De olho na Selic, FoFs sobem até 9% em julho e puxam 4º mês seguido de ganhos dos FIIs

Individualmente, o FII de escritório RCRB11 foi o grande destaque do mês, com alta superior a 10%; TORD11 caiu 15%

Wellington Carvalho

Publicidade

Na expectativa do primeiro corte da taxa básica de juros da economia desde 2020, o mercado de fundos imobiliários subiu 1,33% em julho e completou o quarto mês seguido de ganhos – igualando a série encerrada em outubro do ano passado.

Com valorização de até 8%, os fundos que investem em cotas de outros FIIs (FoFs) encabeçaram a lista das maiores altas deste mês. Já os fundos “high yield” – de maior risco – tiveram mais um mês de fortes perdas, caindo até 14%.

O levantamento toma como base os dados da Economatica, plataforma de informações financeiras, e considera apenas os fundos que fazem parte do Ifix – índice dos FIIs mais negociados na Bolsa.

Newsletter

Liga de FIIs

Receba em primeira mão notícias exclusivas sobre fundos imobiliários

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Em julho, os FoFs registraram ganho médio de aproximadamente 5%, o maior entre os principais segmentos do mercado – aqueles com mais de quatro representantes no Ifix. Neste recorte, os fundos de logística foram os que menos subiram: apenas 0,75%.

Confira a lista completa abaixo:

Segmento  Quantidade de fundos imobiliários Retorno médio em julho (%)
FoF 12 4,91
Multiestratégia 4 3,81
Lajes Corporativas 8 2,99
Renda Urbana 4 2,60
Shoppings 5 1,45
Títulos e Val. Mob. 42 1,25
Híbrido 11 1,10
Logística 17 0,89
Agro 3 0,86
Agências 1 0,62
Cemitérios 1 -3,40

Fonte: Economatica (31/07/23) – A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos.

Continua depois da publicidade

Fernando Siqueira, analista da Guide Investimentos, considera o atual momento dos FoFs muito atrativo. Segundo ele, esta classe de ativo tem grande potencial de valorização com o início da queda dos juros – espécie de gatilho que destravaria valor do FIIs.

“Os fundos de fundos estão negociando com um desconto médio de 6% em relação ao valor patrimonial, o que enxergamos atrativo para a aquisição de cotas, visto o elevado desconto e yield contratado”, avalia. “Acreditamos que os principais FoFs e os de maior liquidez serão os primeiros a surfar uma possível correção no próximo ciclo de corte nos juros”, reforça Siqueira.

O analista da Guide elege como preferidos no segmento o CSHG FoF (HGFF11) e Bradesco Carteira Imobiliária (BCIA11) – principal destaque do mês.

Continua depois da publicidade

Leia também: 

Maiores altas de julho: FoFs lideram

Individualmente, o FII de escritório Rio Bravo Renda Corporativa (RCRB11) foi o grande destaque do mês, com alta superior a 10%. Na sequência aparecem três FoFs, com ganhos acima de 7%.

Confira as maiores altas dos fundos imobiliários em julho de 2023:

Continua depois da publicidade

Ticker Fundo Segmento Variação em julho (%)
RCRB11 Rio Bravo Renda Corporativa Lajes Corporativas 10,30
BLMR11 VBI Renda + FoF FoF 9,08
BCIA11 Bradesco Carteira Imobiliária FoF 8,60
MGFF11 Mogno FoF FoF 7,18
JSAF11 JS Ativos Financeiros Multiestratégia 7,01

Fonte: Economatica (31/07/23) – A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos.

Em operação desde dezembro de 199, o RCRB11 tem quase 29 mil cotistas e um patrimônio líquido (PL) de R$ 769 milhões.

O portfólio do Rio Bravo Renda Corporativa é composto por nove imóveis localizados em bairros como Paulista, Itaim Bibi e Vila Olímpia, em São Paulo (SP), e Flamengo, no Rio de Janeiro (RJ).

Continua depois da publicidade

Juntos, os espaços somam uma área bruta locável (ABL) de 42,7 mil metros quadrados. A vacância do portfólio está em 16,4%.

