Fundos de renda fixa têm melhor trimestre do ano e captam R$ 35,6 bi

Maior fluxo foi para carteiras mais conservadoras, de fundos soberanos, segundo Anbima

Bruna Furlani

(Getty Images)
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Após períodos marcados por fortes saídas, a indústria de fundos de investimentos mostrou sinais de recuperação no terceiro trimestre deste ano com uma volta gradual dos investidores. Entre julho e setembro, as captações de fundos de investimento bateram R$ 38,4 bilhões.

O resultado foi puxado por depósitos feitos entre julho e agosto, quando as entradas líquidas chegaram a R$ 22,4 bilhões e R$ 29,6 bilhões, superando uma piora vista no mês passado, quando houve mais saídas do que captações, no valor de R$ 13,6 bilhões.

O topo dos depósitos foi liderado por fundos de renda fixa, que registraram o melhor trimestre de 2023, com entradas líquidas de R$ 35,6 bilhões. Todos os dados foram apresentados nesta sexta-feira (6) pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) durante coletiva de imprensa.

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O resultado parece reverter uma tendência vista ao longo do primeiro semestre, quando essa classe específica de fundos acumulou mais saídas do que depósitos, no valor de R$ 62 bilhões entre maio e junho e R$ 11,1 bilhões entre janeiro e março.

“Nesse cenário de maior incerteza, os investidores buscam mais ativos conservadores. Quando olhamos o que aconteceu no trimestre, é um pouco o retrato do investidor buscando algum tipo de porto seguro”, observa Pedro Rudge, vice-presidente da Anbima.

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A procura por segurança fica explícita ao olhar os números. Rudge chama atenção que o fluxo foi maior para carteiras mais conservadoras, caso de fundos soberanos, em que os depósitos líquidos chegaram a R$ 20,7 bilhões no terceiro trimestre.

Os dados também detalham a recuperação de fundos de renda fixa que alocam em ativos de crédito privado após a avalanche de notícias negativas no começo do ano com Americanas e Light, que levaram a uma alta expressiva dos saques.

Entre julho e setembro, as captações líquidas de fundos de crédito livre bateram R$ 18 bilhões, ficando acima dos depósitos líquidos de fundos com grau de investimento, de R$ 8,7 bilhões.

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Fundos fechados e de “super-ricos”

Além da recuperação nos fundos de renda fixa, outro movimento relevante aconteceu com os fundos fechados, que registraram alta no patrimônio líquido, que bateu R$ 1,9 trilhões em agosto deste ano.

As captações líquidas de fundos fechados também cresceram de janeiro a agosto, chegando a R$ 85,7 bilhões, contra R$ 83,3 bilhões ao longo de 2022. Os aportes, no entanto, se concentraram em dois fundos de investimento em participações (FIPs) e um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) — instrumentos que poderão continuar sem a cobrança semestral de Imposto de Renda, o chamado come-cotas, se atenderem a alguns critérios.

Pela proposta de mudança na tributação de fundos fechados em discussão na Câmara dos Deputados, ficarão de fora os FIDCs que alocam pelo menos 67% da carteira em direitos creditórios. Também passam ilesos pelo come-cotas, FIPs, fundos de ações e ETFs (fundos de índice) de renda variável que forem enquadrados como entidade de investimento, ou seja, em que há uma gestão independente e discricionária.

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“Não vimos movimentações grandes ainda [em fundos fechados]. Isso não quer dizer que, no decorrer da aprovação do projeto [de lei], não será possível que vejamos cisões, incorporações de fundos, uma vez que o texto for definido”, defende Rudge.

O executivo da Anbima, no entanto, chamou atenção para um dado: cerca de três quartos dos fundos exclusivos são abertos, restando apenas um quarto passível de ser fechado na esteira da nova tributação esperada para o ano que vem. Isso sem falar nos fundos que poderiam ser enquadrados como entidades de investimento e que portanto, não sofreriam com a antecipação semestral de Imposto de Renda.