Quanto rende um CDB hoje? Taxa máxima avança para 120% do CDI, enquanto retorno de prefixados cai

No caso dos CDBs pós-fixados, apesar de alta na taxa máxima, juro médio dos papéis recuou em vários vencimentos; confira

Bruna Furlani

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Investidores com alocações em títulos públicos devem ter percebido leve aumento dos juros nos últimos dias, impulsionado por maiores preocupações com o aperto monetário em países desenvolvidos – com destaque para os Estados Unidos –, além de ruídos políticos em torno da acirrada disputa à Presidência no Brasil.

Títulos de renda fixa privada não passaram ilesos por esse movimento. Os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) atrelados ao CDI também registraram aumento nas taxas máximas oferecidas na maior parte dos vencimentos, entre os dias 11 a 24 deste mês. Ou seja, antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que encerra nesta quarta-feira (25), e que deve anunciar a manutenção da Selic em 13,75% ao ano.

Levantamento feito a pedido do InfoMoney pela Quantum Finance, empresa de soluções para o mercado financeiro, mostrou que o retorno máximo entregue por CDBs atrelados ao CDI chegou a 120% do CDI nas últimas duas semanas para papéis com vencimento superior a três anos. A rentabilidade é bruta, ou seja, não desconta o Imposto de Renda (IR).

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O papel em questão era emitido pela Caruana Financeira, instituição que não possui classificação de risco de crédito (rating) emitido por agências. No levantamento feito anteriormente, entre os dias 28 de setembro e 10 de outubro, a taxa máxima encontrada para produtos atrelados ao CDI de mesmo prazo foi de 118% do CDI.

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Verificou-se também que a rentabilidade máxima oferecida por papéis com vencimento em seis meses subiu de 103,50% para 106,00% do CDI nas últimas duas semanas, e de 118% do CDI para 119% do CDI agora, no caso de papéis com prazo de 24 meses.

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Embora as taxas máximas tenham subido entre a pesquisa anterior e a atual, os retornos médios oferecidos por CDBs atrelados ao CDI recuaram na maior parte dos vencimentos, com destaque para os papéis com prazo de três meses.

Nas últimas duas semanas, a rentabilidade média de produtos com vencimento em 90 dias passou de 101,05% do CDI para 100,78% do CDI.

Confira as taxas oferecidas por CDBs indexados ao CDI nas últimas duas semanas:

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Retornos brutos de CDBs indexados ao CDI (de 11/10 a 24/10)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
3 DI 97,50% 100,78% 104,00%                               20 BANCO BTG PACTUAL
6 DI 97,50% 100,65% 106,00%                               28 BANCO BMG
12 DI 90,00% 100,27% 108,00%                               49 HAITONG BANCO DE INVESTIMENTOS DO BRASIL
24 DI 92,00% 101,12% 119,00%                               66 BANCO MASTER
36+ DI 100,00% 103,23% 120,00%                               31 CARUANA FINANCEIRA

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

CDBs prefixados

Ao contrário dos papéis atrelados ao CDI em que as taxas máximas subiram nas duas últimas semanas na comparação com a quinzena anterior, os juros máximos entregues por CDBs prefixados registraram recuo em todos os vencimentos.

Levantamento da Quantum mostrou que a taxa máxima oferecida por papéis com vencimento a partir de 36 meses, por exemplo, recuou de 13,37% para 12,47%. Essa foi a maior queda registrada por papéis prefixados.

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Movimento semelhante foi visto em CDBs com prazo de seis meses que ofereciam a taxa máxima mais elevada entre os papéis prefixados nas últimas semanas, de 14,02%. Tal percentual está abaixo dos 14,50% registrados na quinzena anterior.

Da mesma forma, a taxa média oferecida por papéis prefixados recuou na maior parte dos prazos, com destaque para a queda vista nos títulos com vencimento a partir de 36 meses, em que a rentabilidade média saiu de 12,92% para 12,47% agora.

Confira as taxas oferecidas por CDBs prefixados nas últimas duas semanas:

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Retornos brutos de CDBs prefixados (de 11/10 a 24/10)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
3 PREFIXADO 13,47% 13,67% 13,88%                               17 BANCO DAYCOVAL
6 PREFIXADO 13,60% 13,83% 14,02%                               15 BANCO BTG PACTUAL
12 PREFIXADO 13,20% 13,41% 13,61%                                 5 BANCO DAYCOVAL
24 PREFIXADO 11,85% 12,28% 12,78%                                 5 BANCO DAYCOVAL
36+ PREFIXADO 12,30% 12,39% 12,47%                                 2 BANCO DAYCOVAL

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

CDBs atrelados à inflação

Da mesma forma como ocorreu com os papéis prefixados, as taxas máximas oferecidas por CDBs atrelados à inflação tiveram queda nas duas últimas semanas. Segundo o estudo, o juro máximo real entregue por um papel com vencimento em 12 meses caiu de 9,04% para 7,05% entre os dias 11 e 24 deste mês.

O CDB que oferecia tal retorno era um produto emitido pelo Banco Rodobens, que possui rating nacional de longo prazo AA, segundo a Fitch Ratings. Ou seja, apresenta grau de investimento e uma das qualidades mais altas de crédito.

