Dividendos: payout da Itaúsa (ITSA4) deve voltar à média histórica de 40% em 3 anos, diz CEO

Até la, distribuições devem ser próximas do mínimo estatutário de 25% do lucro líquido

Katherine Rivas

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O CEO da Itaúsa (ITSA4), Alfredo Setúbal afirmou que os dividendos distribuídos pela empresa só devem voltar ao patamar histórico de 40% de payout (parcela do lucro destinada ao pagamento de proventos) nos próximos três anos.

Em entrevista coletiva nesta terça-feira (16), o executivo destacou que o atual momento da companhia é uma combinação de crescimento com dividendos. A holding, contudo, deve viver um “vale” de dois a quatro anos em que a distribuição de proventos será menor, próxima ao mínimo estatutário de 25% do lucro líquido.

O motivo, segundo Setúbal, é que as empresas investidas pela holding fora do setor financeiro – como Alpargatas, Dexco, Aegea, NTS e Copa Energia – estão em fase de expansão.

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Ele explicou que a Dexco (antiga Duratex), por exemplo, produtora de painéis de madeira e líder em louças e metais sanitários, tem um plano de investimento de R$ 2,5 bilhões até 2024. Alpargatas, por sua vez, também investiu recentemente R$ 2,5 bilhões na aquisição de 49,9% da Rothy´s, marca digital de calçados sustentáveis nos Estados Unidos.

“Aegea tem investimentos enormes na área de saneamento. NTS tem planos de investimento e CCR também possui compromissos assumidos na concessão de estradas e aeroportos”, comentou. Setúbal citou ainda a Copa Energia, que está em processo de diminuição do endividamento, mas ao mesmo tempo se prepara para entrar no segmento de energia renovável.

Setúbal destacou também os motivos pelos quais o banco Itaú, que responde por 88% do portfólio da Itaúsa, reduziu os dividendos nos últimos anos.

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Em relação a 2020, o executivo citou a restrição que os grandes bancos tinham de pagar acima do mínimo estatutário (25% do lucro líquido) por conta da pandemia. Após esse período, o banco decidiu manter o payout de 25% por conta de investimentos para ampliar a carteira de crédito. Setúbal destacou ainda que em 2018 e 2017, o payout do banco foi atípico, na casa dos 90%, o que não deve voltar a ocorrer no médio prazo.

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A meta é de que com a maturação dos negócios, os dividendos distribuídos pela Itaúsa voltem à média de 40% ou 50% do lucro líquido.

“Imaginamos que a partir do terceiro ano, estes dividendos das empresas não financeiras ganhem relevância e cresçam ano a ano em relação aos dividendos do Itaú”, aponta.

O CEO da holding aproveitou para dar um recado aos acionistas. “Se o investidor está recebendo menos dividendos, por outro lado a companhia está com um ganho patrimonial relevante”, diz.

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Segundo Setúbal, nos últimos anos, o patrimônio líquido da holding saltou de R$ 50 bilhões para R$ 65 bilhões, o que comprovaria que está mais sólida e resiliente, embora com um fluxo de caixa menor.

O executivo defendeu que o dividend yield (taxa de retorno em dividendos) da Itaúsa não é ruim. Embora esteja abaixo do CDI (principal indicador da renda fixa), ainda supera a inflação projetada para os próximos 12 meses, considerando as estimativas compiladas no boletim Focus. Ele projeta que o dividend yield alcance 6,5% a 7% ao ano.

“É um yield bom, mas transitoriamente menor do que foi historicamente”, destacou, ressaltando que não há plano de recompra de ações no curto prazo.

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Atualmente, o valor de mercado da Itaúsa é 23,6% menor que a soma de suas participações, um desconto “exagerado”, na visão de Setúbal, distante do ”normal” de 15% a 20%.

“O desconto vai voltar para patamares mais baixos à medida que os dividendos sejam maiores e o mercado passe a dar mais valor ao portfólio de grandes empresas que temos constituído nos últimos cinco anos”, disse.

Vale lembrar que a estratégia da Itaúsa é distribuir pelo menos os proventos recebidos do Itaú, enquanto os dividendos pagos pelas outras investidas são destinados a custear a holding.

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A companhia paga dividendos trimestrais de R$ 0,02 por ação em janeiro, abril, julho e outubro. Além disso, são distribuídos proventos referentes aos resultados anuais em fevereiro e agosto.

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Itaúsa é ação de valor

Segundo analistas consultados pelo InfoMoney, atualmente a Itaúsa é considerada uma ação de valor, que pode oferecer mais retorno aos investidores no longo prazo do que no curto, com a distribuição de proventos.

Tiago Reis, fundador da Suno Research, não considera Itaúsa uma empresa focada em dividendos, mas o histórico de alocação de capital da companhia histórico é positivo. “Se o investidor busca uma empresa bem administrada, que pode pagar dividendos às vezes ou fazer bons negócios em outras, Itaúsa se encaixa”, diz.

Para Reis, a empresa está descontada e pode ser uma opção para quem busca carregar ações entre cinco e dez anos.

Segundo Victor Martins, analista sênior da Planner Corretora, o Itaú deve permanecer sendo o principal investimento da holding, mas as outras empresas devem gerar caixa e bons retornos no segundo semestre.

Ele cita a melhora do emprego e da renda, o fim do ciclo de aumento de juros e a redução de custo de capital como pontos positivos que devem favorecer a holding em 2023. “Todos esses investimentos procuram gerar valor no longo prazo para os acionistas, além de melhorar a alocação e o retorno do capital, compatibilizando a estratégia de crescimento com a distribuição de dividendos”, afirma.

Na Eleven Financial, Itaúsa também é vista como uma ação de valor. A casa de análise recomenda a compra das ações, com o preço-alvo de R$ 13 até o final de 2023.

Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.