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Em meio a um cenário em que a inflação deve persistir elevada e a economia tende a crescer pouco ou nada, ações de empresas do setor elétrico ocupam a maior parte das recomendações de papéis que oferecem bons dividendos, devido à maior previsibilidade e retorno independentemente do ambiente macroeconômico.
Três das sete ações mais recomendadas pelas corretoras em fevereiro para estratégias focadas em dividendos são do setor elétrico, segundo levantamento feito pelo InfoMoney. A novidade deste mês está nas ações da Engie (EGIE3), que receberam quatro recomendações na passagem de janeiro para fevereiro, e entraram pela primeira vez na pesquisa – que é feita desde outubro de 2021.
Além dela, o setor elétrico é representado pelos papéis da Taesa (TAEE11) e da Isa Cteep (TRPL4). Após quatro meses seguidos no topo isolado do levantamento, as ações da Taesa passaram a dividir o posto de primeiro lugar com os papéis da Vale (VALE3). Em fevereiro, ambas receberam seis recomendações.
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Na sequência, vêm os papéis da Telefônica (VIVT3), com cinco recomendações. Em terceiro lugar, além da Engie, três outras ações ficaram empatadas com quatro recomendações cada: Bradesco (BBDC4), Isa Cteep (TRPL4) e Vibra Energia (VBBR3).
O levantamento também mostrou a passagem breve dos papéis da Copel (CPLE6) – que tinham sido adicionados em janeiro deste ano pela primeira vez e saíram agora em fevereiro.
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O InfoMoney divulga um compilado das recomendações para a estratégia focada em dividendos todo início de mês, selecionando os cinco papéis mais citados. O número de indicações pode ser maior, se houver empate, como foi o caso neste mês.
São consideradas as carteiras recomendadas de dividendos de 11 corretoras. Especificamente em fevereiro, participaram dez casas, pois a seleção do Itaú não estava disponível até o fechamento desta reportagem. Confira as ações mais citadas em fevereiro:
Empresa | Ticker | Nº de recomendações | Dividend Yield em 12 meses (%) | Retorno em janeiro de 2022 (%) | Retorno em 12 meses (%) |
Taesa | TAEE11 | 6 | 11,80 | 4,95 | 33,33 |
Vale | VALE3 | 6 | 18,10 | 3,73 | 8,16 |
Telefônica Brasil | VIVT3 | 5 | 6,97 | 3,09 | 18,61 |
Vibra Energia | VBBR3 | 4 | 8,84 | 7,01 | 7,52 |
Bradesco | BBDC4 | 4 | 4,47 | 18,08 | 5,94 |
Isa Cteep | TRPL4 | 4 | 14,85 | -0,62 | 5,84 |
Engie | EGIE3 | 4 | 4,39 | 5,96 | -0,76 |
Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, XP Investimentos e Economatica.
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Obs: Dados até 31/01/22
Veja abaixo a visão dos analistas expostas em relatórios para cada ação mencionada:
Taesa (TAEE11)
Empatados em primeiro lugar com as ações da Vale estão os papéis da Taesa. Na avaliação dos analistas da XP, a gigante do setor de transmissão elétrica está em posição confortável para manter a distribuição de 100% dos lucros em 2022.
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Embora o Estatuto Social da Companhia destaque que o dividendo anual mínimo distribuído por ela deve ser 50% do lucro líquido ajustado, a empresa tem apresentado um histórico de pagamentos “bem acima da remuneração mínima”, avaliam os especialistas da XP.
Na estimativa da casa, o dividend yield (taxa de retorno com a distribuição de dividendos) médio da Taesa neste ano deve ser de 9,6%, contra 11,80% em todo o ano de 2021, segundo dados da plataforma Economatica.
Chama a atenção também o baixo risco regulatório que a elétrica possui, especialmente pelo fato de que a empresa detém contratos com vencimento a partir de 2030, segundo analistas da Guide.
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Outro ponto que pesa a favor, observam os especialistas da corretora, é que a companhia apresenta uma geração de caixa constante e robusta, com margens bem elevadas, entre 85% e 90%.
Vale (VALE3)
Também no topo da lista de recomendações estão os papéis da Vale. De acordo com Ricardo Peretti, estrategista pessoa física do Santander, a mineradora está bem posicionada no mercado interno, com fluxos de caixa fortes, endividamento controlado e continua a ser uma boa pagadora de dividendos.
Peretti observa ainda que, embora a companhia não seja mais a “top pick” do setor por falta de catalisadores de curto prazo, a casa manteve a recomendação de compra porque o preço do papel está atrativo. Em sua avaliação, com o minério de ferro negociando acima de US$ 100, a tonelada no médio prazo, a mineradora pode anunciar mais dividendos extraordinários ou novos programas de recompra de ações.
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Os analista da Elite Investimentos reforçam o otimismo e destacam que “não há motivos para o investidor de longo prazo se desfazer de suas ações”. Entre as razões, afirmam que a empresa continua com bons fundamentos e em ótima fase financeira. Apesar disso, fica o alerta: como toda empresa de commodities, as cotações seguirão respondendo aos preços do minério de ferro, que podem apresentar volatilidade.
