Estados Unidos e China. Por aqui, o Banco Central indicou que deve seguir com o ritmo de cortes de 0,5 ponto percentual, enquanto o Federal Reserve (banco central dos EUA, Fed) sinalizou que vai aumentar os juros ainda em 2023.

A remuneração média dos CDBs de inflação com prazo de 24 meses subiu de 5,95% para 6,07% (IPCA+6,07%). O papel de maior remuneração, emitido pelo Haitong Brasil, tinha juro real de 6,45%.

Nos CDBs com vencimento em pelo menos três anos, a taxa média foi de 5,92% ante 5,41% no levantamento anterior. O Haitong Brasil emitiu um papel que paga 6,30% além da inflação. Ao fim do período analisado, o Tesouro IPCA+ 2026 – disponível somente no mercado secundário – tinha taxa de 5,55%.

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O número de emissões de CDBs atrelados à inflação mais que dobrou, saindo de 43 para 88.

Para Marina Renosto, chefe de alocação da Blackbird Investimentos, o momento é propício para investir nos CDBs de inflação. “É um nível (de taxas) que víamos no início do ano, vemos o momento atual como uma janela para o investir que tem espaço na carteira”, diz a especialista em renda fixa.

Retornos de CDBs indexados à inflação (13 a 26/09)
Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
24 IPCA 4,50% 6,07% 6,45% 66 Haitong Banco de Investimento do Brasil
36 IPCA 4,50% 5,92% 6,30% 22 Haitong Banco de Investimento do Brasil

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, ou seja, não consideram o Imposto de Renda.

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CDBs pós-fixados

Com a queda da Selic, os bancos aumentaram a rentabilidade dos CDBs pós-fixados. “Após o corte nos juros, o investidor tem cada vez menos apetite para ativos atrelados ao CDI. Com demanda menor, o reflexo natural é o aumento dos spreads para que os bancos sigam captando”, explica Kaique Fonseca, economista e sócio da A7 Capital.

Enquanto o retorno médio dos CDBs pós-fixados de 36 meses chegava a 101,73% do CDI na última leitura, a pesquisa mais recente mostrou remuneração média de 102% do CDI.

O papel com maior remuneração foi emitido pelo Banco Master, que oferece 130% do CDI por dois anos. Na quinzena anterior, o retorno máximo era de 116%.

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A taxa média para ativos com vencimento em 24 meses subiu de 100,49% do CDI para 100,79%. Para os CDBs de três meses, a média de retorno passou de 99,34% do CDI para 100,56% da taxa referencial.

Retornos de CDBs indexados ao CDI (13 a 26/09)
Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
3 %CDI 97,50% 100,56% 106,50% 34 Paraná Banco
6 %CDI 97,50% 98,89% 108,50% 36 Paraná Banco
12 %CDI 90,00% 100,90% 108,00% 55 Banco Mercantil
24 %CDI 92,00% 100,79% 130,00% 75 Banco Master
36 %CDI 100,00% 102,00% 116,00% 53 Banco Mercantil

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, ou seja, não consideram o Imposto de Renda.

CDBs prefixados

Os juros de prefixados pegaram a contramão das taxas de outros indexadores e mantiveram a tendência de queda observada há meses. A maior queda de taxa média aconteceu nos títulos de curtíssimo prazo, com vencimento em três meses, que passaram a pagar 12,18% ao ano ante remuneração anual média de 12,43% na leitura anterior.

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Marina, da Blackbird, explica que “os prefixados de curto prazo não sentiram tanto a interferência da alta de juros porque a inflação de curto prazo está sob controle e há um nível de certeza maior sobre os passos do Copom nas próximas reuniões”.

O prefixado com maior remuneração – 12,54% – foi emitido pelo Banco Daycoval. De 13 a 26 de setembro, 105 CDBs prefixados foram emitidos, ante 60 no período anterior.

A única exceção nas taxas médias de prefixados foi a de papéis com vencimento em 24 meses, que avançou de 10,57% para 10,70%. A remuneração máxima para o prazo caiu de 11,25% para 11,50%.

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Retornos de CDBs prefixados (13 a 26/09)
Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
3 PREFIXADO 12,00% 12,18% 12,54% 26 BANCO DAYCOVAL
6 PREFIXADO 11,20% 11,58% 12,00% 32 BANCO DAYCOVAL
12 PREFIXADO 10,35% 10,83% 11,40% 15 Haitong Banco de Investimento do Brasil
24 PREFIXADO 9,75% 10,70% 11,50% 16 Haitong Banco de Investimento do Brasil
36 PREFIXADO 10,20% 11,16% 11,95% 16 Haitong Banco de Investimento do Brasil

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, ou seja, não consideram o Imposto de Renda.