Entre ações e crédito privado, há espaço para os dois: veja as apostas de quatro gestores no Brasil de hoje

Cenário externo parece favorável para atrair capital externo e casas apostam que small caps e papéis mais sensíveis a juros devem performar bem

Bruna Furlani

(Getty Images)

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Gestores de fundos de ações e multimercados se mostraram otimistas com as oportunidades de investimento no Brasil, tanto em Bolsa quanto no crédito, durante palestras e painéis na Expert XP 2023, neste último sábado (2).

Sara Delfim, co-fundadora da Dahlia Capital, disse que as ações brasileiras possuem muita atratividade e oportunidade. “Hoje, o risco é um míssil cair no lugar errado e ter de novo um choque de petróleo. Isso traria o fantasma da inflação e deixaria os BCs [bancos centrais] congelados, esperando para ver”, observa. O preço saudável do barril de petróleo para ela seria em torno de US$ 80.

O cenário externo também parece favorável para atrair capital estrangeiro, como explica João Braga, fundador da Encore Asset Management. Segundo ele, o Brasil está “barato no absoluto e no relativo”.

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O gestor lembra que alguns países como a Rússia e China são considerados menos atrativos agora por causa da guerra na Ucrânia e da fraqueza da economia, enquanto outros já estão caros, como México e Índia. “O ciclo vai ser potencializado com o posicionamento. O gringo não tem Bolsa”, observa Braga. O momento atual deve ser positivo, porque o Brasil estaria “no meio do caminho”.

O fundador da Encore explica que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) já está perto do pico de juros, as empresas, mais saudáveis e com menor endividamento, e os bancos, com níveis mais confortáveis de liquidez.

Atualmente, a casa possui posição em ações como Mercado Livre (MELI34), Vivara (VIVA3), Prio (PRIO3), 3R Petroleum (RRRP3) e Vale (VALE3).

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Apesar da saída de estrangeiros vista em agosto, Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head do research da XP, diz que não considera o movimento estrutural e a visão do “gringo” sobre o país é favorável.

De olho na volta do estrangeiro e em um maior posicionamento dos locais, Ferreira também diz que está positivo com a Bolsa brasileira e com os ganhos que ela poderia oferecer, tendo como base o histórico dos últimos anos.

Para exemplificar, o estrategista cita um estudo feito pela XP que apontou que a média de performance da Bolsa foi de 45%, contra 17% do CDI, levando em conta os últimos seis ciclos de corte ao longo das últimas duas décadas. “Estamos entrando num ciclo bastante semelhante”, diz.

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O executivo da XP reforçou que períodos de queda de Selic costumam ser mais positivos para setores como transporte, varejo e imobiliário, além de small caps (ações de empresas de menor valor de mercado).

Apesar de serem papéis mais sensíveis a juros, o estrategista destaca que o cenário atual tem reforçado certa disparidade entre os setores. Ele comenta que ações de educação e saúde subiram bastante, enquanto papéis do setor imobiliário, além de concessões públicas e varejo avançaram menos, por causa de questões envolvendo mudanças em impostos e resultados fracos.

Quem também vê boas oportunidades no cenário local é Luiz Parreiras, gestor da Verde Asset Management. Durante a Expert XP, o executivo destacou que duas maiores alocações do Verde estão em ações locais e crédito high yield (com maior risco e potencial de retorno).

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O gestor lembra que o juro mais baixo permite que as empresas sobrevivam, mesmo pagando um spread alto.

“Quando o juro é 14%, custa 22% ao ano para uma empresa rodar a dívida. É difícil. Agora, se o juro é 9%, digamos que esse seja o terminal, é possível se financiar a 17% e 18%”, calcula. “Já tem mais empresa que se sustenta. Nesse sentido, a queda do juro base vai ser muito boa pro mercado de crédito. Tem uma história bem bacana para próximos dois anos”, finaliza.