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Pela primeira vez desde o início do levantamento em abril, a Quantum encontrou apenas uma oferta de CDB atrelado à inflação. Nas pesquisas anteriores, era possível achar uma variedade maior de produtos.

Parte do recuo nos retornos é fruto de estimativas menores para a inflação neste ano e no próximo. Segundo o último Relatório Focus, do Banco Central, divulgado nesta semana, a expectativa é que o IPCA encerre este ano em 5,60%, abaixo dos 5,88% previstos quatro semanas antes.

Da mesma forma, para 2023, as projeções de economistas consultados pelo BC apontam que a inflação deve terminar o ano que vem em 4,94%, contra 5,00% esperados um mês antes.

Confira as taxas oferecidas por CDBs atrelados à inflação nas últimas duas semanas:

Retornos brutos de CDB indexado à inflação (de 11/10 a 24/10)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
12 IPCA 7,05% 7,05% 7,05%  1 BANCO RODOBENS

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

IPCA-15, eleições e exterior

Entre os indicadores que devem balançar a curva de juros nesta semana está o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) de outubro, que foi divulgado nesta terça-feira (25). Economistas devem aproveitar os dados apresentados hoje para recalibrar as estimativas para o índice cheio neste ano.

Após dois meses de deflação, o IPCA-15 voltou a registrar alta em outubro, de 0,16% ante setembro, segundo informou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A inflação anunciada em outubro foi mais alta do que o consenso Refinitiv, que esperava 0,05% na comparação com o mês anterior. Com o resultado anunciado nesta terça, o IPCA-15 acumula uma alta de 4,80%% no ano. A taxa em 12 meses ficou em 6,85%. A projeção era de 6,75%.

Assim como no mês anterior, somente três dos nove grupos do IPCA-15 tiveram queda de preços. Em outubro, essas retrações foram em Transportes (-0,64%), Comunicação (-0,42%) e Artigos de residência (-0,35%). No lado das altas, as maiores variações vieram de Vestuário (1,43%) e Saúde e cuidados pessoais (0,80%).

Ao olhar os números, a economista da XP Tatiana Nogueira observa que a surpresa no número está bastante concentrada em único item, que é passagem aérea (que avançou 28% neste mês).

Tirando esse item, o resultado veio bem em linha com o esperado pela casa, afirma a economista. A especialista destaca que a dinâmica de inflação tem se mostrado mais benigna, com destaque para os serviços subjacentes, que excluem itens mais voláteis, e que tiveram uma desaceleração significativa, ao passar de 0,57% para 0,41%, nos cálculos da casa.

A economista lembra que esse é um grupo bastante sensível a medidas de restrições de crédito. “Tivemos números melhores de emprego e transferência de renda por meio de auxílios do governo (programas sociais) e ainda assim vimos uma desaceleração no grupo de serviços”, destaca.

Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos, também vê com bons olhos os números apresentados hoje no IPCA-15. O destaque para ele está na desaceleração dos bens e dos núcleos na margem. Nos cálculos do especialista, a média dos núcleos anualizada neste mês, por exemplo, ficou em 6%, sendo que estava acima de 10% anteriormente.

Para ele, os índices de inflação continuam a mostrar uma qualidade boa, com os preços de bens desacelerando mais rápido do que o esperado, o que é favorável para a política monetária do Banco Central.

De olho nos números de inflação e no comunicado emitido anteriormente pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, a expectativa de Costa é que a autoridade apresente um comunicado bem parecido com o divulgado na reunião de setembro.

Segundo ele, o BC deve destacar mais uma vez que vai perseverar no processo de desinflação e que estará vigilante para ajustar os juros, caso seja necessário. “Acredito que ele não deve tirar isso para deixar uma ameaça crível, se tiver piora do cenário”, pondera o economista da Monte Bravo.

Na avaliação de Costa, o BC não deve tocar ainda no tema do corte de juros, que o mercado acredita que pode ocorrer a partir do ano que vem. “Talvez ao longo do 1º ou 2º trimestre, é que ele terá condições de falar sobre isso”, acrescenta.

Dessa forma, a expectativa do economista é que a decisão do Copom não tenha grande efeito sobre a curva de juros local nesta semana. Para ele, o que deve pesar mais é o resultado das eleições no Brasil, que mostram uma disputa cada vez mais acirrada para a Presidência.

Já ao olhar para o exterior, o sócio da Monte Bravo acredita que o mercado vai monitorar de perto a apresentação do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), que será apresentado na quinta-feira (27), juntamente com o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos.

Sobre o crescimento da economia americana, o economista afirma que as projeções apontam para um número positivo e que deve reforçar a ideia de que a atividade no País segue resiliente, apesar do aperto das condições financeiras.

“Se isso ocorrer, o mercado vai entender que será preciso mais juros para desinflacionar a economia americana”, pontua. Ou seja, isso deve reforçar a visão de que a taxa terminal americana deve ser de 5% e levar os rendimentos dos títulos americanos (Treasuries) de dez anos para acima de 4,20% novamente.

A alta dos Treasuries também pode ter efeito sobre a curva de juros local e fazer com que os juros no País voltem a subir nesta semana.