No primeiro semestre, outro FII de escritório, o Tellus Properties ([ativo=TEPP11), já havia registrado o melhor desempenho do período, com alta de 37%. O segmento de lajes corporativas é uma das principais apostas do mercado.

Leia mais: 

Continua depois da publicidade

Maiores baixas de julho: FIIs high yield na lanterna

Na outra ponta da lista encabeçada pelo BCIA11 ficaram, mais uma vez, os FIIs classificados como “high yield”. Com queda de mais de 15%, o Tordesilhas EI (TORD11) foi o destaque entre as maiores baixas do período.

Confira as maiores baixas dos fundos imobiliários em julho de 2023:

Ticker Fundo Segmento Variação em julho (%)
TORD11 Tordesilhas EI Desenvolvimento -15,34
VSLH11 Versalhes Recebíveis Imobiliários Títulos e Val. Mob. -11,23
DEVA11 Devant Títulos e Val. Mob. -9,34
SARE11 Santander Renda Híbrido -5,13
BTRA11 BTG Pactual Terras Agrícolas Agro -4,50

Fonte: Economatica (31/07/23). A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos.

A inadimplência de certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) e a respectiva renegociação dos títulos têm feito a diferença no resultado do FII Tordesilhas EI (TORD11), que há cinco meses não distribui dividendos.

Do tipo híbrido – que investe em mais de uma classe de ativos –, o TORD11 tem priorizado a manutenção de caixa para suprir necessidades de capital dos investimentos da carteira que ainda não geram receita.

Atualmente, 47,4% do portfólio do Tordesilhas está concentrado em equities – participação do fundo no desenvolvimento de empreendimentos imobiliários para a futura venda de unidades ou cotas.

Os CRIs representam 18,1% da carteira e a situação dos títulos também tem afetado a operação do fundo, como destaca recente relatório gerencial.

“A receita apurada em regime de caixa dos CRIs no mês de maio (que geraria dividendos em junho) é explicada pelo não recebimento das operações inadimplentes e das operações em que foram concedidas carência de pagamento”, explica o documento.

O último repasse de dividendos feito pelo TORD11 ocorreu em fevereiro – referente aos resultados de janeiro. Na oportunidade, o fundo distribuiu R$ 0,05 por cota aos seus mais de 104 mil investidores.

Diante da situação, o Tordesilhas EI acumula perdas de mais de 50% em 2023, a maior entre os fundos do Ifix.

Em julho, TORD11 também estava entre os fundos que foram repreendidos publicamente pela B3 por causa do atraso na entrega de demonstrações financeiras.

Leia também: 

Maiores pagadores de dividendos de julho

O FII Cartesia Recebíveis Imobiliários (CACR11) encerrou o mês de julho com a maior taxa de retorno com dividendos (dividend yield) entre os principais fundos imobiliários da Bolsa.

No último dia 10, o CACR11 pagou R$ 1,61 por cota, equivalente a um dividend yield de 1,53%. Na sequência aparecem o Valora RE (VGIR11), Urca Prime Renda (URPR11) e JPP Capital (JPPA11) com ganhos acima de 1,36%. Confira a lista:

Ticker Fundo Segmento Dividend Yield – Julho (%)
CACR11 Cartesia Recebíveis Imobiliários Títulos e Val. Mob. 1,53
VGIR11 Valora RE Títulos e Val. Mob. 1,37
URPR11 Urca Prime Renda Títulos e Val. Mob. 1,36
JPPA11 JPP Capital Recebíveis Títulos e Val. Mob. 1,36
RZAK11 Riza Akin Títulos e Val. Mob. 1,28
RBRY11 RBR CRI Títulos e Val. Mob. 1,27
HSAF11 HSI Ativos Financeiros Títulos e Val. Mob. 1,26
VGHF11 Valora Hedge Fund Multiestratégia 1,25
HABT11 Habtat II Títulos e Val. Mob. 1,23
ARRI11 Átrio Reit Recebíveis Títulos e Val. Mob. 1,23

Fonte: Economatica – 24/07/2023

Além do resultado de julho, o CACR11 também ostenta atualmente o melhor dividend yield de 2023 e do acumulado dos últimos 12 meses, uma espécie de hat-trick – termo usado no futebol, por exemplo, quando um jogador faz três gols na mesma partida.

Leia mais:

Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.