Telefônica (VIVT3)
Na sequência estão as ações da Telefônica, que receberam cinco recomendações. A consolidação no setor de telefonia aliada a uma política forte de dividendos são alguns dos fatores que mais chamaram a atenção dos analistas do BTG Pactual. O banco adicionou os papéis da operadora na carteira recomendada na passagem de janeiro para fevereiro.
Um dos pontos de atenção, no entanto, está nos desembolsos que a empresa pode realizar neste ano. Isso porque, em novembro de 2022, Telefônica, TIM e Claro adquiriram blocos nacionais na faixa mais cobiçada do leilão de 5G, a de 3,5 GHz, ponderam os especialistas.
Isso sem contar as incertezas envolvendo a venda de ativos da Oi Móvel para as concorrentes – entre elas, a Telefônica. Nos últimos dias, foi noticiado que o Ministério Público Federal (MPF) recomendou a reprovação da operação, segundo documento encaminhado ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), devido a “violações à concorrência”.
Leia mais:
• Vivo, Claro e TIM vencem lotes de principal faixa do leilão 5G no país
• Oi (OIBR3): MPF recomenda reprovação de compra da operação móvel por Claro, TIM (TIMS3) e Vivo (VIVT3)
Apesar disso, os analistas do BTG Pactual afirmam que a boa capitalização da empresa em termos de baixo endividamento e forte geração de fluxo de caixa devem ajudá-la a manter a política de distribuição de dividendos.
Nos cálculos dos especialistas do banco, as ações da Telefônica devem apresentar um dividend yield de 5,9% neste ano e de 6,1% em 2023.
Bradesco (BBDC4)
Também com quatro recomendações estão as ações do Bradesco. Após manter as provisões para devedores duvidosos elevadas por um período, a expectativa dos analistas da Elite Investimentos é de que os proventos pagos pelo banco aumentem 2022.
A razão, explicam, é que o dividend yield de 4,8% nos últimos 12 meses é reflexo das restrições ao volume de pagamento de proventos que foram impostas pelo Banco Central em 2020.
“Acreditamos na tese de investimento das ações do Bradesco como uma empresa de caráter defensivo, mas com capacidade de crescimento e com a perspectiva de voltar a ser uma boa pagadora de dividendos”, afirmaram os especialista da casa.
Isa Cteep (TRPL4)
Novamente com quatro recomendações, os papéis da Isa Cteep empataram com vários outros. Devido a uma pressão vendedora que afetou empresas de concessões públicas em janeiro, as ações recuaram 0,62% – um desempenho muito inferior ao do Ibovespa, que subiu quase 7% no mês. Os analistas da XP, no entanto, afirmam que a Cteep, a essa altura, já está “precificada”.
Ou seja: eles veem poucas chances de que haja uma alta ou baixa expressiva nas cotações da Isa Cteep. Para eles, a companhia deve seguir com a prática de destinar, no mínimo, 75% do lucro líquido ao pagamento de dividendos.
Os motivos, afirmam, são a posição de caixa confortável e a resiliência do segmento de transmissão elétrica. Em seus cálculos, a expectativa é que a empresa entregue um dividend yield de 7,7% neste ano.
Vibra Energia (VBBR3)
Também com quatro recomendações estão as ações da Vibra Energia, gigante no setor de distribuição de combustíveis. Os papéis são os preferidos do Santander no segmento, à medida em que as operações da empresa continuam a superar os pares listados, afirma Peretti, especialista da corretora.
Após ter apresentado resultados mais fortes do que esperado no terceiro trimestre, as expectativas dos agentes financeiros para a empresa seguem elevadas. Segundo o analista do Santander, o valuation da Vibra permanece atraente e a companhia avança para criar valor a partir das mudanças causadas pelo processo de transição energética no mercado brasileiro.
Nos cálculos da corretora do Santander, o preço-alvo das ações até o fim do ano é de R$ 31 e a empresa deve oferecer um dividend yield de 6,10% em 2022.
Engie (EGIE3)
Presente pela primeira vez no levantamento do InfoMoney, as ações da Engie receberam quatro recomendações em fevereiro. Os papéis também foram adicionados recentemente na carteira recomendada pelo BTG Pactual.
Em sua justificativa, os analistas do banco destacaram que o risco de racionamento de energia para 2022 é muito baixo, graças às fortes chuvas e à flexibilidade do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) em equilibrar saídas de hidrelétricas e despachos térmicos.
Outro destaque: a entrada oficial da empresa no segmento de transmissão, com a energização do sistema Gralha Azul no Paraná. Segundo os especialistas do banco, isso representa uma nova fonte de diversificação do portfólio operacional, sem contar na possibilidade que a empresa tem de realizar fusões e aquisições com os leilões que estão previstos para o setor neste ano.
Nos cálculos do BTG Pactual, o dividend yield esperado para este ano é de 8,5%. Já no ano que vem, a expectativa é que esse indicador recue e fique em 4,3%.