Ex-Pimco, El-Erian recomenda a investidores aproveitar rali recente nos mercados para diminuir risco da carteira

Na visão do especialista, momento é delicado e exige melhor seleção dos ativos

Bruna Furlani

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Conflitos geopolíticos que não parecem ter fim, indicadores de inflação atingindo níveis recordes e uma postura mais dura do Federal Reserve (Fed), banco central americano. Todas essas preocupações têm causado certa apreensão para Mohamed El-Erian, economista, presidente do Queens’ College da Universidade de Cambridge e ex-CEO da gestora americana Pimco.

Em entrevista à CNBC nesta segunda-feira (21), o renomado economista disse acreditar que “estamos bem perto de ver um erro de política”, ao se referir à postura do Fed.

Na semana passada, a autoridade monetária realizou o primeiro aumento de taxa de juros desde 2018, de 0,25 ponto percentual, para um intervalo entre 0,25% e 0,5% ao ano. Além do aumento, o comitê apontou novas altas na taxa de juros em cada uma das seis reuniões restantes deste ano, projetando juros entre 1,75% e 2% até o fim do ano. O Fed também disse antever mais três elevações em 2023.

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Apesar de ter adotado um discurso mais duro, agentes de mercado vêm afirmando que será preciso que o banco central americano seja ainda mais hawkish (inclinado ao aperto monetário) e faça elevações de 0,50 ponto percentual a cada reunião para frear as pressões inflacionárias, que tendem a piorar com a continuação da guerra.

Mas a visão de El-Erian é mais conservadora. Em entrevista no começo do mês à rede CBS, ele disse que a economia americana poderia não suportar sete altas de juros e que se isso ocorresse, a economia entraria em recessão. “Esse é o custo de estar atrasado”, disse na época.

Na ocasião, o economista ainda reforçou que a inflação elevada nos Estados Unidos era resultado de um atraso no aumento dos juros, já que o Fed seguiu por meses defendendo que o processo inflacionário era transitório, o que ele chamou de “descaracterização” da alta de preços. El-Erian, no entanto, admitiu que com a guerra em curso, não era possível responsabilizar apenas o Fed pelo avanço da inflação.

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Com fortes pressões inflacionárias no radar, a visão do economista é de que o melhor agora é ter cautela. Nesse sentido, para ele, investidores que possuem grande exposição a ativos de risco receberam recentemente uma oportunidade do mercado para diminuir a posição em ativos mais arriscados.

“Quando eu olho como o mercado performou bem ao longo da última semana, fico inclinado a usar esse rali para diminuir o risco, porque a probabilidade de que haja um erro de política está bem alta e não podemos ignorar o que está acontecendo com a economia global”, destacou El-Erian hoje à CNBC.

Aposta segue alta em ações

Os temores com relação à política monetária não são exclusivos de El-Erian. Também em entrevista à CNBC, na semana passada, o investidor veterano em países emergentes Mark Mobius afirmou que o cenário atual deve fazer com que as taxas de juros americanas tenham que subir mais.

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Para ele, há uma possibilidade de que o Fed inclusive tenha que adotar uma postura ainda mais dura e elevar os juros para patamares entre 6% e 7%.

Apesar de não descartar uma subida mais dura das taxas, Mobius diz que isso não significa que o mercado de ações precisa necessariamente recuar. “Como você sabe, se olharmos o histórico que mostra a relação entre as taxas de juros e o desempenho do mercado, não há muita correlação”, diz.

Nesse caso, mesmo sem dar detalhes, o veterano diz que a melhor alternativa é que o investidor siga posicionado em ações de companhias que conseguem se ajustar em meio a custos maiores para se proteger contra a inflação.

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